"O fato é que hoje o Brasil inteiro está exposto", diz Wilson Mendes sobre vazamento de dados

Mais de meio milhão de celulares corporativos tiveram dados pessoais vazados por ataque hacker

Por Flávio Gomes
11/02/2021 às 12h47
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Foto: Divulgação
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Mais de meio milhão de celulares corporativos que circulam perdidos na internet tiveram uma pequena parte dos seus dados publicados por um hacker.

Segundo informações do Estadão, entre as linhas de pessoa jurídica disponibilizadas, o hacker classificou 366.770 como números da operadora Vivo. Outros 12.123 números estão classificados como números da TIM. O restante não está classificado. Todos os números telefônicos estavam associados aos números de CNPJ das empresas.

Ainda segundo o Estadão a empresa de segurança Syhunt identificou que dos 40 milhões de CNPJs corrigidos, 28 milhões têm à venda números de celulares corporativos de seus funcionários. No total, a Syhunt estima que o hacker tenha em mãos cerca de 200 GB de informações referentes a pessoas jurídicas.

Procurado pelo Portal M!, o cientista de dados e criptoanalista, Wilson Mendes disse que, "existem mecanismos para circular informação sem ser identificado. Você não fica anônimo, mas não é identificado" a exemplo da rede torrent e do megaupload, se tratando da suface web, diferentemente de onde os dados estão sendo comercializados através de criptomoedas , na deep web, uma outra rede que torna a identificação , se tratando de um profissional, impossível.

"Tudo isso que está vindo à tona, já acontecia, por exemplo, há seis anos atrás com o comercio de dados de forma explicita,  na Santa Efigênia em São Paulo, os camelôs vendiam, DVD e Pen drives contendo informações que tinham origem, pelas similaridades dos dados, declarações de impostos, não estou afirmando e apenas replicando, que estes dados poderiam ter sido extraídos da Receita Federal", pontuou.

Em nota, as operadoras Vivo e Tim reiteram a "transparência na relação com os seus clientes e ressalta que não teve incidente de vazamento de dados e reforçamos ainda que prezamos pela segurança de dados, com as melhores práticas em cibersegurança".

Sobre as proteções explanadas pelas as operadoras, Wilson ressaltou que "fica difícil cercar e saber de onde vem o vazamento. O fato é que hoje o Brasil inteiro está exposto. Não só este vazamento nas operadoras, como também houve, há 15 dias, o mega vazamento de dados contendo financiamento, cartão de crédito, endereço, titulo de eleitor, RG,CPF, contas bancárias, placa de carro..."

"Esses dados em que tanto falamos e nos preocupamos estão nas operadoras, nas academias contendo dados biométricos, nos planos de saúde, repartições públicas, espalhados em várias outras segmentos socias no qual o usuário não tem controle. Quanto mais bem posicionado socialmente essa pessoa for, mais caro esse dado será", finalizou.