Com a chegada do Dia Mundial do Ceratocone, que é lembrado neste domingo (10), o Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), que é referência estadual em casos complexos da doença, conscientiza a população sobre a importância do acompanhamento regular. O ceratocone é uma condição oftalmológica progressiva caracterizada pelo afinamento e deformação da córnea, afetando cerca de 150 mil brasileiros no ano, segundo dados do Ministério da Saúde (MS).

De acordo com o Hupes, cerca de 30 pacientes com a doença são atendidos mensalmente. Entre os sintomas inicias do ceratocone, estão visão embaçada, borrada e distorcida, e o aumento do grau dos óculos e das lentes de contato. A doença afeta, principalmente, crianças e jovens, podendo progredir por um período de 10 a 20 anos.

Os sintomas da condição oftalmológica são causadas por alterações na transparência e estrutura da córnea, o que compromete a qualidade da visão e pode levar à perda progressiva da capacidade visual. Outros detalhes da doença é que o portador apresenta uma maior sensibilidade à luz (fotofobia), comprometimento da visão noturna, imagens fantasmas e surgimento de visão dupla (diplopia). 

Dores de cabeças intensas e constantes por conta do esforço para enxergar também podem ser sentidos por quem tem ceratocone. Além disso, nos casos mais graves, a doença chega a provocar o recuo da pálpebra inferior, em função do crescimento do cone, e a perda aguda da visão, pelo extravasamento do líquido que preenche o globo ocular (hidropsia). 

Tratamento da doença

Por enquanto, as causas do ceratocone ainda são desconhecidas e é uma doença que não tem cura. Porém, o tratamento pode ser feito de maneira leve a moderada, com o uso de óculos ou lentes de contato. O objetivo é dar estabilidade para a córnea, não necessitando de tratamento adicional. Em casos mais graves, o oftalmologista pode sugerir o transplante de córnea para preservar o paciente.

Com a chegada do Dia Mundial do Ceratocone, a oftalmologista Patrícia Marback conscientizou sobre a importância do tratamento e destacou o atendimento especializado do Hospital Universitário Professor Edgard Santos.

“Nosso serviço consolidou-se através do transplante, e continuamos aprimorando técnicas, como o crosslinking adaptado para pacientes com córnea fina, o que amplia as possibilidades de tratamento. O ato de ouvir, olhar nos olhos e acolher o paciente é inerente à nossa prática, principalmente para doenças que impactam tanto a vida dos pacientes”, explicou a médica.

Prevenção

Ainda não há como prever se a condição ocular irá progredir. Porém, a partir do histórico familiar, os especialistas podem orientar quanto à possibilidade de a doença piorar, mesmo sem a presença dos sintomas característicos.

Importante lembrar o histórico familiar de ceratocone, coçar os olhos vigorosamente e com muita frequência e ter algumas condições de saúde podem ser fatores de risco para piorar a doença. Mesmo com causas desconhecidas, estima-se que o diagnóstico pode acontecer a partir de uma série de combinações.

Além do ato de esfregar os olhos com frequência, um possível fator é a queda da produção de colágeno. Outro caso pode estar presente em pacientes com alterações oculares congênitas, como catarata e esclerótica azul.