A cinco meses das eleições presidenciais, o governo federal promoveu novamente uma ação atípica e usou na noite deste domingo (8) cadeia nacional de TV e rádio para que a primeira-dama Michelle Bolsonaro e a ministra da Mulher, Cristiane Rodrigues Britto, falassem sobre o Dia das Mães, por quase cinco minutos.
Na TV, a esposa do presidente Jair Bolsonaro (PL) e a titular da pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos fizeram considerações sobre o que é ser mãe, além de citarem programas do governo direcionados às mulheres.
“Por conhecer os desafios da maternidade, temos o compromisso de cuidar das mães do nosso país”, disse Michelle no vídeo.
O uso de cadeia de TV e rádio para esse fim jamais foi adotado pela gestão Bolsonaro nos três anos anteriores, em 2019, 2020 e 2021. Além disso, a prática destoa das regras divulgadas pelo próprio governo federal para utilização do expediente.
Segundo a norma do Planalto, “a formação de rede nacional de rádio e televisão [existe] para atender à solicitação de transmissão de pronunciamentos dos chefes dos três Poderes da República e, eventualmente, para transmissão de comunicados de ministros de Estado em temas de relevância e interesse nacionais, como campanhas de vacinação para evitar epidemias”.
Michelle, que coordena o programa Pátria Voluntária, encerrou o vídeo dizendo abraçar “cada mãe desse Brasil [.], todas as mães heroínas deste país”.
Cinco ministros que deixaram seus cargos em 31 de março para disputar as eleições de outubro convocaram cadeia nacional de rádio e TV neste ano para fazerem pronunciamentos.
Nas aparições, eles misturaram anúncio de supostas ações federais a autoelogios, exaltação ao governo e à figura Bolsonaro, além de críticas a adversários.
Damares Alves, até então titular do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, foi uma das auxiliares do presidente que recorreram à estratégia de exibição. Filiada ao Republicanos, ela agora é pré-candidata ao Senado pelo Distrito Federal.
A avaliação do núcleo que define a estratégia eleitoral do mandatário é a de que a companheira do presidente é carismática e pode ajudar a humanizar a imagem do chefe do Executivo, que conta com rejeição maior entre as mulheres, segundo as pesquisas eleitorais.
*Com informações da Folha