Vixe! Pesquisas ao gosto do freguês. Neto não quer salto alto. Os 16 anos e o cansaço do PT. Bolsonaristas saem do armário. E mais, o abandono do DNOCS na Bahia

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Por Osvaldo Lyra e equipe
20/07/2022 às 08h26
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Foto: Arte/Haron Ribeiro
Foto: Arte/Haron Ribeiro

Pesquisas ao gosto do freguês 
"Eleição ganha é eleição com urna aberta". Essa é a máxima de um processo eleitoral. A guerra das pesquisas tem esquentado a fase de pré-campanha e rendido acalorados debates de todos os grupos políticos da Bahia. Sem entrar no mérito dos resultados e dos institutos responsáveis pelas pesquisas divulgadas, quero me ater à análise feita por cada grupo sobre a disputa.

Sem salto alto ou clima de já ganhou
No grupo do ex-prefeito ACM Neto, a aposta é que ele pode vencer a eleição na Bahia já no primeiro turno, salvo algum episódio grave que consiga mudar o rumo da campanha do estado. A avaliação é que o pré-candidato do União Brasil embalou não só na capital. Segundo os deputados ouvidos pela coluna, há "um desejo claro de mudança tomando conta dos quatro cantos da Bahia". E, apesar disso, como o próprio Neto fala, não há espaço para subir no salto, muito menos mergulhar no clima de já ganhou. Os netistas sabem bem que a máxima, de que eleição ganha é eleição com urna aberta, tem efeito prático, sobretudo devido a pesquisas já terem errado feio, prejudicando nomes do grupo. 

ACM Neto

Cenário indefinido 
Ao conversar com apoiadores do pré-candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, a maioria é enfática ao afirmar que a eleição não está definida e que o candidato petista conseguirá crescer e vencer a disputa. Os mais afoitos chegam a "acreditar" numa vitória do seu candidato, embalado pela alta popularidade do governador Rui Costa e do ex-presidente Lula. Tentam enfatizar que o ex-presidente da República terá uma vitória estrondosa no estado e que conseguirá passar 70% a 80% da sua votação para o candidato do PT na Bahia.

Jerônimo Rodrigues

O cansaço e os desgastes do tempo
 O detalhe é que Lula não tem mais a aprovação e apoio dos baianos como já teve um dia. E mais! Por mais que o governador Rui Costa esteja bem avaliado, seu governo marca os 16 anos do Partido dos Trabalhadores no comando dos destinos dos baianos, o que, naturalmente, exige estratégias para minimizar o cansaço e os desgastes do tempo. 

Rui Costa

Histórico indica virada
Outros petistas e seus aliados fazem questão de usar os números das pesquisas das últimas eleições para apostar que o cenário se repetirá na disputa desse ano, beneficiando Jerônimo e sua chapa majoritária, que tem ainda Geraldo Júnior na vice e Otto Alencar ao Senado. Eles lembram que, na eleição de 2006, a 30 dias do pleito o ex-governador  Paulo Souto tinha 48% e Jaques Wagner 31%. Deu Wagner no 1º turno com 53% e Souto com 43%. Já em 2014, também faltando um mês, Paulo Souto tinha 46% e Rui Costa 24%. Deu Rui no 1º turno com 55% e Paulo Souto terminou com 37%. 

Jerônimo e Lula

Bolsonaristas saindo do armário 
Já os bolsonaristas na Bahia têm comemorado o crescimento da candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro. De acordo com alguns apoiadores, muitos baianos estão se atentando para a "importância de evitar que o PT volte a comandar os destinos do país" e isso "tanto na capital como nas cidades do interior". Na verdade, o que tem acontecido é que os eleitores do presidente estão "saindo do armário" e se declarando bolsonaristas. 

Jair Bolsonaro

Roma e a disputa no 2º turno 
Muitos dizem que Bolsonaro terminará a disputa com mais de 30% dos votos do eleitorado e que isso beneficiará seu candidato ao governo baiano, o ex-ministro da Cidadania, João Roma. A aposta, inclusive, é que ele seja o fiel da balança, que possa levar a disputa na Bahia para o segundo turno, fato que não acontece há muito tempo. A expectativa é que o presidente da República mergulhe de cabeça na campanha local, impulsionando seu aliado no estado. Se Roma vai crescer a ponto de levar a disputa para o 2º turno ninguém sabe ainda, mas espera-se que ele termine com, no mínimo, 15% do eleitorado. Aí, só Deus, o tempo e as urnas dirão. A conferir. 

Bolsonaro e João Roma

O toma lá dá cá do PTB 
Pelo que se comenta no PL baiano, o PTB foi mordido pelo toma lá dá cá praticado pelo grupo do ex-prefeito ACM Neto, que garantiu o apoio do partido em troca de espaço na gestão da capital para o presidente da sigla, Gean Prates, mesmo ele já tendo prometido apoio à candidatura de João Roma no estado. Aliado a isso, segundo disseram os liberais, tem o fato de Roma ter sinalizado que iria colocar uma mulher na chapa e não aceitaria uma indicação do PTB. A expectativa, inclusive, é que a ex-vereadora de Salvador, Lorena Brandão, ocupe o posto da vice numa chapa puro sangue, atraindo votos dos conservadores e evangélicos baianos.

Gean Prates

Apelo para sair para federal
A pré-candidata do PL ao Senado, Raíssa Soares, recebeu o apelo de pessoas próximas para que não saísse na disputa pela majoritária esse ano. O entendimento dos apoiadores é que ela teria um mandato de deputada garantido, caso tentasse uma vaga para a Câmara Federal, em Brasília. No entanto, a própria médica teria optado pela senatoria, por entender que agregaria mais na chapa, já que não nutre um projeto pessoal, mas o de fortalecer o bolsonarismo entre os baianos. Em seu lugar, disputará uma vaga para a Câmara Federal o seu marido, o escritor Geraldo Soares.

Raíssa Soares

Com o pé em Brasília 
Irmã do pré-candidato do PT ao governo, Jerônimo Rodrigues, a vereadora de Salvador, Marta Rodrigues, tem percorrido os quatro cantos na Bahia na tentativa de se viabilizar como deputada federal. Além de ter o irmão encabeçando a majoritária, Marta conta com a força dos apoiadores do ex-deputado Nelson Pelegrino, que trocou a política pelo conforto vitalício do Tribunal de Contas. Coloque nessa conta ainda a excelente avaliação pessoal que Marta tem dentro e fora da política. 

Marta Rodrigues

O abandono do DNOCS na Bahia

Informações chegadas à coluna Vixe ontem deram conta de que o DNOCS - Departamento Nacional de Obras Contra as Secas da Bahia - está  acéfalo, "totalmente entregue às moscas no estado". Pelo que foi falado, desde que o ex-diretor Lucas Lobão foi exonerado, o cargo permaneceu vago e segue sem substituto. A informação é que técnicos do Ceará estariam respondendo remotamente pelo órgão. Pra quem não sabe, o DNOCS é um braço importante do governo federal para realização de obras e serviços nos estados. 

Recursos vindo de emendas 
A principal fonte de recursos do departamento vem das emendas parlamentares, que são revertidas em obras e ações para a população e para o setor produtivo. Há um vácuo imenso. O lamento é que essa vacância deixa o estado sem acesso a intervenções importantes, que foram garantidas nas articulações políticas de Brasília. Diferente do DNOCS, a Codevasf está no topo da preferência dos deputados para a execução de emendas do orçamento da União. "Falta uma política pública seria e eficiente para a seca", como bradou um parlamentar da Bahia.