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ARTIGO: Enfrentando o mundo VUCA*

Com o fim da Guerra Fria, passamos a viver em um mundo novo sem o previsível equilíbrio de forças. Os militares norte-americanos batizaram esse novo cenário de VUCA, em português VICA (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade) e, a partir dos anos 1990, o termo se expandiu para as empresas. Zygmunt Bauman, sociólogo e filósofo polonês falecido em 2017, cunhou o termo “Modernidade Líquida” para explicar que, em tempo de pós-modernidade, nada pode ser considerado sólido e imutável. Diante desse quadro, com a crescente globalização e com as quantidade e velocidade que as informações circulam, tudo pode estar por um segundo. O que é aceito hoje poderá estar em desuso amanhã. Não é possível afirmar com clareza e previsibilidade do que acontecerá no futuro. Tudo isso se aplica não só para o mundo como um todo, mas também às empresas e, em última análise, às pessoas na maneira de lidar com elas e com as outras. As relações afetivas são fluídas (voláteis) e podem ser extintas ou deletadas a qualquer momento, o que gera incerteza e insegurança. O mesmo pode ser aplicado ao mundo corporativo onde a miopia em marketing pode derrubar a empresa mais rapidamente do que antes, pois o número de cenários a ser controlado forma um quadro de extrema complexidade. Isso se aplica aos fatores externos e internos das empresas e das pessoas. Assim como nos mercados, tem de se lidar hoje com pessoas que podem mudar a qualquer momento de opinião, desejos e até princípios, mesmo que baseados em notícias falsas (fake news). Isso resulta em um processo difícil de tomada de decisões, pois há inúmeras formas de olhar para uma situação e interpretá-la diante da ambiguidade das diversas possibilidades. O que antes era possível de ser definido apenas entre poucas opções, hoje todas elas podem fazer sentido. Como lidar com o mundo VUCA? Conhecer o contexto é fundamental, mas é preciso ir além e saber o que fazer para se preparar e reduzir riscos e frustrações: Volatilidade: Oriunda das relações afetivas e empresariais atuais, deve ser tratada de frente e como uma possibilidade real. Isso não quer dizer que a cada segundo deve haver a preocupação de que um relacionamento pode acabar. Pensando assim, não haverá construção com bases sólidas. É bom lembrar que um relacionamento pode acabar, mas isso não é uma certeza. Portanto, viva seus relacionamentos todos os dias, com a intensidade necessária e dando o melhor de si. Assim, se ele acabar ou um contrato empresarial for rompido, você fez o seu máximo. O importante é a recuperação mais rápida possível de todas as situações adversas (resiliência). Incerteza: Não é combatida ao se obter todas as informações possíveis, mas ao se construir a flexibilidade para saber lidar com quaisquer cenários novos, lembrando que o existente hoje amanhã pode não existir. A incerteza pode levar à paralisia na tomada de decisões pelo medo do fracasso. Muitas pessoas têm medo de seguir em frente, mesmo com todas as ferramentas porque visualizam o cenário futuro de forma pessimista e se colocam na posição de vítima. Relaxe porque está tudo fora de controle e, portanto, foque em uma coisa por vez e saiba que o máximo a ser feito é reduzir a incerteza mitigando os riscos, mas eliminá-la totalmente é impossível. Complexidade: Tem de ser absorvida como tal, senão a exigência pela perfeição toma conta dos pensamentos. Quanto maior for seu autoconhecimento, mais fácil será lidar com os múltiplos sentimentos que podem emergir do nada. É preciso isolar os problemas e hierarquizá-los. Assim será possível focar na solução, não no problema. Admita que não há ninguém perfeito neste mundo. Isso, por si só, é uma boa notícia, pois significa que todos podem errar. A busca pelo perfeito impede a ação de fazer algo concreto, que é bom o suficiente para resolver o problema. A psicoterapia pode lhe ajudar a se conhecer melhor fazendo com que você possa identificar com mais rapidez e precisão situações adversas. Ambiguidade: Deve ser encarada como algo possível de acontecer em um mundo onde as informações e opções circulam rápido demais e onde a quantidade de dados a que estamos expostos é imensa e que, na maioria, não nos serve para nada. Tenha coragem e defina caminhos, escolha um e vá em frente. Temos a tendência de achar que a opção melhor é a que não foi escolhida, o que é um absurdo, pois ela nem existiu. Avalie com calma a situação-problema que está à sua frente. Use a razão para decidir. Se estiver com medo, vá com medo mesmo, mas vá. Martin Luther King disse que se não der para ir correndo, vá andando e, se não der para ir andando, vá rastejando, mas vá! *Sergio Manzione – psicólogo clínico, administrador, mestre em engenharia da energia e semanalmente fala sobre temas da psicologia na Rádio Câmara e no Portal Muita Informação!   Ana Cristina

Com o fim da Guerra Fria, passamos a viver em um mundo novo sem o previsível equilíbrio de forças. Os militares norte-americanos batizaram esse novo cenário de VUCA, em português VICA (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade) e, a partir dos anos 1990, o termo se expandiu para as empresas.

