Cenário indefinido

A eleição para escolha do sucessor ou sucessora da atual presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), Cynthia Resende, promete ânimos acirrados até o dia 19 de novembro, quando os magistrados decidirão entre os desembargadores José Edivaldo Rotondano, Jatahy Júnior e Ivone Bessa. Embora o cenário esteja embolado, o entendimento é que Rotondano e Jatahy estão tecnicamente empatados, o que obriga a seus apoiadores voltarem suas atenções para os votos de Ivone, que teria chances menores de êxito na disputa e pode ser a fiel da balança.

Disputa acirrada

Enquanto Rotondano e Jatahy chegam ao pleito com currículos semelhantes, por já terem comandado a Corregedoria e o Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, Ivone não ocupou ainda cargos de maior projeção na Justiça baiana. Quem transita com desenvoltura pelo TJ-BA diz que a briga para assumir a Corte está intensa e bastante indefinida, num embate considerado dos mais acirrados dos últimos anos. A única certeza até agora é que a desembargadora será a fiel da balança, ou seja, pra onde ela indicar o voto, deverá sair o vitorioso. Façam as suas apostas, pois será muita informação!

Rui no páreo

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, do PT, voltou aos holofotes na Bahia, ontem, ao reafirmar seu desejo de disputar uma das vagas para o Senado em 2026. Escanteado nos últimos dias, devido aos desgastes internos com o senador Jaques Wagner, Rui ganhou sobrevida ao conseguir mostrar, segundo as últimas pesquisas de intenção de voto, que é o nome mais forte e competitivo para a Câmara Alta. Em entrevista à rádio Salvador FM, o ministro minimizou eventuais desgastes com os senadores Otto Alencar e Angelo Coronel, do PSD.

Paz e amor

Rui chegou a afirmar que estava “tudo em paz” com os caciques pessedistas, ao tirar o peso da ameaça de rompimento do PSD. “Meu nome está colocado para uma vaga ao Senado. Cada estado tem duas vagas e eu vou colocar meu nome em uma das vagas”, disse ele, ao afirmar que havia conversado na semana passada com Coronel e Otto. A expectativa é que o futuro político do ministro e ex-governador só seja sacramentado entre março e abril do próximo ano, período em que deixaria a Casa Civil para assumir a candidatura.

Coronel no TCU?

Diante da nova ofensiva de Rui, todas as atenções se voltaram para o atual senador Angelo Coronel. Candidato natural à reeleição, ele pode ser limado da chapa do governador Jerônimo Rodrigues. Diante disso, alguns cenários passaram a ser aventados. O mais novo deles é que Coronel estaria negociando uma possível indicação para se tornar ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Aos 67 anos, essa seria uma “saída honrosa” para o senador, que pode não ter o mandato renovado, devido à pressão pela chapa puro sangue do PT. “No entorno do governador, o que se comenta é isso”, como disse um parlamentar que transita com desenvoltura pela Governadoria.

Alternativas para 2026

Outro cenário cogitado é o de Coronel romper com o PT e lançar sua candidatura à reeleição numa chapa avulsa, podendo receber votos de aliados do governo e da oposição. Outra possibilidade seria ele migrar para algum partido oposicionista e se lançar ao Senado na chapa do ex-prefeito ACM Neto. Há quem diga que esse cenário não seria fácil para Coronel, já que ele não levaria mais do que 25 a 30 prefeitos do PSD.

Ataques capciosos

A articulação política do governo da Bahia resolveu colocar os deputados da base governista no front de batalha contra o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, provável candidato da oposição em 2026. Diante das críticas do postulante da União Brasil ao governador, parlamentares de partidos ligados ao PT passaram a contestar as posições do ex-prefeito. Teve deputado, como Niltinho do PP, e Marcelino Galo do PT, que criticaram o uso do jornal Correio na guerra de narrativas referentes à política baiana. Marcelino chegou a denunciar o uso de jornal por ACM Neto para “ataques capciosos” à gestão Jerônimo, no episódio da liberação de emendas parlamentares.

