Trump afirma que não conhece comediante que fez comentários ofensivos sobre Porto Rico

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a gerar controvérsias ao responder sobre comentários racistas feitos por um comediante durante um comício recente, onde o palestrante ofendeu Porto Rico. Pressionado por aliados e críticos para se desculpar, o candidato republicano afirmou que desconhecia o comediante Tony Hinchcliffe, que fez os comentários depreciativos sobre a ilha, descrevendo-a como uma “ilha flutuante de lixo”.

O republicano disputa a eleição presidencial dos Estados Unidos contra a atual vice-presidente Kamala Harris (Democrata) que acontece, neste ano, na próxima terça-feira (5). Em entrevista ao apresentador da Fox News, Sean Hannity, na última segunda-feira (28), Trump se distanciou do comediante e do conteúdo das declarações, reafirmando que não o conhecia e minimizando o episódio, chamando o evento de um “festival de amor”. Este termo, usado por ele anteriormente para descrever os eventos violentos de 6 de janeiro no Capitólio, levantou críticas quanto ao tom que escolheu para abordar o incidente.

Trump respondeu a Hannity afirmando que preferia que Hinchcliffe não tivesse participado do evento, sugerindo que “piadas maldosas ou idiotas” não eram bem-vindas. Mesmo assim, o ex-presidente evitou condenar diretamente o comentário do comediante, o que gerou mais descontentamento entre a comunidade porto-riquenha e a oposição.

Ele ainda tentou reforçar sua imagem positiva entre os eleitores hispânicos e porto-riquenhos. “Os porto-riquenhos me amam. Toda vez que encontro alguém de Porto Rico, eles me dão um abraço e um beijo”.

Em um evento anterior em Mar-a-Lago, Trump descreveu o comício como “lindo” e “de tirar o fôlego”, sublinhando a atmosfera como um “festival de amor” e alegando que o evento foi uma honra. Após os comentários de Hinchcliffe, figuras públicas porto-riquenhas e hispânicas se manifestaram.

Na Pensilvânia, durante um comício recente, o ex-candidato a prefeito de Allentown, Tim Ramos, iniciou seu discurso expressando orgulho por suas raízes porto-riquenhas e descrevendo a ilha e seu povo como “lindos”. A fala de Ramos buscava reforçar a identidade e a dignidade dos porto-riquenhos diante do ocorrido.

Do mesmo modo, a senadora Zoraida Buxo, de Porto Rico, criticou o que chamou de “manipulação emocional” nas falas de Trump, exortando eleitores hispânicos a “manterem o foco no que realmente importa” nas próximas eleições. Ela ainda destacou que, em seu entendimento, era importante que o público hispânico discernisse entre retórica política e a realidade dos fatos.

O episódio trouxe à tona o debate sobre as relações de Trump com a comunidade porto-riquenha, especialmente após o furacão Maria, em 2017, quando sua administração foi criticada pela resposta lenta e ineficaz. Desde então, o ex-presidente tem tentado fortalecer sua popularidade entre eleitores latinos e hispânicos, embora o sucesso dessa estratégia seja questionável, especialmente entre os porto-riquenhos, que muitas vezes lembram das dificuldades enfrentadas e da ajuda limitada durante aquele período crítico.

O caso, agora, repercute em diversas esferas políticas, com apoiadores e opositores reagindo intensamente. Por um lado, aliados de Trump acreditam que os comentários do ex-presidente não refletem uma postura ofensiva, mas sim uma estratégia para desviar o foco dos adversários. Já críticos e representantes hispânicos afirmam que esse tipo de retórica reflete uma insensibilidade para com a comunidade e pode impactar diretamente o apoio de eleitores latinos, um grupo-chave para as próximas eleições.