O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou o rastreamento de todos os ovos para incubação enviados pela granja onde foi registrado o primeiro caso de gripe aviária de alta patogenicidade (H5N1) em plantel comercial no Brasil. O foco foi localizado no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. As informações são da Agência Brasil.

Os ovos estavam destinados a incubatórios nos estados de Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul, e já foram adotadas as medidas sanitárias previstas no plano de contingência para influenza aviária e doença de Newcastle, entre elas, a destruição dos ovos rastreados.

O governo de Minas Gerais, por exemplo, determinou, no sábado (17), o descarte de 450 toneladas de ovos fecundados e de outros materiais envolvidos no transporte e armazenamento. A medida foi tomada de forma preventiva.

Segundo nota do governo mineiro, a ação “mostrou-se necessária para manter o controle sanitário, seguindo planos prévios para possíveis ocorrências do tipo, garantindo contenção e erradicação da doença e a manutenção da capacidade produtiva do setor”, informou em comunicado oficial.

O Mapa esclareceu que não há evidência de contaminação nos ovos identificados, mas reforçou que todas as ações de proteção estão em curso. “Adotamos todas as medidas necessárias para proteção da avicultura nacional”, informou o ministério.

O foco do vírus H5N1 em aves comerciais no Brasil foi confirmado na última semana, e desde então, diversos países suspenderam importações de produtos avícolas brasileiros.

“A doença não é transmitida pelo consumo de carne nem de ovos”, destacou o Mapa, ao informar que não há risco para o consumidor final.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que surtos da influenza aviária têm sido recorrentes desde 2006, com registros principalmente na Ásia, África e no norte da Europa.

Impacto nas exportações: México suspende compra de produtos avícolas do Brasil

O México suspendeu temporariamente a importação de produtos avícolas do Brasil após o registro do foco de gripe aviária de alta patogenicidade em Montenegro. A medida foi comunicada pela Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural do país.

Entre os produtos afetados estão a carne de frango, ovos férteis, vísceras para consumo humano, aves vivas, bem como matérias-primas utilizadas na fabricação de alimentos para pets. A suspensão também inclui aves canoras, ornamentais e de rapina.

De acordo com as autoridades mexicanas, a medida tem caráter preventivo e busca preservar a sanidade animal da indústria avícola local. A suspensão se deu após o México ser notificado, em 15 de maio, pelo Serviço Nacional de Saúde, Segurança e Qualidade Agroalimentar (Senasica), órgão responsável pela vigilância sanitária no país.

“O México decidiu suspender a importação de produtos avícolas do Brasil enquanto recebe informações de saúde animal sobre a resposta ao surto”, explicou o governo mexicano.

A suspensão cumpre protocolos sanitários firmados com o Brasil, que preveem embargo total caso a gripe aviária seja detectada em plantéis comerciais.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o protocolo bilateral com a China também exige a suspensão das importações em casos como este.

“O protocolo com a China restringe a exportação de frango de todo o país em caso de gripe aviária. A partir de hoje, por 60 dias, a China não estará comprando carne de frango brasileira”, explicou Fávaro.

Enquanto a União Europeia, Argentina, México e China impuseram restrições nacionais, Japão, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita adotaram medidas regionais, restringindo apenas produtos do Rio Grande do Sul.

Com as sanções, o Brasil pode deixar de exportar entre US$ 100 milhões e US$ 200 milhões mensais, segundo estimativa do Ministério da Agricultura. Países como Coreia do Sul, África do Sul e Rússia também avaliam impor bloqueios com base em protocolos sanitários.

Apesar do impacto, o ministro reforçou que os embarques já realizados e em trânsito não serão bloqueados, o que pode mitigar os efeitos imediatos da medida.

“O sistema brasileiro é tão robusto e confiável que vários países passaram a trocar o protocolo, sabendo que o Brasil tem estrutura para fazer a contenção”, afirmou Fávaro.

O Ministério da Agricultura reiterou que não há risco à saúde humana pelo consumo de carne de frango e ovos. O risco de infecção ocorre principalmente em situações de contato direto com aves vivas infectadas.