Zygmunt Bauman, sociólogo e filósofo polonês falecido em 2017, cunhou o termo “Modernidade Líquida” para explicar que, em tempo de pós-modernidade, nada pode ser considerado sólido e imutável. Diante desse quadro, com a crescente globalização e com as quantidade e velocidade que as informações circulam, tudo pode estar por um segundo. O que é aceito hoje poderá estar em desuso amanhã. Não é possível afirmar com clareza e previsibilidade do que acontecerá no futuro. Tudo isso se aplica não só para o mundo como um todo, mas também às empresas e, em última análise, às pessoas na maneira de lidar com elas e com as outras.

As relações afetivas são fluídas (voláteis) e podem ser extintas ou deletadas a qualquer momento, o que gera incerteza e insegurança. O mesmo pode ser aplicado ao mundo corporativo onde a miopia em marketing pode derrubar a empresa mais rapidamente do que antes, pois o número de cenários a ser controlado forma um quadro de extrema complexidade. Isso se aplica aos fatores externos e internos das empresas e das pessoas. Assim como nos mercados, tem de se lidar hoje com pessoas que podem mudar a qualquer momento de opinião, desejos e até princípios, mesmo que baseados em notícias falsas (fake news). Isso resulta em um processo difícil de tomada de decisões, pois há inúmeras formas de olhar para uma situação e interpretá-la diante da ambiguidade das diversas possibilidades. O que antes era possível de ser definido apenas entre poucas opções, hoje todas elas podem fazer sentido.

Como lidar com o mundo VUCA?

Conhecer o contexto é fundamental, mas é preciso ir além e saber o que fazer para se preparar e reduzir riscos e frustrações:

Volatilidade: Oriunda das relações afetivas e empresariais atuais, deve ser tratada de frente e como uma possibilidade real. Isso não quer dizer que a cada segundo deve haver a preocupação de que um relacionamento pode acabar. Pensando assim, não haverá construção com bases sólidas. É bom lembrar que um relacionamento pode acabar, mas isso não é uma certeza. Portanto, viva seus relacionamentos todos os dias, com a intensidade necessária e dando o melhor de si. Assim, se ele acabar ou um contrato empresarial for rompido, você fez o seu máximo. O importante é a recuperação mais rápida possível de todas as situações adversas (resiliência).

Incerteza: Não é combatida ao se obter todas as informações possíveis, mas ao se construir a flexibilidade para saber lidar com quaisquer cenários novos, lembrando que o existente hoje amanhã pode não existir. A incerteza pode levar à paralisia na tomada de decisões pelo medo do fracasso. Muitas pessoas têm medo de seguir em frente, mesmo com todas as ferramentas porque visualizam o cenário futuro de forma pessimista e se colocam na posição de vítima. Relaxe porque está tudo fora de controle e, portanto, foque em uma coisa por vez e saiba que o máximo a ser feito é reduzir a incerteza mitigando os riscos, mas eliminá-la totalmente é impossível.

Complexidade: Tem de ser absorvida como tal, senão a exigência pela perfeição toma conta dos pensamentos. Quanto maior for seu autoconhecimento, mais fácil será lidar com os múltiplos sentimentos que podem emergir do nada. É preciso isolar os problemas e hierarquizá-los. Assim será possível focar na solução, não no problema. Admita que não há ninguém perfeito neste mundo. Isso, por si só, é uma boa notícia, pois significa que todos podem errar. A busca pelo perfeito impede a ação de fazer algo concreto, que é bom o suficiente para resolver o problema. A psicoterapia pode lhe ajudar a se conhecer melhor fazendo com que você possa identificar com mais rapidez e precisão situações adversas.

Ambiguidade: Deve ser encarada como algo possível de acontecer em um mundo onde as informações e opções circulam rápido demais e onde a quantidade de dados a que estamos expostos é imensa e que, na maioria, não nos serve para nada. Tenha coragem e defina caminhos, escolha um e vá em frente. Temos a tendência de achar que a opção melhor é a que não foi escolhida, o que é um absurdo, pois ela nem existiu.

Avalie com calma a situação-problema que está à sua frente. Use a razão para decidir. Se estiver com medo, vá com medo mesmo, mas vá. Martin Luther King disse que se não der para ir correndo, vá andando e, se não der para ir andando, vá rastejando, mas vá!

*Sergio Manzione – psicólogo clínico, administrador, mestre em engenharia da energia e semanalmente fala sobre temas da psicologia na Rádio Câmara e no Portal Muita Informação!

 

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