Neste 17 de maio, data em que se celebra o Dia Mundial da Hipertensão Arterial, especialistas alertam para os riscos crescentes da chamada “pressão alta”, uma das principais causas de doenças cardíacas, AVC e insuficiência renal no Brasil e no mundo.

Segundo dados do Ministério da Saúde, a prevalência da hipertensão entre adultos brasileiros subiu de 22,6% em 2006 para 26,3% em 2021 — um aumento de 3,7%. O crescimento é ainda mais expressivo entre os homens, com alta de 5,9%, e entre os óbitos, que saltaram de 23.233 em 2011 para 39.964 em 2021, um aumento alarmante de 72% em dez anos.

O que é hipertensão arterial?

A hipertensão arterial é caracterizada pela pressão elevada constante nas artérias. Segundo o cardiologista Nivaldo Filgueiras, vice-presidente da Associação Bahiana de Medicina (ABM), “a doença provoca o estreitamento dos vasos sanguíneos e força o coração a trabalhar mais, o que pode resultar em complicações como infarto, AVC, insuficiência cardíaca, doença renal crônica e até hemorragias oculares.”

Uma pessoa é considerada hipertensa quando apresenta pressão igual ou superior a 14 por 9 (140/90 mmHg).

A importância dos hábitos saudáveis

Manter um estilo de vida saudável é a forma mais eficaz de prevenir e controlar a hipertensão. Entre os principais fatores de risco estão:

Obesidade

Sedentarismo

Alimentação rica em sódio, gordura e álcool

Tabagismo

Estresse crônico

“O consumo excessivo de sal é um dos grandes vilões. A média no Brasil é de 12g por dia, mais que o dobro do recomendado pela OMS, que é de 5g diários (equivalente a uma colher de chá)”, alerta o especialista.

Além do sal de cozinha, o sódio também está presente em alimentos ultraprocessados como enlatados, embutidos (salsicha, salame, presunto), conservas, pipoca de micro-ondas, macarrão instantâneo, refrigerantes diet e até alguns doces industrializados. “É fundamental ler os rótulos antes de consumir qualquer produto”, destaca.

O que comer para prevenir a pressão alta?

Frutas frescas

Verduras e legumes variados

Grãos integrais

Carnes magras e aves sem pele

Peixes ricos em ômega-3

“A adoção de uma alimentação equilibrada é o caminho mais seguro para a prevenção e tratamento da hipertensão”, reforça o médico.

Diagnóstico e tratamento da hipertensão

De acordo com o cardiologista Marcos Barojas, também da Associação Bahiana de Medicina, o diagnóstico da hipertensão é feito com a medição regular da pressão arterial, seja por aparelhos manuais ou automáticos.

“Existe ainda o exame chamado MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial), que registra cerca de 100 medidas ao longo de 24 horas, sendo útil para diagnósticos mais precisos”, explica.

O tratamento da hipertensão envolve:

Mudança no estilo de vida

Redução do consumo de sal e álcool

Prática regular de atividade física

Controle do estresse

Uso de medicamentos, quando necessário

“O objetivo do tratamento é manter a pressão abaixo de 12 por 8. E isso se consegue, muitas vezes, com mudanças simples, mas consistentes no dia a dia”, afirma Barojas.

Grupos de risco: quem deve redobrar os cuidados?

Pessoas com histórico familiar de hipertensão

Negros e latinos (maior predisposição genética)

Mulheres acima dos 65 anos

Homens jovens (maior prevalência precoce)

Indivíduos com rotina estressante, insônia crônica ou consumo abusivo de álcool, sal e alimentos industrializados

Medir a pressão regularmente é essencial

O controle da pressão deve ser parte da rotina, especialmente na terceira idade. “A pressão tende a aumentar com o envelhecimento, por isso é fundamental monitorá-la e adotar uma postura preventiva desde cedo”, alerta o cardiologista.