Presidente do Irã responsabiliza Israel por assassinato de cientista

Hassan Rouhani acusou país vizinho de agir como "mercenário" dos Estados Unidos, enquanto líder supremo Ali Khamenei ordenou a punição dos autores intelectuais do crime

Por Redação
28/11/2020 às 11h20
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Foto: Reprodução/Voice of America
Foto: Reprodução/Voice of America

O presidente do Irã, Hassan Rouhani, responsabilizou Israel, neste sábado (28), pelo assassinato do principal cientista por trás do projeto nuclear iraniano e acusou o país de agir como um "mercenário" dos Estados Unidos.

"Mais uma vez, as mãos malignas da arrogância global, com o regime usurpador como um mercenário, foram manchadas com o sangue de um filho desta nação", disse Rouhani, em um comunicado postado em seu site oficial, referindo-se ao assassinato do cientista Mohsen Fakhrizadeh. O Irã geralmente usa o termo "arrogância global" para se referir aos Estados Unidos.

Mohsen Fakhrizadeh foi morto na sexta-feira (27), em Damavand, na província de Terrã. Segundo o Ministério da Defesa do Irã, ele estava em um carro quando foi baleado. Testemunhas afirmam ter ouvido o barulho de uma explosão e, em seguida, o som de rajadas de metralhadoras.

Já o líder supremo Ali Khamenei ordenou que as autoridades do país punissem os autores intelectuais do assassinato.

Em mensagem publicada em seu site oficial, o aiatolá informou aos diversos órgãos do poder do país que há "dois temas importantes que devem ser colocados na agenda".

"Em primeiro lugar, a investigação deste crime e a punição definitiva dos seus autores e de quem o ordenou; e, em segundo lugar, o acompanhamento dos esforços científicos e técnicos do mártir em todas as áreas em que atuou", disse.

Anteriormente, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif, postou mensagem na qual afirmou que o assassinato foi "uma covardia" e um ato terrorista, e acrescentou que há "sérias indicações do papel israelense".

"Terroristas assassinaram um eminente cientista iraniano. Esta covardia - com sérias indicações do papel israelense - mostra uma guerra desesperada contra os perpetradores. O Irã apela à comunidade internacional - e especialmente à UE [União Europeia] - para acabar com seus vergonhosos padrões duplos e condenar este ato de terror de Estado", escreveu Zarif.

Segundo o jornal The New York Times, o cientista era um dos maiores alvos da Mossad, o serviço de inteligência israelense.

O porta-voz do gabinete do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que ele não comentaria a morte de Fakhrizadeh.

 

Armas nucleares

Fakhrizadeh era considerado o principal nome dos programas secretos iranianos para projetar uma ogiva atômica pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos e de Israel e trabalhou no programa de armas nucleares do Irã por duas décadas, até que este foi oficialmente interrompido no começo dos anos 2000.

Há suspeitas, porém, de que ele continuou envolvido em planos secretos depois disso.

De acordo com a Associated Press, Fakhrizadeh liderou o chamado programa "Amad" ("Esperança") do Irã. Israel e o Ocidente alegaram que se tratava de uma operação militar visando a viabilidade de construir uma arma nuclear no Irã. Teerã, há muito tempo, sustenta que seu programa nuclear é pacífico.

A Agência Internacional de Energia Atômica diz que o Irã "realizou atividades relevantes para o desenvolvimento de um dispositivo explosivo nuclear" em um "programa estruturado" até o final de 2003.

Este seria o programa Amad, que incluiu o trabalho em altos explosivos cuidadosamente cronometrados necessários para detonar uma bomba nuclear.

 

* Com informações do Portal G1.