Ambulantes reclamam de tratamento dado pela Prefeitura de Feira de Santana e que estão sendo expulsos de locais de trabalho

Informais se queixam de que estão obrigados a se instalar em shopping popular que ainda não teria ficado pronto

Por Yuri Abreu
22/08/2020 às 10h39
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Foto: Reprodução/Google Street View
Foto: Reprodução/Google Street View

Ambulantes e camelôs do centro de Feira de Santana, município do centro-norte baiano, tem vivido dias de apreensão pelo fato de, segundo eles, estarem sendo expulsos, pela gestão municipal, dos respectivos locais de trabalho e sem saber para onde ir.

A expectativa é a de que eles fossem alocados em um shopping popular que está sendo construído também no centro da cidade. Porém, o empreendimento não deve ficar pronto nos próximos dias, o que tem gerado mais insegurança entre os trabalhadores informais da cidade.

Uma delas é Adélia de Jesus, de 51 anos, que há 31 trabalha como ambulante na Rua Sales Barbosa. De acordo com ela, a Prefeitura teria determinado a saída dos trabalhadores da região já neste sábado (22) e que os mesmos teriam sido orientados a se instalar no shopping popular, que ainda não estaria pronto para recebê-los.

"Qualquer chuva que dá alaga tudo. Eu mesma, que vendo confecções, se cair uma chuva pode molhar a nossa mercadoria. Eles querem nos botar lá de qualquer maneira", disse. Adélia. "Nós passamos quatro meses sem trabalhar e gastamos nosso capital de giro. Sou mãe de dois filhos e não sei como vou sustentar eles se tiver como sair daqui", desabafou.

Nas redes sociais, tem circulado vídeos de ações de agentes públicos de Feira  realizando obras em outras regiões do centro da cidade, como na Rua Marechal Deodoro, ou demolições de barracas na Praça Dom Pedro II, mais conhecida como Praça dos Nordestinos. Isso qualquer aviso prévio, segundo os informais, por parte da Prefeitura de Feira de Santana.

O que mais chama a atenção nessa questão é o fato de, segundo os ambulantes e comerciantes, a própria gestão municipal estar descumprindo a Portaria 003/2020, que dispõe sobre o "Adiamento das Ações de Transferência de Ambulantes" para o shopping popular.

Considerando diversos decretos municipais relativos a pandemia de covid-19, a norma - publicada no Diário Oficial do Município de Feira de Santana, no dia 1º de abril deste ano - determinou o adiamento do processo até que fosse "sanado o estado de Calamidade Pública de Saúde decorrente do Coronavírus (Covid-19)".

Além disso, o artigo 2º da portaria informa que a nova data será apresentada conforme os indicadores de saíde e do plano de metas das obras do novo centro comercial. "Tem uma ação que diz que a gente não pode sair até 31 de dezembro. Está arriscado ao comércio fechar de novo, uma vez que casos de covid-19 estão aumentando em Feira", afirma Adélia, ao se referir à Portaria municipal.

 

Fake news?

Procurada pela reportagem do Portal M!, a assessoria de comunicação da Prefeitura de Feira de Santana informou que, conforme apurado pela gestão municipal, alguns cabos eleitorais e pré-candidatos a vereador estão disseminando informações falsas na internet. Neste sentido eles têm compartilhado imagens descontextualizadas nas redes sociais.

Por nota, a administração feirense explicou que a Secretaria de Trabalho, Turismo e Desenvolvimento Econômico, até o momento, removeu cinco barracas, sendo que o comunicado foi feito com 15 dias de antecedência e que o processo está sendo feito de forma pacífica e em consenso com os ambulantes.

"A Prefeitura está disponibilizando o transporte dos itens, mobiliario e mercadorias dos ambulantes para os boxes que serão ocupados no Centro Comercial Popular", disse a Prefeitura de Feira de Santana.

Já quanto ao remanejamento dos comerciantes, a administração explicou que cerca de 1.800 ambulantes cadastrados deixarão as ruas de Feira de Santana e passarão a dispor da infraestrutura.

Com relação as obras na Marechal Deodoro e na Praça do Nordestino, a gestão municipal informou que as intervenções fazem parte do projeto Novo Centro, iniciativa da Prefeitura que resultará na revitalização de todo o centro comercial da cidade.

"Nos últimos anos, foram realizadas várias audiências publicas, com participação do Ministério Publico, entidades de classe, etc, sobre o projeto do Shopping Popular, que consiste na retirada dos ambulantes do centro da cidade", finalizou a nota da Prefeitura de Feira de Santana.