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Após fala machista de Átila do Congo, vereadoras se unem e reagem na Câmara Municipal

Vereadoras reagem e apontam machismo em fala de Átila do Congo na Câmara Municipal
Durante a sessão, Átila também chamou de "irresponsáveis" as mulheres que supostamente mentem sobre agressões sofridas

A última sessão do semestre da Câmara Municipal de Salvador (CMS), realizada nesta quarta-feira (19), foi marcada por acusações de machismo e misoginia contra o vereador Átila do Congo (PMB). Durante a sessão, Átila reagiu a um desabafo da vereadora Laina Crisóstomo (PSOL), do mandato coletivo Pretas por Salvador, que pedia respeito às mulheres, e afirmou existir “vitimismo” e apontou que os valores estão “deturpados”.

“Vamos parar com esse vitimismo aqui e querer demonizar essa Casa, com esse argumento de fachada de machismo. Aqui não há machismo, o que tem que ter aqui é igualdade. Isso é um alerta para que nós homens comecem a abrir os olhos, porque eu estou vendo muita cobrança de direitos, nos demonizando e enquanto isso estão encarcerando pais de famílias inocentes, sem direito à defesa e ao contraditório. Vamos ter igualdade em todas as áreas, inclusive, para entrar em esgotos, para construir parede e por aí vai”, disse Átila.

A fala foi rapidamente repreendida pela vereadora Marcele Moraes (União Brasil), que apontou a existência de machismo na fala do edil. “Eu quero saber quando uma mulher tem privilégio dentro de uma Casa onde ela é minoria? Eu quero saber aonde é que a mulher tem privilégio, onde o secretaria ela é minoria? Onde nos espaços de poder ela é minoria? É muito triste ouvir falas machistas como essas, ouvir que existem pais de família sendo julgados e sentenciados e nem sequer serem ouvidos. Esses tais pais de família foram estupradores, agressores, violentaram diversas mulheres. Até quando a gente vai se calar para a violência dentro desta Casa?”, indagou a vereadora.

A parlamentar também pediu respeito às mulheres presentes na Câmara Municipal. “Tenha respeito às mulheres que foram violentadas, e se os tais pais de família estão presos, é porque foram dignos de estarem presos por cometerem crimes de agressão, estupros e outras coisas mais”, apontou.

Após a declaração de Marcele, o vereador Átila voltou a pedir questão de ordem e chamou de “irresponsáveis”, as mulheres que “chegam na delegacia, fazendo acusações falsas”. “Mais um palco, mais outro vitimismo, o que está acontecendo no nosso país, deturpando o que falei aqui”, disse. Em outro momento, o vereador afirmou que o posicionamento de Marcele só ocorreu por se tratar de “ano eleitoral”, e representaria uma tentativa da vereadora “angariar votos”.

“Vossa excelência quer palanque e mídia, pra ver se angaria votos, e talvez seja o modo que vossa excelência acha que vai chegar a conduzir a vitória das eleições. E quando disse sim, que vários homens, pais de famílias estão sendo condenados, sim, porque mulheres irresponsáveis, que chegam na delegacia, fazendo acusações falsas, como já foi provado, porque sim, há violência dentro lar, e a violência é punida, eu não disse que não”, rebateu Átila.

Debate

A segunda fala do vereador também foi repudiada durante a sessão. A vereadora Débora Santana (PDT) defendeu que as mulheres devem ocupar os espaços e serem respeitadas. “E cada mulher que for procurar a delegacia não é o trabalho nosso, é o trabalho da polícia, da situação que vai colher. Então quem decide quem é culpado ou quem é inocente não somos nós, mas a mulher que tá indo, com certeza, ela foi vítima de alguma violência. Quem vos fala foi uma mulher que durante 10 anos sofreu violência doméstica, que durante 10 anos passou o pão que o diabo amassou na mão de um homem. Sei o que é ser enforcada, ser queimada, sei o que é ser maltratada, mas graças a Deus, Deus me trouxe até aqui e, hoje eu posso, sim, defender a mulher da opressão e dos opressores que hoje tentam calar a voz da mulher”.

Quem também se manifestou foi a vereadora Ireuda Silva (Republicanos). Em um discurso forte, ela questionou se o vereador estaria presente no momento das agressões, para classificá-las como “infundadas”. “Eu quero uma resposta dele, porque como homem se prestar a uma fala como essa. O senhor tem aqui uma mulher, que hoje está aqui equilibrada porque Deus é Deus. Eu fui criada dentro de um ambiente onde meu pai apontava na cabeça da minha mãe, todos os dias, um 38. E ela não ia lá falar, justamente por causa de homens como o senhor. Machistas que desacreditam daquilo que nós passamos nos nossos ambientes fechados. Quando o senhor falar sobre mulher, o senhor tem que menstruar para entender o que nós representamos”, desabafou.

Já a vereadora Roberta Caires (PDT) afirmou ter ficado “muito claro” o posicionamento do vereador, tendo deixado evidente o que “pensa sobre as mulheres e o que pensa sobre a justiça”. Na sequência, ela também questionou a falta de posicionamento, até aquele momento, dos vereadores homens presentes na sessão. “Eu gostaria de chamar a atenção dos 34 outros vereadores homens que estão aqui e até agora e nenhum se manifestou em relação à sua fala, ou há uma conivência”, questionou.

Em seguida, a vereadora Cris Correia (PSDB) chamou atenção para a existência de uma “violência política” na Câmara Municipal. “Todas as vezes que vamos defender os nossos direitos somos atacadas dizendo ‘não venha com esse vitimismo, fazer cena ou teatro’. Neste ano, nós apresentamos um projeto para a criação da bancada feminina nesta Casa e o presidente nos garantiu que botaria em votação, mas o vereador Átila do Congo foi um dos que votaram contra o nosso projeto. Ele e alguns”, apontou Cris.

Presente na sessão, a vereadora Marta Rodrigues (PT) defendeu que, ao retorno das sessões, após o recesso, seja promovido uma sessão dedicada ao letramento dos vereadores homens. “É assim que a gente constrói a democracia, é assim que a gente constrói a história. Não dá pra gente estar vivendo a agressão. Eu estou muito assustada nessas eleições, porque na anterior, o número altíssimo de violência política de gênero, e nessa pode aumentar, como nós já estamos vendo. Então, minha solidariedade à Laina, à Marcele, a todas as nossas mulheres. Marcele passou muito por violência política de gênero, quando estava na secretaria. Então, neste momento, a gente vive em solidariedade. E não é só da boca pra fora, é de verdade. Então, não existe democracia sem a luta das mulheres”.

Muniz convida mulheres para Mesa

Em resposta ao episódio, o presidente Carlos Muniz (PSDB) convidou as vereadoras para compor a mesa dos trabalhos e passou a presidência da sessão para a vereadora Ireuda. Sobre a fala de Átila, Muniz questionou o fato do edil ser presidente estadual do Partido da Mulher Brasileira (PMB). “Átila, Vossa Excelência que é presidente do partido da Mulher Brasileira, eu achava que Vossa Excelência, por ser presidente, defendia a causa das mulheres”.

Foto: Antônio Queirós/Câmara Municipal de Salvador

A fala foi sucedida de muitas discussões envolvendo o vereador Átila e a vereadora Laina, ao passo em que o presidente Muniz convocou o retorno da votações dos projetos em pauta na Câmara Municipal. Entre as parlamentares presentes, somente a vereadora Cátia Rodrigues (União Brasil) não se manifestou.

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Antônio Queirós/Câmara Municipal de Salvador
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