Prefeitura de Salvador entra na Justiça contra paralisação de rodoviários
Capital baiana amanheceu sem 480 ônibus após novo protesto em duas garagens, terceiro em menos de uma semana
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Salvador amanheceu, nesta terça-feira (30), sem 480 ônibus após novo protesto em duas garagens que ficam em Pirajá e Campinas de Pirajá, o terceiro em menos de uma semana. Desde às 4 horas da manhã, os veículos são impedidos de deixar as garagens G1 (OT Trans) e G2 (Plataforma) que atendem 13 bairros da capital baiana e as áreas mais afetadas foram Mussurunga e Águas Claras.
Para tentar minimizar os transtornos da população, a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) entrou com plano de contingência, colocando 185 "amarelinhos" do Sistema de Transporte Complementar para dar suporte. Os primeiros ônibus começaram a sair às 8 horas. O secretário municipal de Mobilidade, Fabrizzio Mullher, afirmou, nesta manhã, que a Prefeitura de Salvador entrou, na noite desta segunda-feira (29), na Justiça para impedir novas paralisações dos rodoviárias.
"Esse tipo de manifestação não pode ser aceita mais. É claro que os rodoviários estão buscando direitos, melhorias, mas isso não pode ser motivo para prejudicar a população, prejudicar as pessoas que precisam sair das suas casas, dos seus trabalhos e irem tocar a sua vida. A prefeitura está buscando todas as formas, inclusive judiciais, para que a gente possa impedir manifestações como essa que tragam prejuízo ao cidadão de Salvador", bradou Muller em entrevista à TV Bahia.
"A Procuradoria já entrou ontem à noite e saiu liminar impedindo que fossem fechados prédios públicos, estações de transbordo, estações de transporte, para que a gente minimize isso. Essa manifestação foi feita nas garagens, então, por isso, a Procuradoria continuará procurando meios para evitar futuras manifestações como essa, como eu disse, trazem muito prejuízo ao cidadão de Salvador", completou o secretário.
Segundo o Sindicato dos Rodoviários, além de protestar contra casos de assédio moral e melhores condições de trabalho, a categoria possui 44 pontos na pauta de reivindicações. Os principais são o reajuste salarial de 4% acima da inflação, o aumento de 10% no tíquete de alimentação (hoje é R$25,84), a cesta básica de R$ 500 e a gratuidade na integração ao metrô (atualmente, o vale-transporte dos rodoviários não são aceitos no sistema estadual).
Segundo Muller, a negociação é entre os rodoviários e as empresas, mas informou que passou esta última segunda dialogando com o sindicato para evitar mais um protesto na cidade, como a que ocorreu na Lapa que parou o trânsito e bloqueou a estação das 11h às 15 horas. Na última quinta-feira (25), o sindicato atrasou em 4 horas a saída dos ônibus da garagem em Campinas de Pirajá, que voltaram a circular apenas por volta das 7h45.
"Essas negociações são privativas entre os funcionários, os sindicados com as concessionárias, os empregadores. A prefeitura não entra diretamente nessa negociação salarial, de benefícios, mas a Prefeitura busca a todo momento, como sempre, intermediar. Ontem eu passei o dia inteiro dialogando com o sindicato, buscando alternativos para que não se chegasse a mais uma manifestação, uma paralisação como essa", pontuou.
Assim com o prefeito Bruno Reis (União Brasil), Fabrizzio repudiou as manifestações e também lembrou a crise no setor em todo o país. Ele lembrou ainda que a Prefeitura, inclusive, aprovou subsídios tarifários na Câmara Municipal de Salvador (CMS) para que custo não fosse repassado no valor das passagens e prejudicasse ainda mais a população.
"Eles têm uma pauta extensa de pedidos, de benefícios, de aumento salarial, e isso está sendo avaliado pelas concessionárias, mas como é sabido por todos, existe hoje uma forte crise no setor de transportes. A Prefeitura vem fazendo aí esforços grandes, pagando parte dessa tarifa, justamente para que a gente consiga manter o sistema equilibrado e funcionando e, principalmente, manter os empregos dos rodoviários e fornecer o serviço público que é essencial que é o transporte público, atender aos usuários", ressaltou o dirigente municipal.
As linhas da G1 (OT Trans) atendem nove bairros: Cajazeiras, Estação Mussurunga, Boca da Mata, Pau da Lima, Sete de Abril, Castelo Branco, Nova Brasília, Jardim Nova Esperança e Jardim das Margaridas. Já as linhas da G2 (Plataforma) atuam em quatro: Conjunto Pirajá, Estação Mussurunga, Marechal Rondon e Fazenda Grande do Retiro.
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