Em clima de caos, debate para Prefeitura de São Paulo tem acusações, ataque a jornalista e segurança acionada
Tensão se sobressai e extrapola trocas habituais de alfinetadas entre candidatos no evento promovido pela TV Gazeta
O tradicional debate promovido pela TV Gazeta com os postulantes à Prefeitura de São Paulo foi realizado na noite deste domingo (1º) e revelou um clima de exaltação que extrapola as trocas habituais de alfinetadas. Após um boicote feito ao embate da Revista Veja – do qual os três primeiros colocados nas pesquisas àquela época não participaram –, Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Tabata Amaral (PSB) e Pablo Marçal (PRTB) voltaram a se reunir.
Mas o cenário é bem diferente se comparado há uma semana. Em recente pesquisa do Instituto Veritá, os números mostram Marçal como primeiro colocado na disputa, algo completamente inesperado por todas as campanhas – inclusive a dele mesmo. Marçal aparece com 36,3% das intenções de voto, seguido pelo deputado federal Guilherme Boulos, com 25,4%, e pelo atual prefeito, Ricardo Nunes, com 16,7%.
No centro das atenções também por conta da recente decisão da Justiça Eleitoral que suspendeu suas redes sociais oficiais, Pablo Marçal foi o alvo em comum de todos os seus adversários.
Ricardo Nunes trouxe um tom mais agressivo, bem diferente do que costuma usar habitualmente. Depois de ser classificado por Marçal como “amante de Bolsonaro”, Nunes recorreu à expressão “tchutchuca do PCC” para se referir à suposta ligação entre o empresário e a organização criminosa Primeiro Comando da Capital.
O auge dos ataques veio de José Luiz Datena, que, após provocado, deixou o seu púlpito e caminhou em direção a Marçal de forma intimidatória. Neste momento, a jornalista que mediava o debate chegou a pedir que a segurança fosse acionada para evitar as vias de fato. Datena, no entanto, recuou.
A briga entre os candidatos aconteceu após o apresentador afirmar que Marçal ligou para ele no último dia 7 de agosto, às vésperas do debate na Band, para “combinar uma dobradinha”. Segundo Datena, o proposto seria de que ele atacaria Ricardo Nunes e Marçal atacaria Boulos. O apresentador afirmou, contudo, que não teria atendido a ligação do empresário “se soubesse o vagabundo sem vergonha, ladrão condenado, estelionatário de internet que é”.
Nunes e Boulos também trocaram xingamentos do início ao fim da atração. O candidato à reeleição chamou o deputado de invasor, aludindo ao período no qual o candidato do PSOL foi líder de um movimento social. Já Boulos afirmou que o emedebista é um “ladrãozinho de creche”, se referindo ao suposto envolvimento do prefeito em um esquema de desvio de verbas.
“Estamos pagando mais e levando menos, esse é o jeito Ricardo Nunes de governar”, disse Boulos. “Enquanto você invade, eu entrego casa, seu invasorzinho sem vergonha”, replicou o atual prefeito da capital paulista.
Em meio à guerra, Tabata Amaral ficou esvaziada, e parecia tentar se mostrar como um ponto de sensatez no clima de caos. Porém, não deixou de contribuir para a intensa troca de farpas. Criticou os adversários Boulos e Nunes por apenas passarem a criticar Marçal de forma contundente após o influenciador crescer nas pesquisas. “Não estavam querendo ressaltar um grande risco que a gente tem nessa eleição: que é de um criminoso, com inúmeras ligações com o crime organizado, querer ser prefeito da maior cidade do país”, afirmou a candidata do PSB.
Ataque a jornalista
Não bastasse toda esta conjuntura dramática, nem mesmo a imprensa foi poupada. Josias de Souza, jornalista do UOL e da TV Gazeta que participou fazendo uma pergunta, teve seu trabalho criticado por Pablo Marçal. “O que a militância poderosa no jornalismo tem feito é produzir, em vez de imprensa imparcial, esse nível de idiotice”, disse Marçal. “Queria ser nobre, Josias, mas você não é nobre no seu jornalismo”, completou.
O comentário foi feito após Josias questionar o candidato sobre uma declaração na qual Marçal afirmou que o povo “gosta de idiotices”.
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