Marcello Lavenère: ex-presidente da OAB e figura histórica do impeachment de Collor morre aos 86 anos

O ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcello Lavenère, faleceu, neste domingo (12), aos 86 anos, deixando um legado indiscutível na história política e jurídica do Brasil. Conhecido por sua atuação à frente do pedido de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, Lavenère também foi um defensor ferrenho da democracia e da justiça social.

Nas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou a perda, destacando o compromisso de Lavenère com os direitos humanos e sua luta pela reparação às vítimas da ditadura militar. Durante seu mandato como presidente da OAB (1991-1993), Lavenère desempenhou um papel crucial no fortalecimento das instituições democráticas do país.

Homenagens de líderes e entidades

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decretou luto oficial de 7 dias em respeito à memória do membro honorário vitalício. Rafael Horn, presidente em exercício da entidade, afirmou que o legado de Lavenère é marcado por uma “luta permanente pela justiça e pela democracia”. Já o presidente da OAB, Beto Simonetti, destacou que o jurista foi “um dos imprescindíveis da advocacia brasileira”.

Jorge Messias, advogado-geral da União, ressaltou a dedicação “inabalável” de Lavenère à promoção da justiça social. Outros ex-presidentes da OAB também se manifestaram, como Felipe Santa Cruz, que classificou o jurista como “gigante”, e Claudio Lamachia, que o descreveu como um dos “grandes nomes” da profissão.

Vida de dedicação ao direito e à cidadania

Natural de Alagoas, Marcello Lavenère construiu uma trajetória brilhante na advocacia e na educação. Formado em Direito, foi professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e da Universidade de Brasília (UnB), contribuindo para a formação de gerações de juristas. Durante seu mandato na OAB, foi coautor do histórico pedido de impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992, ao lado de Barbosa Lima Sobrinho, então presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). O gesto simbolizou a coragem e a ética em um momento decisivo para a política nacional.

Entre 2003 e 2007, Lavenère presidiu a Comissão da Anistia, órgão vinculado ao Ministério da Justiça, onde atuou na reparação histórica das vítimas do regime militar. Sua atuação foi marcada pela defesa incansável dos direitos humanos e pela luta contra as injustiças perpetradas durante o período autoritário.

Liderança reconhecida por seus pares

Diversos líderes da advocacia prestaram suas homenagens. Ophir Cavalcante Junior, que presidiu a OAB de 2010 a 2013, afirmou que Lavenère foi um “exemplo de compromisso com a justiça social”. Cezar Britto, à frente da entidade entre 2007 e 2010, descreveu o jurista como um “advogado de belas lutas, cidadão que fez da democracia uma missão e nordestino que nunca hesitou em defender a liberdade”.

José Roberto Batochio, presidente da OAB entre 1993 e 1995, resumiu a perda: “com sua partida, a advocacia e a democracia brasileira ficam menores”.

Velório e legado familiar

O velório de Marcello Lavenère ocorrerá nesta segunda-feira (13), em Brasília. O jurista deixa sua esposa, seis filhos, 15 netos e sete bisnetos. Sua família e amigos destacam não apenas suas conquistas profissionais, mas também sua generosidade, caráter e paixão pela vida.

Legado para democracia brasileira

A história de Marcello Lavenère está entrelaçada com os momentos mais significativos da democracia no Brasil. Sua coragem ao enfrentar desafios e sua dedicação à justiça social continuam a inspirar gerações de advogados e cidadãos. Em tempos de incertezas, o exemplo de Lavenère reforça a importância de lutar por um país mais justo e igualitário. Sua memória permanecerá viva como um alicerce na história da luta pela democracia brasileira.