Presidente da Abav-BA diz que critérios para financiamento ao turismo estão fora da realidade

Ângela Carvalho rebate a posição do ministro Gilson Machado e reclama do excesso de burocracia e dos juros altos

Por Francisco Artur
07/06/2021 às 19h15
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Foto: Secom/PMS
Foto: Secom/PMS

A presidente da seção Bahia da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav-BA), Ângela Carvalho, afirmou que os critérios para a participação de empresas de turismo nos programas federais de empréstimo e financiamento não consideram o realidade de crise econômica por que passa a maioria das iniciativas de turismo, desde o início da pandemia de Covid-19.

"Diante da crise provocada pela pandemia, algumas empresas ligadas ao turismo ficaram com débitos de impostos ou com questões no Serasa. Então, como apresentar uma certidão negativa ao banco para conseguir o empréstimo? Não tem como, os critérios estão fora da realidade", explicou Ângela. 

"Para exemplificar a situação, vamos pensar que a empresa é um paciente na emergência de um hospital, à espera do atendimento. Diante da gravidade, os médicos vão atendê-lo imediatamente, mesmo antes de checar o plano de saúde, por exemplo. O caso das empresas de turismo é o mesmo. É necessário que o financiamento ocorra, pois é uma emergência", acrescentou. 

Entre as iniciativas de financiamento comentadas pela representante das agências de viagem no estado, estão o Fundo Geral do Turismo (Fungetur) e o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).

Para o primeiro, de acordo com o ministro do Turismo, Gilson Machado, a pasta repassou R$ 1,2 bilhão, enquanto ao Pronampe, o governo destinará R$ 5 bilhões neste ano para viabilizar o empréstimo às pequenas e médias empresas.  

Além da revisão de critérios para liberar financiamento nesses programas, a presidente da Abav destaca ser necessária uma mudança na política de juros no empréstimo à empresa requerente. 

"Além da burocracia, os juros são altos [6% + taxa Selic]. Liberaram os recursos mas esqueceram de atualizar os burocráticos procedimentos bancários para um estado de emergência", protestou.

As projeções da taxa de juros do Banco Central para este ano, na avaliação de analistas do mercado financeiro, é de 5,5% - o que, na avaliação de  Ângela Carvalho, estaria "fora de contexto". 


Redução de danos

Enquanto não houver um cenário de recuperação econômica com a possível volta do turismo, as agências ligadas ao setor tentam amenizar a crise para manter o funcionamento da empresa e alguns empregos. 

Segundo dados da Abav, até o início da crise sanitária, em março do ano passado, havia cerca de 450 agências de turismo na Bahia. Atualmente, conta a presidente da entidade, "as que continuaram abertas estão no home office e com poucos funcionários".

 

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