A hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta, foi o tema principal da entrevista do cardiologista Anthony Medina, na manhã desta quarta-feira (14), ao programa De Olho na Bahia, da Rádio Mix Salvador (104.3 FM) – comandado pelos jornalistas Matheus Morais e Osvaldo Lyra, editor-chefe do Portal M!. Segundo o especialista, que participou do quadro “Saúde e Bem-estar”, capitaneado pelo médico oncologista Rodrigo Guedes, a doença é silenciosa e pode se manifestar de forma grave, provocando complicações como infarto, AVC (acidente vascular cerebral), insuficiência cardíaca e até perda da visão.

“A hipertensão é a assassina silenciosa. Ela vai progredindo, elevando os níveis pressóricos, e muitas vezes, quando já dá sinais de que esteve ali, pode ser tarde demais”, alertou o médico.

Segundo ele, é importante manter uma rotina de visitas médicas, a fim de detectar problemas que afetem a saúde e o bem-estar do paciente. “É importante não deixar a bomba estourar”, recomenda.

Sintomas da hipertensão costumam aparecer tardiamente

De acordo com Medina, os sintomas da pressão alta são raros e, quando surgem, já indicam um quadro mais avançado da doença.

“Muitos pacientes relatam pressão na cabeça, dor de cabeça, tontura ou turvação visual. Esses sintomas podem indicar um agravamento da pressão, mas não são comuns no estágio inicial”, explica.

Outros sinais graves incluem dor torácica, falta de ar, suor frio e alterações neurológicas, como boca torta e dificuldade de fala. “Essas manifestações indicam a fase final do problema, quando o paciente pode estar sofrendo um AVC ou infarto”, alerta.

Diagnóstico precoce é essencial

O cardiologista destaca a importância da prevenção e do acompanhamento regular, mesmo por quem não apresenta sintomas. O acesso ao especialista nem sempre é fácil, mas Medina reforça que o clínico geral é uma excelente porta de entrada para identificar a hipertensão e outros problemas como diabetes e colesterol alto.

“Idealmente, todo indivíduo deve medir a pressão em consultório a cada 3 anos. Acima dos 40 anos, essa avaliação deve ser anual”, recomenda.

Fatores de risco para hipertensão

Segundo o cardiologista, os principais fatores que levam à hipertensão são:

• Histórico familiar
• Sedentarismo
• Alimentação rica em gorduras e sal
• Consumo excessivo de álcool
• Tabagismo
• Obesidade

“O coração precisa fazer mais força para manter um corpo com sobrepeso funcionando. Isso favorece a pressão alta”.

A recomendação é evitar alimentos ultraprocessados, ricos em gordura trans, frituras e excesso de açúcar. “Todo excesso de açúcar vira gordura, que vira sobrepeso e, consequentemente, pressão alta”, explica Medina.

Reduzir o sal é fundamental

O consumo de sal deve ser moderado. “Não precisa cortar o sal completamente. O ideal é até 2 gramas de sal ou 5 gramas de cloreto de sódio por dia, o que equivale a uma colher de chá. O sal deve estar apenas no preparo da comida, nunca ser adicionado depois”, orienta.

Como ter vida saudável e prevenir hipertensão

Para manter uma vida saudável e prevenir a hipertensão, Medina recomenda:

• Realizar atividade física regularmente
• Evitar o consumo excessivo de sal e açúcar
• Priorizar uma alimentação rica em vegetais, frutas e grãos
• Reduzir o álcool e não fumar
• Dormir bem e controlar o estresse

“É melhor fazer alguma atividade física do que não fazer nada. Caminhada na rua ou no condomínio já é suficiente para começar.”

Ele também enfatiza a importância das academias ao ar livre e dos espaços públicos com equipamentos gratuitos. No entanto, alerta que “antes de iniciar qualquer atividade, é preciso procurar atendimento médico para avaliar as condições do corpo”.

Aparelhos caseiros são apenas triagem

Sobre o uso de aparelhos domésticos para medir a pressão, Medina orienta cautela. “Os dispositivos usados no punho podem servir como triagem, mas o ideal é medir com aparelho no braço, validado e ajustado ao tamanho correto do braço do paciente”.

Complicações da hipertensão não tratada

Entre os problemas mais graves associados à hipertensão estão:

• Insuficiência cardíaca
• Cegueira (retinopatia hipertensiva)
• Doenças renais (com necessidade de hemodiálise ou transplante)
• AVC e complicações neurológicas

“A hipertensão pode afetar coração, rins, olhos e o sistema nervoso. Por isso é tão importante diagnosticá-la precocemente”, ressalta Medina.