Insônia pode causar doenças: especialista em Medicina do Sono explica

Andrea Barral também diferencia mitos e verdades sobre o distúrbio

Por Bruna Ferraz
02/03/2024 às 15h00
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Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

De acordo com a classificação internacional dos distúrbios do sono, a insônia deve ser diagnosticada em um indivíduo se ele apresenta dificuldade para iniciar ou manter o sono, se ele desperta diversas vezes ao longo da noite e não consegue reiniciar o sono, ou se ele tem um despertar precoce.

No caso de crianças, o problema pode ser identificado se elas apresentam resistência ao ir para a cama e, em se tratando de idosos, quando ele não consegue iniciar o descanso sem a ajuda de um cuidador.

A médica pneumologista Andrea Barral, especialista em Medicina do Sono pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e convidada do podcast do Portal M!, explicou que outro indicativo de que uma pessoa tem má qualidade de sono é a forma como ela se comporta na sua rotina diurna.  

"Durante o dia, a pessoa vai apresentar alguma queixa por aquela dificuldade de dormir. Por exemplo, uma sonolência excessiva durante o dia, uma fadiga, uma dificuldade de atenção, de concentração, hiperatividade no caso de crianças, uma redução de motivação, enfim, alguma queixa. Isso pode acontecer de forma pontual, em algum momento específico, ou de forma frequente, pelo menos três vezes por semana. E se já existe isso há pelo menos três meses, aí a gente vai definir como uma insônia crônica", explica.

Profissional da Rede D'Or/Hospital São Rafael, do Centro Médico Cardiopulmonar e responsável pelo ambulatório de Medicina do Sono do Hospital Especializado Otávio Mangabeira (HEOM), Andrea Barral afirmou que, dentre os distúrbios do sono, a insônia sempre foi o mais prevalente.

Isso tem aumentado, segundo destacou, diante da ansiedade e do estresse do mundo moderno. No Brasil, estudos apontam que 45% da população tem alguma queixa de sono, mas esse número, de acordo com a profissional, pode ser ainda maior dependendo de como e quando a pergunta é feita.

Insônia pode causar doenças

Andrea Barral afirmou que o indivíduo que não dorme bem, seja por insônia, por tempo reduzido de horas de sono, ou mesmo pela má qualidade do descanso, existem consequências de imediato -  no dia seguinte -, e reflexos que podem ser identificados em longo prazo.

"Como resposta rápida, a pessoa pode acordar cansada, fadigada, ter sono excessivo durante o dia, ter mais dificuldade de atenção e de concentração. A longo prazo, existem relatos de complicações cardiometabólicas, então a pessoa pode até desenvolver um quadro de hipertensão, diabetes tipo 2. Existem consequências fisiológicas, além de piora de um quadro de ansiedade, de alteração de humor, quando a pessoa não consegue dormir bem", detalhou.

Diante do aumento na incidência de distúrbios no sono, quando perceber que está na hora de buscar ajuda de um profissional de saúde para tratar essas questões? Para Andrea Barral, assim que qualquer dificuldade seja identificada, e em qualquer idade.

"Quando a pessoa percebe que aquele problema está causando algum prejuízo no seu dia a dia, então ela já deve, sim, procurar o médico para fazer uma investigação e melhorar a qualidade do seu sono", recomenda. A especialista também participou de uma rodada de 'mitos e verdades' sobre a insônia.

Confira o podcast na íntegra: