Crítica: Construtiva ou Destrutiva?

A resposta é nenhuma das duas!

Por Jailson Pinheiro*
26/03/2024 às 11h22
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Foto: Divulgação
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Considerando que a crítica é a capacidade de avaliar o que é necessário, as variantes construtiva e destrutiva podem não fazer sentido. Como assim, Jailson? Você quer dizer que não existem esses tipos de crítica?

Acredito que você ainda pode testemunhar, afirmando que já recebeu e presenciou várias críticas destrutivas e algumas construtivas. Também deve estar acostumado a ouvir relatos como: fulano fez uma crítica destrutiva naquela conversa, naquela reunião, naquela aula.

Calma. Meu objetivo é trazer para você um olhar diferente sobre a perspectiva da crítica.

Identifico uma visão equivocada que as pessoas carregam sobre a noção de crítica. E essa visão se divide nessas duas vertentes: a construtiva, que seria uma crítica com o objetivo de ajudar uma pessoa a melhorar e evoluir, e a destrutiva, que se apresentaria com o objetivo de menosprezar e difamar uma pessoa.

É exatamente nesse contexto que desejo alertar que, ao lançarmos uma visão crítica sobre um ser humano, devemos, a partir de agora, evidenciar exclusivamente a ação, o resultado praticado ou obtido por este ser. Aqui a crítica cumpre sua função de avaliar, identificar o que está de acordo com o esperado ou apontar para o que precisa evoluir. Ou seja, a crítica, ao ser aplicada, tem sempre o objetivo de contribuir.

Mas, e a crítica destrutiva? Devo te informar que ela não existe!

Possivelmente, você pode estar indignado com essa afirmação, mas já irei explicar.

Toda vez que alguém tentar usar a crítica de forma pejorativa, ela deixa de ser crítica e passa a assumir outra concepção: a ofensa.

Aqui alcanço meu objetivo central nesse texto. Apresentar a você que não é lógico dividir crítica em construtiva e destrutiva, mas compreender que podemos distinguir crítica de ofensa.

Trago um exemplo simples para ilustrar essa visão: se quero lançar um olhar crítico sobre o trabalho de um fotógrafo, posso descrever: Faltaram detalhes importantes nessas fotografias. Esse enquadramento não ficou bom. Há pouca luminosidade nessas fotos. Se as fotos fossem elaboradas em estúdio, o resultado seria muito melhor.

Porém, percebendo ou não, posso assumir uma postura de ofensa ao tirar o foco do resultado das fotos e direcionar para o ser humano, o fotógrafo, e dizer: ele é muito lerdo. Parece que ele não enxerga que falta luz nesse ambiente. Ele é um estúpido que nem possui um estúdio. Ele é um desastre como fotógrafo.

Deste pequeno exemplo, podemos extrair um importante aprendizado para nossa vida. Quando o foco da minha avaliação, do meu julgamento, das minhas palavras for as características presentes na personalidade de uma pessoa, estarei fadado a praticar uma ofensa.

Quando eu conseguir direcionar meu olhar para os resultados, para as ações de uma pessoa, aí terei a oportunidade de praticar verdadeiramente a função da crítica e orientar adequadamente esse ser humano para que ele tenha a oportunidade de evoluir.

Quando eu, verdadeiramente, pratico a crítica, revelo minha capacidade humana de identificar, perceber pontos de melhoria e orientar quem precisa. Quando ofendo uma pessoa, revelo minha fragilidade, fraqueza, traumas, dores emocionais e minha incapacidade de compreender que todo ser humano é passível de erro, mas também de evolução.

Percebo tudo isso de forma mais evidente ao aplicar meu trabalho na área do desenvolvimento humano em organizações, ou mesmo em minhas ações diretas através da minha Mentoria, ou na Análise Emocional e na Terapia Neurossistêmica.

Quero te agradecer pela leitura desse texto e espero ter contribuído na construção de um novo olhar sobre a crítica.

Aqui deixo a reflexão final: Você tem praticado a crítica ou a ofensa?

 

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Jailson Pinheiro**

Educador, Psicoterapeuta, Neurocientista membro da SBNeC - Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento

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**O conteúdo dos artigos é de responsabilidade dos respectivos autores, não representanto, portanto, a opinião do Portal Muita Informação!