O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, decidiu tornar sem efeito a portaria que exonerou a pedido o ex-secretário do órgão Julio Cesar Vieira Gomes. A exoneração foi solicitada após Julio Cesar ser citado no caso que investiga a entrada ilegal no País de joias dadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e à ex-primeira-dama Michelle pelo regime da Arábia Saudita.
De acordo com o Estadão, pelo fato das investigações ainda estarem em andamento, Barreirinhas está avaliando, junto à corregedoria da Receita, se Julio pode, de fato, passar pelo processo de exoneração. Ele foi indicado para o cargo pelo o ex-presidente Bolsonaro.
Lotado em um cargo na Superintendência da Receita Federal no Rio de Janeiro, Julio Cesar Vieira Gomes pediu exoneração na semana passada, logo após dar o seu depoimento na Polícia Federal, no mesmo dia de Bolsonaro.
Segundo informações divulgadas pelo Estadão, Julio Cesar pressionou servidores públicos para a liberação das joias detidas na alfândega do Aeroporto de Guarulhos. A atitude envolveu atos extraoficiais incompatíveis com o cargo de comando da Receita.
Ainda de acordo com investigações do Estadão, para conseguir liberar as joias estimadas em até R$ 16,5 milhões e enviá-las ao então presidente Jair Bolsonaro e à primeira-dama Michelle Bolsonaro, Gomes usou mensagens de WhatsApp, áudios, telefonemas e e-mails para pressionar servidores de diversos departamentos. A pressão chegou também a subsecretários do órgão.
Em um dos áudios que o veículo teve acesso, Julio Cesar pede que um servidor acesse outro departamento do órgão federal – a Coordenação-Geral de Programação e Logística (Copol) – e passe seu contato para o responsável da área, sob o argumento de que precisa explicar o caso da retenção das joias enviadas a Michelle Bolsonaro e que se trata de um item que “faz parte do gabinete pessoal” da Presidência da República. “É do presidente da República. Existe um gabinete pessoal, é um órgão que ele criou.”
Diante dos atos, algumas denúncias contra o ex-secretário foram levadas à Corregedoria do Ministério da Fazenda. De acordo com o Estadão, funcionários da Receita que sofreram pressão do ex-chefe decidiram registrar uma representação junto ao departamento da Fazenda, para que esses atos sejam investigados.
Em dezembro de 2021 Julio Cesar Vieira Gomes foi nomeado para o comando da Receita, substituindo José Tostes, que perdeu o cargo após a tentativa de integrantes do governo Bolsonaro de entrar ilegalmente no País com as joias vindas do regime saudita.
