Outubro Rosa: especialistas reforçam que diagnóstico precoce e estilo de vida saudável são decisivos na luta contra câncer de mama

No mês de conscientização, médicos ressaltam que detectar cedo aumenta as chances de cura e pedem mais ações de prevenção


Otávio Queiroz
Otávio Queiroz 08/10/2025 11:39 • Saúde
Outubro Rosa: especialistas reforçam que diagnóstico precoce e estilo de vida saudável são decisivos na luta contra câncer de mama - Divulgação
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Durante o Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, especialistas reforçam que o diagnóstico precoce continua sendo o principal aliado das mulheres na luta contra a doença. Em conversa com os jornalistas Osvaldo Lyra (editor-chefe do Portal M!), Gomes Nascimento, Matheus Morais e Catia Rhawllesty, e também com o médico oncologista, Rodrigo Guedes, no programa De Olho na Bahia, da Rádio Mix Salvador (104.3 FM), os médicos Igor Araújo, mastologista, e Renata Cangussu, oncologista, ambos da Oncologia D’Or Bahia, chamaram atenção para a importância da prevenção e da detecção rápida como fatores decisivos para a cura.

Especialistas alertam: diagnóstico precoce é chave para reduzir mortes por câncer de mama

De acordo com a oncologista Renata Cangussu, o câncer de mama ainda é o tipo que mais acomete e mata mulheres no Brasil. Para ela, o desafio está no diagnóstico tardio, que reduz significativamente as chances de cura. Segundo a médica, quando a doença é identificada em estágios iniciais, é possível alcançar índices de cura superiores a 95%.

“Falar sobre o câncer de mama é fundamental para reduzir a mortalidade, que ainda é alta justamente pela dificuldade em diagnosticar precocemente”.

O mastologista Igor Araújo complementa que o câncer de mama não deve ser tratado como uma sentença, mas como uma condição que pode ser vencida quando identificada a tempo. Ele reforça que a informação é uma ferramenta poderosa e que campanhas como o Outubro Rosa cumprem papel essencial ao estimular o cuidado com a saúde feminina.

Mamografia deve começar aos 40 anos

Um dos pontos mais debatidos na entrevista foi a idade ideal para iniciar o rastreamento. A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que a mamografia comece aos 40 anos, com repetição anual até os 74 anos. No entanto, o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda segue diretriz diferente, iniciando o exame apenas aos 50 anos, a cada dois anos.

Para Igor Araújo, essa diferença impacta diretamente na detecção precoce e, consequentemente, nas chances de cura. Ele defende que o protocolo do SUS precisa ser atualizado para refletir a realidade brasileira, em que há uma incidência significativa da doença entre 40 e 50 anos.

“Entre 40 e 50 anos, há muitas mulheres que poderiam se beneficiar de um diagnóstico precoce e alcançar a cura. Adiar o rastreamento é perder tempo precioso”, critica o mastologista.

Renata Cangussu acrescenta que o atraso no diagnóstico é um reflexo da desigualdade entre os sistemas público e privado. Enquanto pacientes de convênios seguem as recomendações das sociedades médicas, as mulheres atendidas pelo SUS ainda enfrentam barreiras de acesso. Para ela, é essencial que a mesma faixa etária seja adotada em todo o país, garantindo igualdade de oportunidades no tratamento e na cura.

Prevenção começa com mudanças no estilo de vida

Além da importância do diagnóstico precoce, os especialistas destacam a necessidade de uma rotina saudável como forma eficaz de prevenção do câncer de mama. Renata Cangussu explica que cerca de 40% dos casos estão relacionados a fatores de risco modificáveis, como sedentarismo, obesidade, consumo de álcool, tabagismo e alimentação ultraprocessada. Segundo a médica, a prática de exercícios e hábitos equilibrados desde a juventude reduzem de forma significativa a probabilidade de desenvolver a doença.

Mesmo em idades mais avançadas, adotar um novo estilo de vida traz benefícios reais. “Nunca é tarde para fazer uma escolha de viver melhor”, reforça Renata.

Já para Igor Araújo, campanhas como o Outubro Rosa precisam ir além da conscientização e incentivar ações permanentes de educação em saúde, especialmente nas escolas e comunidades, para que a prevenção se torne parte da rotina da população.

Reposição hormonal e mitos sobre o câncer de mama

Um dos temas que gera dúvidas entre as mulheres é o uso da terapia de reposição hormonal durante a menopausa. Segundo o mastologista Igor Araújo, a reposição não é totalmente contraindicada, mas deve ser feita de forma individualizada e acompanhada por um especialista. O médico explica que mulheres com histórico pessoal de câncer de mama devem evitar o tratamento, mas que há exceções em casos específicos.

O especialista alerta ainda para os mitos que cercam o tema. Muitas pacientes acreditam que a presença de cistos ou histórico familiar já são motivos para evitar a reposição, o que nem sempre é verdade.

“Não existe contraindicação absoluta, e cada caso precisa ser avaliado com cuidado para equilibrar riscos e qualidade de vida”, enfatiza o mastologista.

Tratamento personalizado e qualidade de vida

Os avanços na oncologia têm permitido tratamentos cada vez mais eficazes e personalizados para o câncer de mama. As abordagens podem incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia e terapia hormonal, conforme o estágio e o tipo do tumor. A decisão é feita de forma individual, levando em conta idade, condição clínica e características específicas do câncer.

Renata Cangussu destaca que, além da cura, a medicina atual busca assegurar qualidade de vida às pacientes. A oncologista reforça que “as mulheres que passam pelo tratamento precisam resgatar sua rotina e autoestima, porque é possível viver bem após o câncer de mama”. Ela também aponta a atividade física como uma aliada essencial, capaz de reduzir em até 25% o risco de surgimento da doença e diminuir os efeitos colaterais da quimioterapia, como a fadiga.

Outubro Rosa e papel da conscientização

Encerrando a entrevista, os médicos ressaltaram que o Outubro Rosa é mais do que uma campanha: é um movimento permanente pela conscientização, prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. A iniciativa, que começou nos Estados Unidos na década de 1990, tornou-se lei federal no Brasil em 2018 e segue estimulando ações em todo o país, com palestras, iluminação de prédios públicos e programas de mídia.

Para Igor Araújo e Renata Cangussu, o engajamento social é essencial para que mais mulheres tenham acesso a exames e informação de qualidade. A mensagem final, segundo eles, é clara: o câncer de mama tem cura, especialmente quando diagnosticado a tempo — e cuidar da saúde deve ser um compromisso de todos os dias, não apenas em outubro.

Otávio Queiroz

Otávio Queiroz

Soteropolitano com 7 anos de experiência em comunicação e mídias digitais, incluindo rádio, revistas, sites e assessoria de imprensa.

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