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É preciso barrar o machismo que continua matando as mulheres

Segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 1.463 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil em 2023

“Eu não podia usar um batom, não podia cortar o cabelo e ainda era espancada. E quando consegui separar ele não aceitou pagar a pensão dos nossos filhos, tive que acionar a justiça”. Este é apenas um dos vários depoimentos que presencio cotidianamente durante os encontros e debates que participo para levar orientações e discutir a violência contra a mulher em diversos espaços da nossa sociedade.

São depoimentos estarrecedores, que continuam a nos impressionar em pleno século 21 e que fazem parte do dia a dia de mulheres Brasil a fora. Situações que avançam e ultrapassam níveis cruéis de violência chegando a assassinatos. Como comprovam as últimas pesquisas do boletim Elas Vivem, da rede de Observatório da Segurança, que apontam que a cada 15 horas uma mulher é vítima de feminicídio no Brasil por companheiros e ex-companheiros.

Outro levantamento, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontou que 1.463 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil em 2023, maior índice desde que o crime foi tipificado, em 2015. Houve também aumento de 14,9% nos casos de estupro contra meninas e mulheres, chegando a 34 mil casos. Número que corresponde a uma ocorrência a cada 8 minutos.

Aqui cabe chamar a atenção para a situação das mulheres negras. Elas, que já convivem com o racismo nos diversos âmbitos da sociedade, seja ele institucional ou social, são as maiores vítimas quando o assunto é violência e representam 67,4% das mortes por femicídio no país, conforme pesquisa do IPEA.

 

Para além da violência física, precisamos discutir os danos psicológicos que acometem a vida de mulheres vítimas de violências, que são motivos de doenças e interferem na sua vida como um todo, chegando a prejudicar relações sociais, afetivas e profissionais.

 

O Brasil avançou ao criar a Lei Maria da Penha em 2006 e a Lei do Feminicídio em 2015, com punições rigorosas para os criminosos; com a criação de Casas da Mulher Brasileira, como a inaugurada em Salvador em 2023, mas ainda precisamos conquistar outras garantias que colaborem com a nossa segurança.

E não podemos esquecer que entre elas está a conscientização dos homens e da sociedade em geral para mudar a atitude em relação as mulheres. É preciso abandonar a ideia de que as mulheres são inferiores aos homens e que eles detém poder sobre seus corpos e suas vidas. É necessário construirmos relações de respeito, igualdade, solidariedade e verdadeiro amor entre as pessoas. Somente assim estaremos combatendo pela raiz a violência contra as mulheres.

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Aladilce Souza
Enfermeira, professora da UFBa e ex-vereadora de Salvador

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**O conteúdo dos artigos é de responsabilidade dos respectivos autores, não representanto, portanto, a opinião do Portal Muita Informação!

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