O Ministério da Saúde realiza, neste sábado (8), uma mobilização nacional contra a dengue. A ação tem como foco conscientizar gestores públicos, profissionais da saúde e a população sobre a importância das medidas de prevenção para conter o avanço do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. As informações são da Agência Brasil.

Um levantamento da pasta com 3,2 mil municípios identificou que 30% das cidades estão em situação de alerta para a proliferação do mosquito no próximo ano. As regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte concentram os maiores índices de risco de transmissão.

Governo amplia investimento em prevenção contra dengue

Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a mobilização busca antecipar as ações de combate antes do período de maior incidência da doença. O Dia D da Dengue, que ocorrerá no sábado (8), integra a campanha nacional “Não Dê Chance para Dengue, Zika e Chikungunya”.

Nesta segunda-feira (3), o ministério anunciou o investimento de quase R$ 184 milhões no financiamento de tecnologias voltadas ao controle do Aedes aegypti. “A gente age ao longo de todo o ano, mas agora é a oportunidade de voltarmos a chamar a atenção da população para evitarmos qualquer tipo de cenário, de crescimento do número de casos”, afirmou Padilha.

O ministro também destacou a necessidade de estruturar a rede de saúde para o período crítico. “Agora é hora de organizar a assistência à saúde, reforçar as ações de prevenção e orientação e identificar os pontos estratégicos a atacar nas cidades”, acrescentou.

Brasil contabiliza 1,6 milhão de casos prováveis de dengue

Em 2025, o país contabiliza 1.611.826 casos prováveis de dengue e 1.688 mortes, números 75% e 72% inferiores, respectivamente, aos registrados no mesmo período de 2024. Apesar da redução, o ministério alerta que o período entre novembro e maio historicamente concentra o aumento de casos em razão das condições climáticas favoráveis.

Padilha classificou o momento como alarmante devido ao risco de reversão dessa tendência. Ele lembrou que o aumento de municípios em situação de alerta reforça a necessidade de vigilância contínua. Levantamento realizado entre agosto e setembro apontou que cerca de 30% das cidades brasileiras se encontram nesse nível de atenção.

“O cenário exige atenção redobrada nos locais em alerta”, afirmou o secretário adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente, Fabiano Pimenta, destacando o papel da população na eliminação dos criadouros do mosquito.

Mais de 80% das larvas do Aedes aegypti detectadas pelos agentes de combate a endemias estavam em ambientes residenciais, segundo o Ministério da Saúde. Os focos foram encontrados em locais como vasos de plantas, pneus, caixas d’água, ralos, calhas, cisternas e até em folhas de bromélias.

Os estados com maior número de casos prováveis são São Paulo, com 890 mil registros, Minas Gerais (159,3 mil), Paraná (107,1 mil), Goiás (96,4 mil) e Rio Grande do Sul (84,7 mil). São Paulo também lidera em número de óbitos, com 1.096 mortes — o equivalente a 64% do total nacional.

O ministério informou que, junto aos estados e municípios, vem reforçando a rede de assistência. As medidas incluem o envio de equipes da Força Nacional de Saúde, instalação de centros de hidratação e distribuição de insumos como larvicidas, testes e nebulizadores portáteis.

Vacina brasileira contra dengue deve ser aprovada até o fim do ano

Padilha afirmou que a principal aposta para o enfrentamento da dengue é a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica chinesa WuXi Biologics. A expectativa é que o imunizante receba aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até o fim de 2025 e comece a ser aplicado em 2026.

“Os estudos finais da Anvisa estão indo muito bem e o calendário que anunciamos em março deste ano vai ser cumprido: teremos o registro da vacina para dengue 100% brasileira até o final deste ano, para que possamos reforçar nosso Programa Nacional de Imunização já no ano que vem”, afirmou o ministro.

Após a aprovação, o Comitê Técnico do Programa Nacional de Imunização definirá os critérios de distribuição e o público prioritário. Segundo o ministério, estão previstas 40 milhões de doses para o primeiro ano de produção, com fabricação em território chinês e distribuição nacional a partir de 2026.