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Pesquisa: classe D e E são as principais vítimas das casas de apostas no Brasil

Classes D e E as principais vitimas das casas de apostas
Estudo aponta que apostas esportivas comprometem até 1,98% da renda das classes D e E, superando gastos essenciais e agravando endividamento

Segundo uma pesquisa realizada pela PwC Strategy& do Brasil Consultoria Empresarial Ltda, e divulgada pela Agência Brasil, as pessoas com o menor poder aquisitivo, classificadas como pertencentes as classes socioeconômicas D e E, são as mais afetadas negativamente pelas casas de apostas (Bets). Segundo a avaliação, os gastos com as casas de apostas superam as despesas fundamentais para sobrevivência.  

Gerson Charchat, sócio e líder da Strategy& do Brasil, contou que as apostas esportivas já superam “outros tipos de despesas discricionárias, como lazer, cultura e produtos pessoais, e até mesmo estão começando a impactar o orçamento destinado à alimentação”. Ele ressaltou ainda que esses desvios dos recursos afetam a dinâmica econômica de forma geral. 

Desde que as plataformas de apostas foram aprovadas, durante o governo do ex-presidente Michel Temer, os gastos com as bets tiveram um aumento de 419%. Em 2018, as classes D e E gastavam em torno de 0,27% de sua renda com apostas. Este número subiu para 1,98% em menos de 5 anos, enquanto os gastos com lazer e cultura só diminuíram. Charchat ressaltou que o aumento dos gastos com apostas acontece em maior número entre os jovens dessas classes sociais. 

“O fenômeno pode gerar, inclusive, um aumento no endividamento entre a população de baixa renda, o que pode trazer impactos negativos para o crescimento econômico do país” contou o líder da Strategy& do Brasil em entrevista para a Agência Brasil. A avaliação da empresa apurou dados entre 2022 e 2024, e apontou que, por causa das apostas, um quinto dos brasileiros não consegue pagar suas contas integralmente todos os meses. 

Renda comprometida

A Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) realizou um levantamento de dados, onde afirmou que 64% dos usuários das plataformas de apostas comprometem suas rendas com as apostas, deixando de comprar roupas, itens de mercado e até medicamentos para “investir” nas Bets. 

Para a economista Ione Amorim, do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec), o problema com as casas de apostas vai muito além do que só financeiro, causando danos sociais e impactando a saúde mental. “Hoje a gente já tem uma realidade de suicídio, de destruição de lares, de endividamento, de pessoas que já perderam o emprego porque já envolveram tudo que tinham. De doenças mentais extremamente graves por conta dessas dependências, que leva a outra, quer dizer: a pessoa se endividou, e se perdeu, vai do jogo para o álcool, do álcool para as drogas e para o suicídio”

Amorim conta que a falta de educação financeira para as pessoas de mais baixo nível é o principal fator que as coloca como os principais vítimas das casas de apostas, gastando mais de suas rendas, levando a um maior endividamento.

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Joédson Alves / Agência Brasil