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Dólar sobe 0,67% no Brasil com temor fiscal após declaração de Haddad

Mercado cambial reage às preocupações fiscais após pronunciamento do ministro da Fazenda

O mercado de câmbio doméstico viu um aumento na percepção de risco fiscal na tarde de segunda-feira (30). Enquanto o dólar estava enfraquecendo globalmente, o dólar à vista no Brasil encerrou o dia com um aumento de 0,67%, atingindo R$ 5,0469, com seu pico chegando a R$ 5,0597. Isso resultou em uma valorização acumulada de 0,40% para o dólar em outubro. Durante a manhã, o dólar registrou uma queda considerável, atingindo sua mínima em R$ 4,9730, impulsionado pelo interesse em moedas emergentes e pelo aumento nas cotações do minério de ferro na China.

Entretanto, a situação se reverteu no início da tarde, à medida que os investidores digeriram declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, relacionadas à política fiscal. Na sexta-feira anterior, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia afirmado que o governo “dificilmente chegará à meta zero“, sugerindo um possível afrouxamento do compromisso fiscal, o que também foi interpretado como um sinal de desprestígio de Haddad no governo.

O mercado futuro de câmbio observou uma pressão compradora maior durante a tarde, com os investidores acelerando a rolagem de posições antes da formação da última Ptax de novembro. Essas incertezas no campo fiscal levaram a um aumento na demanda por proteção (hedge), em uma semana mais curta devido ao feriado de 1º de novembro e marcada por importantes eventos econômicos e de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos.

“É uma semana extremamente curta e carregada. E a fala de Haddad hoje, em vez de tranquilizar, trouxe ainda mais dúvidas. Está todo mundo atento ao movimento da cúpula do governo com receio de que a meta fiscal não seja para valer”, afirma Galhardo, para quem os investidores, em um primeiro momento, até deram o benefício da dúvida ao governo na questão do arcabouço fiscal e da reforma tributária.

Após reunião com Lula, Haddad disse que não há, por parte do presidente, “nenhum descompromisso com a meta fiscal“. O ministro alertou para perdas de arrecadação por conta de decisões anteriores do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso. Haddad disse que o presidente “constatou problemas de decisões anteriores que devem ser reformadas ou saneadas”, e esse foi o “sentido do alerta de Lula sobre a meta fiscal de 2024”. Indagado se a meta de déficit zero em 2024 está em pé, Haddad disse: “A ‘minha meta’ está mantida”.

Segundo analistas, as declarações e a postura do ministro da Fazenda desapontaram o mercado, uma vez que ele não conseguiu reafirmar de forma clara o compromisso com a meta de déficit zero, o que era esperado. Havia uma expectativa de que Haddad poderia alegar que as declarações de Lula haviam sido mal interpretadas, mas isso não aconteceu. 

Já o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirma que Lula e Haddad compartilham uma visão alinhada sobre a política econômica.

No exterior, o índice DXY – que mede o comportamento do dólar frente a seis divisas fortes – operou em queda firme e flertou com o rompimento da linha dos 106,000 pontos na mínima (106,063 pontos). O dólar também caiu na comparação com a maioria das divisa emergentes e de países exportadores de commodities.

Apesar do início da invasão terrestre da Faixa de Gaza por tropas israelenses, não houve um agravamento das tensões geopolíticas na região, com possível entrada de novos atores diretamente no conflito. As cotações do petróleo desabaram, com o contrato do Brent para janeiro fechando em queda de 3,19%, a US$ 86,35 o barril.

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