Pacheco com o PT

Faltando um ano para a eleição, a disputa política chegou aos profissionais de comunicação. Primeiro, o jornalista Pacheco Maia, que foi secretário de Comunicação de ACM Neto na prefeitura, deixou a assessoria do presidente do PL na Bahia, João Roma, para integrar o time do governo do PT. Experiente, Pacheco chegou a ser cogitado para o staff de Jerônimo desde os tempos de André Curvello, que não conseguiu emplacá-lo à época.

Curvello com Neto?

E falando de Curvello, ele, que deixou a Secom do governo petista em dezembro para assumir a comunicação da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), foi sondado para integrar o time do postulante ACM Neto. Com vasta experiência na área, André coordenou campanhas majoritárias e é um dos jornalistas mais atuantes da atualidade.

Loyola avança

Apontado como um dos melhores quadros do governo Jerônimo Rodrigues, o secretário de Relações institucionais, Adolpho Loyola, avança a passos largos para se consolidar como o nome mais importante do governo, atrás apenas do governador. No último final de semana, ele levou seu projeto “Serin Itinerante” para o campus do Instituto Federal da Bahia (IFBA), do município de Jaguaquara. Foram mais de mil pessoas participando do evento “do homem que tem a tinta na caneta”, como disse um prefeito presente ao evento.

Candidatura à vista?

Na segunda, durante evento do Avante, em Salvador, Loyola foi instado a falar sobre uma eventual candidatura sua em 2030. Volta e meia ele é apontado como sucessor natural do governador Jerônimo. Em resposta, o secretário descartou projetos eleitorais e disse que seu único objetivo era trabalhar para a reeleição do governador Jerônimo. “Meu compromisso é com o governador, ficarei até o final do seu segundo governo. Não tenho pretensão nenhuma de ser candidato. Meu trabalho é ser secretário do governador. No segundo mandato, onde ele me escalar, estarei à disposição”. Ele emendou ainda que a fila era grande, tinham “muitas lideranças políticas, prefeitos, deputados. Então eu respeito a fila e não tenho pretensão nenhuma de ser candidato”.

Ratinho Júnior cresce

Quem transitou em Brasília nos últimos dias disse que o nome do governador do Paraná, Ratinho Júnior, do PSD, cresceu muito no banco de apostas para representar a direita e o centro em 2026. Apesar de ser um nome desconhecido ainda no Nordeste, contará com a popularidade do pai, o apresentador Ratinho, para embalar sua candidatura na região. Aliado a isso, o governador do Paraná é apontado como um excelente gestor, o que fortalece o discurso de priorizar um projeto de país e se distanciar dos extremos da política.

Com a benção de Bolsonaro

“Se Bolsonaro abraçar ele direito e colocar a mulher Michelle (Bolsonaro) na vice, Ratinho Júnior deslancha”, como apostam muitos bolsonaristas. O problema é que a ex-primeira-dama é apontada como favorita para se eleger senadora pelo Distrito Federal, oportunidade que não largará por uma aventura ao Planalto. Sem contar que a direita e o centro estão divididos e fragilizados, sobretudo, desde o tensionamento das relações do Brasil com os Estados Unidos.

Diálogo com o PT

Volta e meia se aventa a possibilidade de o PSDB, comandado na Bahia pelo deputado estadual Tiago Correia, possa romper com o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, e marchar com o governador Jerônimo Rodrigues em 2026. Dois tucanos mantém relações próximas com o governo petista, o deputado estadual Paulo Câmara, que não esconde de ninguém a boa relação com secretário de Relações Institucionais, Adolpho Loyola, e o presidente da Câmara de Salvador, vereador Carlos Muniz, que inclusive, apoiou a candidatura de Jerônimo em 2022.

O caminho do PSDB

Esse movimento dos tucanos mantém aberto uma porta de diálogo do partido com o governo estadual, do PT. No entanto, quem transita pela cúpula do PSDB diz que o caminho natural do partido é marchar com a candidatura de ACM Neto na próxima eleição. Até porque, os tucanos já tiveram convites para aderir ao governo em outros momentos e não foram. “Não seria agora, após 20 anos dos petistas no poder, que iríamos mudar de lado em troca de cargos”, como avaliou uma liderança do tucanato.