Unijorge nega desconto de 30% durante pandemia e alunos se articulam em protesto

700 universitários se reúnem em movimento "Sem Desconto, Sem Matrícula"

Por Vinícius Rebouças
07/07/2020 às 17h58
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Foto: Divulgação/ Unijorge
Foto: Divulgação/ Unijorge

Após mais de três meses sem aulas presenciais por força da pandemia do coronavírus e pagando mensalidades integrais, parte dos alunos do Centro Universitário Jorge Amado se organizou em protesto contra a instituição. A principal queixa é a recusa em conceder desconto de 30% proposto pelo Ministério Público e pelo Projeto de Lei 23.798/2020, em trâmite na Assembleia Legislativa (AL-BA).

"Esses 30% não são necessariamente da mensalidade do curso, mas 30% de redução naquilo que o aluno já paga. A gente sabe que todas as instituições estão passando por problemas. O objetivo é garantir que os alunos não façam a rematrícula para o próximo semestre. A qualidade no ensino caiu muito por causa do EAD", explicou Rubens Reis ao Portal M! nesta terça-feira (7).

Acadêmico em Educação Física, Reis relatou que 700 alunos compõem o movimento 'Sem Desconto, Sem Mensalidade'. O levante é organizado por vinte representantes de diversos cursos por meio dos diretórios. O próximo passo é organizar uma manifestação na porta dos campi, localizados na Paralela e Comércio, na sexta-feira (10).

Antes disso pode ser aprovado o projeto que torna Lei a redução das mensalidades durante o período de pandemia. "Estamos nos ajustes finais do texto. Provavelmente ele deve ser colocado em votação na quarta, ou na quinta-feira (9)", projetou Nelson Leal, presidente da AL-BA.

Outro modo dos alunos conseguirem desconto é uma potencial decisão favorável da Justiça em relação à ação movida pelo Ministério Público contra quinze instituições baianas em busca do desconto. "A Unijorge, de fato, está entre as acionadas, no entanto, a decisão do mérito da questão cabe à Justiça, que ainda não determinou o cumprimento do pedido", explicou o MP à reportagem.

Para a estudante Barbara Chelis, do curso de Engenharia Mecânica, os custos operacionais da faculdade foram consideravelmente reduzidos desde março, já que as aulas passaram a ser através do Zoom, uma plataforma gratuita de reuniões remotas. "Não estamos usando laboratórios, bibliotecas, salas de aulas. Todos estão em casa. Não tem sentido pagarmos por aula presencial se não utilizamos a estrutura que a faculdade fornece".

Unijorge

Legalmente coberta, a Unijorge refuta o argumento e diz que "os benefícios da pequena diminuição temporária de consumo de água e luz são muito reduzidos quando comparados aos gastos extras necessários para a manutenção e suporte de todas as atividades neste momento".

A instituição ainda frisou que fez investimentos tecnológicos para "garantir a continuidade do semestre", o que faz necessária a cobrança das mensalidades sem alteração de valores. "Lembrando mais uma vez que todos os custos que temos para viabilizar a operação presencial se mantêm nessa quarentena, em especial, o maior de todos: os salários dos colaboradores".