"Não há dúvidas de que o prejuízo das escolas públicas será muito maior do que o das privadas", diz presidente do Conselho Estadual de Educação

Estratégias de ensino remoto têm limitações e não atendem a todas as crianças e jovens brasileiros da rede pública de ensino

Por Flávio Gomes
26/11/2020 às 17h43
  • Compartilhe
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Em todo o mundo, nove em cada 10 estudantes estão temporariamente fora da escola em resposta à pandemia do novo coronavírus, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).

No Brasil, muitas redes de ensino buscaram soluções nos recursos digitais de aprendizagem. Mas, as estratégias de ensino remoto, por mais importantes que sejam no atual contexto, têm limitações e não atendem a todas as crianças e jovens brasileiros da mesma maneira, como apontou a nota técnica "Ensino a distância na Educação Básica frente à pandemia da Covid-19", do Todos Pela Educação, divulgada no dia 7 de abril.

E o problema sócio econômico do país atinge o segmento educacional apontando uma diferença estrutural entre as redes pública e privada. Para o educador Paulo Nacif, presidente do Conselho Estadual de Educação da Bahia, essa diferenciação trará mais prejuízo para a rede pública de ensino.

"Não há dúvidas de que o prejuízo das escolas públicas será muito maior do que o das escolas privadas, e isso mostra o imenso poço socioeconômico cultural que é o Brasil", disse ao editor-chefe do Portal M! e colunista do jornal A Tarde, Osvaldo Lyra. 

Ainda segundo ele, "foi basicamente isso que levou a um entendimento do Conselho de que a gente precisava flexibilizar as possibilidades. Porque veja, o dono de uma escola privada domina o ecossistema de 500, 2.000 alunos, no máximo... Entre 300, 1.000, 1.500 alunos. E ali ele tem controle social, ele tem integração com a família, ele tem mais facilidade de integração com a família. Você tem uma homogeneização maior sociocultural", disse.

"No caso da rede pública, a variação é muito grande, você não pode fazer essa diferenciação. Então, a gente entende e eu concordo plenamente com a decisão do coordenador e do secretário, que foi de suspender as atividades e voltar mais à frente", afirmou.