Saiba como lidar com o luto e entenda suas fases com orientações de especialistas

O Portal M! aborda o complexo processo do luto com dicas de profissionais da área de saúde mental

Por Laerte Santana
02/11/2023 às 10h00
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Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

O Dia de Finados é uma data que vai além de lembranças e homenagens aos que já se foram. É um momento de profunda introspecção, no qual as pessoas se veem diante de questões fundamentais sobre a vida e a morte. Para esta quinta-feira (2), o Portal M! traz análises de especialistas sobre formas de lidar com o luto, como exemplo da psicoterapia, e convida você a refletir aspectos que envolvem essa experiência universal.

Para a psicoterapeuta Eletice Rangel, o luto compreende diversas reações psicológicas que se manifestam em diferentes estágios, incluindo negação e isolamento, raiva, negociação, depressão e aceitação. Ela ressalta que o primeiro ano após a perda é particularmente desafiador, especialmente durante datas comemorativas, como aniversários e o Natal.

"Não há prazo específico para o fim de um luto. Tem pessoas que melhoram em meses e, outras, vivem o luto por anos", reitera Eletice, explicando que vários fatores podem influenciar na duração do luto, como por exemplo o vínculo afetivo com o ente que partiu, as circunstâncias do falecimento e a estrutura emocional do enlutado.

Oferecer apoio emocional e estar presente é uma das maneiras mais significativas de auxiliar aqueles que estão passando pelo processo de luto, como pontua a psicoterapeuta. "Além disso, é muito importante entender que o tempo de permanência nesta condição é muito pessoal. Portanto, deve-se evitar comparações dos processos de luto. É também importante evitar frases que diminuam a dor do outro. O ideal é buscar, de maneira tranquila, incentivar que a pessoa, aos poucos, reserve um tempo para cuidar de si".

A especialista ainda destaca a capacidade humana de enfrentar o luto e encontrar maneiras de continuar a viver, apesar da dor da perda, com o apoio de familiares, amigos e terapeutas. "Descobrir que conseguimos superar uma dor tão grande e darmos continuidade à vida, apesar da ausência, pode ser um grande ganho. Aceitar que a vida nunca mais será a mesma sem aquela pessoa é necessário, mas, diante disso, conseguir dar novos significados e encontrar novos caminhos para continuar vivendo é também uma superação", concluiu.

Psicoterapia no luto

A psicoterapia pode ser uma grande aliada na restauração da autoconfiança no processo do luto. Como explica o psicólogo clínico, Sérgio Manzione, a alternativa ajuda a lidar com a certeza da morte sem ansiedade.

"O que podemos fazer para facilitar esse processo é estar mais conscientes de quem somos e aumentar o autoconhecimento. A partir daí que entra a psicoterapia. Para quem está passando por este momento de luto, é poder restaurar a autoconfiança, ajudando a pensar na morte sem puxar uma culpa. A intervenção profissional vai pegar aquele paciente para poder entender como a pessoa encara o mundo", explicou.

Manzione completa que o luto envolve várias fases, mas não necessariamente uma pessoa passará por todas elas ou permanecerá o mesmo tempo em cada fase. A subjetividade desempenha um papel importante, e a velocidade do enfrentamento do problema depende das crenças individuais.

Segundo o psicólogo, as fases incluem a negação, na qual a pessoa evita a realidade para se proteger do primeiro impacto; a revolta, caracterizada pela sensação de injustiça e raiva; a barganha, onde a pessoa negocia consigo mesma ou com Deus em uma tentativa de evitar a situação; a depressão, marcada por tristeza profunda, isolamento e melancolia; e, por fim, a aceitação, onde a pessoa encontra um caminho para seguir adiante.

"A psicoterapia é um reforço importante. É uma reestruturação para ver a realidade como ela é e não como você gostaria que ela fosse", ressaltou Sérgio.  

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