O laboratório Patologia Clínica Dr. Saleme (PCS Labs), investigado pela sua responsabilidade no caso de seis pacientes que receberam órgãos transplantados infectados com o vírus HIV, já firmou pelo menos três contratos com a Fundação Saúde. Ela é vinculada à Secretaria Estadual de Saúde.

O contrato mais recente foi firmado em dezembro de 2023, no valor de R$ 9,8 milhões, por meio de pregão eletrônico. Ele previa a realização de análises clínicas e de anatomia patológica em todas as unidades administradas pela Fundação Saúde.

Além desse, outros dois contratos foram celebrados com o PCS Labs sem licitação, conforme apurou a Agência Brasil. Um deles, de R$ 3,9 milhões, foi firmado em outubro de 2023 e outro, de R$ 2,2 milhões, em fevereiro de 2022.

O contrato de outubro de 2023 previa a prestação de serviços no Hospital Estadual Ricardo Cruz por 180 dias. Já o contrato de fevereiro do ano anterior era destinado a quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da zona oeste do Rio de Janeiro, também por 180 dias. Ambos foram realizados sem licitação, e o PCS Labs, que é vinculado a familiares do deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ), ficou responsável pelos serviços contratados.

Ex-secretário estadual de Saúde

Dr. Luizinho, que foi secretário estadual de Saúde entre janeiro e setembro de 2023, negou qualquer envolvimento na escolha do laboratório. Em nota, ele afirmou que não participou da seleção do PCS Labs enquanto ocupava o cargo de secretário. Quanto ao contrato assinado em dezembro, o deputado alegou que já não estava no cargo quando o documento foi firmado.

Após a operação da Polícia Civil nesta segunda-feira (14), que prendeu dois funcionários do laboratório e cumpriu 11 mandados de busca e apreensão, Dr. Luizinho emitiu outra nota afirmando que “é inadmissível que um ser humano faça um transplante e, por erros que nunca poderiam ocorrer, adquira uma nova doença”. Ele pediu uma investigação rápida e punição rigorosa aos responsáveis.

Como médico e ex-secretário de Saúde, Dr. Luizinho destacou que dedicou sua vida pública e privada ao fortalecimento do sistema de saúde e reiterou seu desejo de punição exemplar aos culpados por esse caso. A gravidade da situação, segundo ele, não tem precedentes na história recente.

A Secretaria Estadual de Saúde do Rio foi questionada sobre os dois contratos firmados sem licitação. Em resposta, a pasta informou que o contrato de dezembro de 2023 foi o único firmado com a Fundação Saúde e que o laboratório PCS não presta mais serviços para nenhuma unidade da rede estadual.