Vixe! Jerônimo viaja e candidato segue indefinido em Salvador. Vazamentos prejudicam Geraldo. E a estratégia de Bruno para eleger aliados em 2024


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Por Osvaldo Lyra e equipe
29/11/2023 às 10h25
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Foto: Arte/Haron Ribeiro
Foto: Arte/Haron Ribeiro

A estratégia de Bruno 

O prefeito Bruno Reis (União Brasil) tem intensificado o ritmo de entregas em Salvador, de olho no fortalecimento do seu projeto de reeleição para o próximo ano. Focado em aumentar sua popularidade e aceitação junto à população, Bruno tem se dedicado também à política. Apesar de falar publicamente que só pensará na campanha em 2024, o prefeito vem se aproximando mais da sua base, distensionando a relação com a bancada na Câmara. 

Prefeito Bruno Reis

Até nove partidos

Além de obras e emendas liberadas, os integrantes de sua base querem saber como o prefeito vai desenhar a montagem dos partidos para abrigar seus aliados no próximo ano. Muitos falam que Bruno precisaria de um Bruno para atuar nessa articulação política, como ele fazia na época de ACM Neto. No entanto, quem acompanha de perto as movimentações diz que o prefeito é o próprio "Bruno do Bruno", definindo estrategicamente como as siglas serão montadas para garantir a ampliação da sua bancada na Câmara. Há quem diga, inclusive, que serão preparados de oito a nove partidos para essa missão. O gestor não quer ver seus vereadores espalhados em 14 siglas, como é hoje. 

Bruno Reis e ACM Neto

A um passo do apoio 

O presidente do PL Bahia, João Roma, admitiu essa semana que a tendência da legenda é apoiar a reeleição do prefeito Bruno Reis, em Salvador. Para ele, o encontro da executiva do partido com o prefeito deixou as portas abertas para isso. De acordo com o ex-ministro, as conversas continuam acontecendo, embora o martelo ainda não tenha sido batido para a aliança na capital baiana. Roma aproveitou para falar das estratégias de fortalecimento do partido para as cidades baianas, de olho na disputa de 2026.

João Roma e Bruno Reis

Ainda sem definição 

A novela para escolha do candidato que representará o grupo do governador Jerônimo Rodrigues, na disputa pela prefeitura de Salvador no próximo ano, segue longe de um final feliz. Como esta coluna vem noticiando há algumas semanas, o protagonismo deste folhetim continua sendo disputado pelo deputado estadual Robinson Almeida, do PT, e pelo vice-governador Geraldo Júnior, do MDB. As deputadas Olívia Santana, do PCdoB, e Lídice da Mata, do PSB, ainda mantêm seus nomes no páreo, mas dificilmente terão fôlego para continuar na disputa. 

Governador Jerônimo Rodrigues

Vazamentos que inviabilizam

Quem conversa com integrantes da alta cúpula do governo consegue entender o motivo do vice-governador Geraldo Júnior ainda não ter se viabilizado. Pelo que se comenta na base, ele peca na estratégia usada de "vazar" informações sobre o processo de construção da sua candidatura. Um exemplo desse movimento aconteceu recentemente, durante o aniversário do secretário estadual Adolfo Loyola, em Guarajuba. Segundo informações obtidas pelo Portal M!, o evento, que era totalmente familiar e restrito, contou com a presença do governador Jerônimo Rodrigues, da primeira-dama Tatiana Veloso, e depois do próprio Geraldinho. No evento, teria sido "batido o martelo" por Geraldo.  

Vice-governador Geraldo Júnior

O temor da foto  

No aniversário, Jerônimo, que inclusive foi convencido a tomar cerveja Amstel, apesar de só gostar de Heineken, reafirmou a predileção por Geraldo. No entanto, já na hora de ir embora, o vice pediu para tirar uma foto com governador e com Éden Valadares, presidente do PT na Bahia, e aí "o bicho pegou", pois nenhum dos presentes queria que a foto e as informações daquele encontro vazassem, como aconteceu. Quem viveu esse capítulo disse que a ação fragilizou Geraldo, que teria, pelo menos aparentemente, a predileção do governador.

Geraldo Júnior e Jerônimo Rodrigues

Militância motivada 

O detalhe é que a plenária realizada pelo PT, com a presença do senador Jaques Wagner, serviu para motivar a militância petista, que passou a brigar com unhas e dentes pela candidatura de Robinson Almeida. Politicamente, o governador é simpático à candidatura do seu partido. Ele entende que os argumentos do PT e dos integrantes da Federação são convincentes, mas ele não sabe o que fazer com seu vice.

