Psicólogo defende "o perdão" como presente de Natal: "O perdão cura, liberta"

Sérgio Manzione apontou que o Natal é uma festa que margeia seções entre o passado e o presente

Por Nicolas Melo
23/12/2022 às 10h26
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Foto: Reprodução/YouTube
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Véspera da véspera de Natal, 23 de dezembro, e como já dizia a cantora Simone: "Então é Natal e o que você fez? O ano termina e nasce outra vez". Esse talvez seja o único momento do ano em que paramos para refletir sobre o que já passou e o futuro que virá. O período da festa natalina é para uns alegria por reunir pessoas, amigos e familiares, e para outros tristeza e melancolia por lembrar de momentos mais felizes da vida e natais passados.

O psicólogo Sérgio Manzione explicou que o Natal é uma festa que margeia seções entre o passado e o presente, mas que, no final de tudo, o importante é sempre olhar para a frente, independente do que aconteceu. Durante participação no programa Nova Manhã, da rádio nova Brasil FM, comandado pelo editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra, nesta sexta-feira (23), ele defendeu o perdão como presente de Natal.

"O perdão cura, liberta. O Natal é uma festa que junta, para muita gente, esse misto de emoções como angústia, melancolia e também a felicidade. O Natal tem uma característica de lidar com passado e presente ao mesmo tempo, então a pessoa se sente triste e melancólica por lembrar de natais passados em que foram felizes, participando com pessoas que por um motivo ou outro não podem mais estar presentes", disse.

Com dois pesos e duas medidas, a outra face do festejo de final de ano é a felicidade, sentimento este vem junto com a alegria de poder viver o presente junto com aqueles que estão aqui, reunindo família e amigos e de se projetar para o próximo ano.

"Existe esse misto, essa coisa contraditória, o que não tira o brilho da festa como o todo, mas que tem que ser lidada com calma, principalmente por aquelas famílias que estão enlutadas ou as que estão passando por alguma crise financeira ou algum tipo de problema familiar", pontuou o psicólogo, acrescentando:

"Talvez seja um momento para se passar por cima dessas emoções e sentimentos mais ruins e ir para frente, porque o fluxo da vida é para a frente", completou.

Perdão vs justiça

Outro tema abordado pelo especialista foi o 'perdão'. Na essência do Natal, independente da religião, a festa simboliza a esperança, a renovação. Há quem aproveite este momento para desfazer a bagagem de coisas ruins juntadas durante o ano. No entanto, de acordo com Sérgio Manzione, algumas pessoas enfrentam uma dificuldade neste sentido, principalmente quando o assunto é o perdão que, hora ou outra, é confundido com o abandono da justiça. 

"O perdão é um excelente presente de Natal e não custa nada monetariamente, mas às vezes é muito difícil de presentear alguém com perdão, porque ele envolve abrir mão de certos conceitos e crenças. Às vezes as pessoas confundem muito esquecer e perdoar. Esquecer algo que lhe magoou é difícil porque fica marcado, mas compreender o que aconteceu, quais as causas que levaram aquela pessoa a cometer o que fez e uma pergunta interessante a se fazer é perguntar: 'e se eu estivesse no lugar dessa pessoa, será que faria a mesma coisa?'. Normalmente as pessoas dizem que não, mas é preciso analisar sempre dentro do contexto e não fora dele", refletiu o psicólogo.

Em seu entendimento, Manzione disse que o que atrapalha é o sentimento de que a pessoa vai abrir mão da justiça. "A pessoa que perdoa não abre mão da justiça, mas de ser o juiz ou a juiza de uma situação, de julgar a situação e a outra pessoa", falou.

"Um pano de fundo que dificulta é o orgulho de se sentir diferenciada, melhor que as outras. Então, quando ela é alvo de uma ofensa ou traição, ela não se conforma porque acha que aquilo jamais poderia acontecer justamente com ela uma vez que ela faz tudo certo na vida, que segue todos os padrões. Mas a resposta é simples quando se pergunta: 'mas por quê eu? Por que isso acontece comigo? Porque estou sendo injustiçada?'. A resposta é simples: você é uma pessoa, um ser humano comum que erra como todos os outros 8 bilhões que existem no planeta", completou Sérgio.

*Confira a entrevista na íntegra: