Política ambiental de Trump pode isolar EUA no cenário internacional, afirma Paulo Pimenta
Combate à crise climática, prioridade do governo brasileiro no cenário internacional, será um dos temas centrais da cúpula do G20
A postura do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, em negar a crise climática e defender a expansão do uso de combustíveis fósseis, responsáveis pelo aquecimento global, pode colocar o país em uma posição de isolamento internacional. Essa é a avaliação do ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, que destacou a mudança no cenário geopolítico global, onde o Sul Global e blocos como o Brics assumem crescente protagonismo. As informações são da Agência Brasil.
“O mundo hoje está muito multilateral. Nós temos o Sul Global, temos outros países com força, como a Índia, como a própria China, que não tinha essa força há algumas décadas. O Brics passa a ser outro vetor importante desta geopolítica internacional. Então, se os Estados Unidos acabar, em função do Trump, para essas pautas específicas, fugindo desse esforço internacional, se a Argentina eventualmente optar por também seguir esse caminho, eu tendo a achar que eles ficarão numa posição de isolamento”, afirmou o ministro em entrevista ao programa Giro Social, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Debate climático no G20
O combate à crise climática, prioridade do governo brasileiro no cenário internacional, será um dos temas centrais da cúpula do G20, que começa no Rio de Janeiro. Durante a entrevista, Pimenta relacionou os desafios impostos pelas mudanças climáticas a desastres recentes, como os ocorridos no Rio Grande do Sul, em Valência (Espanha), e no deserto do Saara, ressaltando a gravidade da situação.
“O aumento da temperatura global, o aumento da temperatura dos oceanos, não é mais um tema de natureza acadêmica. Não é mais uma hipótese futura. Ela é uma realidade presente que diz respeito à vida de todas as pessoas”, observou. Ele ainda enfatizou que o mercado internacional pressiona empresas a se adaptarem às exigências climáticas, independentemente das posturas políticas de líderes como Trump.
“Independentemente do Trump, você acha que os grandes grupos econômicos americanos vão ignorar essas exigências do mercado para garantir que seus produtos possam ser vendidos na Europa ou em outras regiões do planeta? Evidente que não”, declarou Pimenta.
O ministro também reforçou que o Brasil segue comprometido em liderar os esforços globais para enfrentar a crise climática, independentemente da posição dos Estados Unidos. “O mundo vai caminhar e não vai ficar refém dos Estados Unidos ou de condutas negacionistas de ninguém. E o Brasil cada vez mais tem um papel, um protagonismo, uma importância nesse cenário”, concluiu.
Financiamento climático em debate
Outro ponto de destaque no debate climático é a cobrança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que os países ricos financiem a adaptação e mitigação das mudanças climáticas nos países mais pobres. Segundo o ministro, um acordo para viabilizar esse financiamento pode ser um dos principais legados do G20 no Brasil.
“Ao longo dos últimos meses, foram inúmeras agendas realizadas com esse objetivo. E eu não vejo outra forma de financiar políticas públicas de combate à fome, à desigualdade no mundo e também com relação à questão das mudanças climáticas, sem que aqueles que mais ganharam com isso, sem que os países mais ricos possam, de alguma forma, pagar a maior parte dessa conta”, concluiu Pimenta.
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