Senador Jaques Wagner

Wagner impedido 

Pelo que se comenta no próprio PT, Jerônimo estava planejando colocar a incumbência dessa escolha de Salvador para Wagner. No entanto, com a votação no projeto que limita os poderes do Supremo Tribunal Federal, o senador se viu fragilizado para "impor" sua vontade para a militância e partidos políticos, por ter "ido de encontro ao que prega o PT" em relação ao STF. "Com isso, Wagner não terá como matar no peito" essa decisão, recaindo, assim, a escolha no colo do governador. 

Jaques Wagner e Jerônimo Rodrigues

Decisão após viagem  

Pra completar a dificuldade no grupo governista, Jerônimo embarcou ontem para Dubai, nos Emirados Árabes. Ele vai encontrar o presidente Lula, que vai participar da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 28). Com isso, a decisão sobre a sucessão de Salvador só acontecerá na volta. O governador não teria mesmo como definir esse imbróglio eleitoral antes da viagem internacional, pois causaria um verdadeiro terremoto na sua base política.

Convencimento dos aliados 

Segundo informações quentes vindas da Governadoria, o planejamento atual prevê que, ao chegar de viagem, o governador convoque os dirigentes dos partidos que integram seu conselho político para convencê-los da importância de recuar para apoiar Geraldinho. O PT terá candidaturas fortes, com grandes chances de vencer em cidades como Feira de Santana, Vitória da Conquista, Juazeiro e Camaçari. 

Jerônimo e seu conselho político 

Militância quer candidatura 

Com isso, Jerônimo convenceria os aliados da importância de ceder para seu vice na capital baiana, já que, contempla a estratégia de se fortalecer para 2026, vencendo em cidades grandes na Bahia. O problema é que, quanto mais demora, mais a militância petista toma gosto pela candidatura própria. E olha que tem gente do próprio partido dizendo que Robinson "não empolga".

Robinson Almeida em reunião do PT

Vitória de Bruno 

O que mais chama a atenção, ao se conversar com figuras de proa do governo estadual, é que todos dão como certa a vitória do prefeito Bruno Reis no próximo ano. Com popularidade em alta, o gestor tem uma administração bem avaliada e dinheiro em caixa para continuar tocando obras na cidade. Para muitos petistas, as "manchetes"  pós eleição confirmarão a vitória de Bruno, o que não causaria surpresa. No entanto, haveria um contraponto de que o PT "venceu" em cidades importantes na Bahia, o que fortalece o governador para a sua sucessão. 

Bruno Reis

Meta é repetir votação 

Sobre Salvador, o que o grupo encabeçado pelo PT espera é que o partido alcance os 35% dos votos, mesmo índice de Jerônimo no último ano. "Mais que isso, pode ser considerado uma vitória. Menos que isso, uma derrota", opinou um deputado federal em contato com o Portal M!.

Jerônimo Rodrigues

 Perda de bancadas 

O argumento usado pela bancada de vereadores do PT e do PCdoB na Câmara, e até mesmo pela militância dos partidos, de que uma não candidatura petista impactaria na perda de mandatos no próximo ano, não encontra eco na cúpula, derrubando esse argumento. O entendimento é que as siglas aliadas ao governo estadual deverão sair maiores do que vão entrar na próxima eleição. Até porque o que faz a eleição proporcional ser positiva é a presença de um candidato majoritário que tenha chances de vitória, o que não aconteceu na duas últimas eleições municipais, quando as candidatas foram a então major Denice e, quatro anos antes, a deputada federal Alice Portugal, do PCdoB. 

Deputada Alice Portugal

O erro com Denice 

Outro erro apontado por figurões do governo estadual diz respeito à condução dada para a ex-candidata Denice Santiago, que, logo após a eleição, foi escanteada pela cúpula do governo Rui Costa. O entendimento hoje é que, se Denice tivesse ocupado espaços de poder importantes, ela teria sido eleita deputada federal no último pleito, se tornando um nome factível para a próxima disputa na capital baiana. Mas isso não aconteceu. A ex-dirigente passou a ocupar cargos de terceiro escalão, sendo inviabilizada como nome do grupo para o próximo ano.

Denice Santiago