Leandra Leal participa de debate sobre longa que aborda o regime militar 

"Fico te devendo uma carta sobre o Brasil", de Carol Benjamin, que será exibido no 25º É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários 

Por Redação
28/09/2020 às 13h24
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Foto: Divulgação
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O filme "Fico te devendo uma carta sobre o Brasil", primeiro longa-metragem de Carol Benjamin, será exibido na sexta-feira (02) e no sábado (03), às 21h e 15h respectivamente, no 25º É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários. Ainda no sábado, às 17h, haverá um debate com participação da cineasta, dos coprodutores João Moreira Salles e Leandra Leal, e da montadora Marília Moraes.  O evento é totalmente virtual e pode ser conferido no site do festival.

O filme conquistou a menção especial do júri no 32ª IDFA - Festival Internacional de Documentários de Amsterdã, o maior festival do mundo dedicado ao gênero, onde teve sua estreia mundial. Também foi selecionado para o Festival Tempo de Documentários, na Suécia, e para o Festival Internacional de Filmes e Fórum de Direitos Humanos, na Suíça, que acontece junto com a convenção da ONU. O longa ainda está na Mostra Competitiva do 24 Festival de Lima.  

A diretora revela a história das três gerações de sua família, que foi atravessada pela ditadura militar que se instalou no Brasil entre 1964 e 1985. Seu avô era coronel do Exército. Seu pai, César Benjamin, foi preso ilegalmente aos 17 anos, em 1971, e permaneceu por três anos e meio em uma cela solitária, além de mais dois anos em prisão comum. Mas a prisão e tortura do filho mais novo transformou a dona de casa Iramaya Benjamin, avó da diretora, em uma militante incansável pela anistia. 

Devido à pressão de Iramaya e excepcionalidade do pleito, o caso de César foi logo adotado pela Seção Sueca da Anistia Internacional. Em 1976, quatro anos depois, ele foi considerado "Prisioneiro da Consciência", o principal caso do ano para todas as sessões da Anistia Internacional global. A forte pressão levou o governo brasileiro a exilar César para a Suécia nesse mesmo ano. 

Para resgatar essas memórias, Carol inicia o filme em Estocolmo, onde César recebeu asilo político por dois anos após sair da prisão. É lá também que a diretora reencontra Marianne Eyre, membro da Anistia Internacional desde 1966, com quem Iramaya trocava cartas regularmente e de quem se tornou amiga e confidente. 

O filme, narrado pela diretora, é entremeado, sobretudo, pelas leituras dessas cartas, depoimentos de Iramaya captados em diferentes momentos, fotografias, e imagens raras de arquivo (incluindo a emocionante chegada de César à Suécia e de seu encontro com o irmão Cid, também um exilado político).