Presidente da Abrasel discorda da cobrança do passaporte da vacinação em bares e restaurantes

 Leandro Menezes diz que medida não ajuda a conter a disseminação da Covid-19

Por Tiago Lemos
13/01/2022 às 17h25
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Foto: Rita Barreto / Bahiatursa
Foto: Rita Barreto / Bahiatursa

Presidente da seccional baiana da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Leandro Menezes, discorda do novo decreto do governo do Estado que obriga as pessoas a apresentarem passaporte de vacinação para entrar em bares e restaurantes na Bahia.

Em conversa com o Portal M!, ele chamou a medida de "inócua, injusta e totalmente desproporcional ao cenário da pandemia" de Covid-19.

"Ela causa uma falsa sensação de segurança, por parecer que ajuda a conter a contaminação do vírus. Já é de conhecimento de todos, que mesmos os vacinados, podem contaminar e ser contaminados", disse.

Ele complementa: "O governo precisa realizar ações mais efetivas: como realizar campanhas de vacinação nas escolas e faculdades, incentivar a obediência aos protocolos já estabelecidos, e estimular que pessoas que estiverem com sintomas, se isolem e procurem orientação médica". 

O presidente da Abrasel-Ba acredita que o passaporte vai espantar o público. "Sem dúvidas! Já está causando muita confusão e causando prejuízo aos bares e restaurantes, que tanto sofrem desde o início da pandemia. Muitos restaurantes tiveram cancelamentos de reservas, tiveram que recusar clientes, pois há enorme dificuldade de acesso ao Connect SUS, e muitas informações estão desatualizadas. E esse problema já era de conhecimento do governo do Estado", detalhou.

O controle será de responsabilidade de cada bar e restaurante. "A obrigatoriedade é de realizar a cobrança do passaporte, e cada estabelecimento definirá como colocará em prática, seguindo suas características", disse. 

Leandro Menezes complementa que os bares e restaurantes vivem uma grande crise, estão com equipes bem reduzidas, e sem condições de contratar uma pessoa para realizar apenas essa atividade.

"Nesses primeiros dias os garçons estão perdendo até 10 minutos com cada cliente para conseguir orientar e conferir o passaporte. E essa demora atrapalha toda operação causando insatisfação dos clientes", falou. 

De acordo com o presidente da seccional baiana da Abrasel, os micro e pequenos empreendedores sofrem ainda mais com o decreto.

"Essa medida fica ainda mais difícil de ser realizada. Outro ponto importante é que já temos relatos de empresários e colaboradores sofrendo agressões verbais por cumprir esta exigência. E essa situação poderá seguir facilmente para uma agressão física. O governo não disse como vai amparar os trabalhadores que estarão exercendo esta função. Seremos largados à própria sorte mais uma vez?", questionou Menezes.