O número de mortes entre a população Yanomami caiu de forma expressiva em 2024, marcando uma redução de 21% em relação ao ano anterior, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (5) pelo Ministério da Saúde. O balanço mostra que, enquanto 428 indígenas faleceram em 2023, esse número baixou para 337 no último ano. As informações são da Agência Brasil.

Investimentos reforçam atendimento em saúde

De acordo com o Informe 7 do Centro de Operações de Emergências (COE), as mortes consideradas evitáveis foram as que mais caíram, passando de 179 para 132, o que representa uma redução de 26%. Já os óbitos não evitáveis também diminuíram, de 249 para 205, apontando uma queda de 17,7%.

Segundo o Ministério da Saúde, esse avanço é resultado direto do aumento da presença de profissionais no território Yanomami e do reforço na infraestrutura de atendimento. O número de profissionais de saúde atuando na região saltou de 690 no início de 2023 para 1.781 em 2024, um crescimento impressionante de 158%.

“A ação conjunta de todo o governo federal garantiu o combate necessário e permitiu que os profissionais de saúde pudessem entrar em aldeias e cuidar da população. Mais que dobrou o número de profissionais de saúde dentro do território”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Queda nas infecções e na malária

Os dados apontam uma redução de 47% nas mortes por infecções respiratórias agudas e uma diminuição de 42% nos óbitos causados por malária. A desnutrição, que também figurava como uma das principais causas de morte, teve redução de 20%.

Esses índices refletem o impacto das medidas emergenciais implementadas no território Yanomami desde a decretação do estado de emergência em saúde pública.

Avanço expressivo na vacinação

Outro destaque do relatório é o aumento significativo nas aplicações das vacinas de rotina recomendadas para a população indígena. Foram aplicadas 53.477 doses em 2024, contra 32.352 no ano anterior — um aumento de 65%. Esse reforço vacinal foi crucial para conter surtos de doenças que antes circulavam livremente nas aldeias.

Desnutrição grave recua entre crianças

Em relação à desnutrição grave (muito baixo peso para idade) entre crianças menores de cinco anos, os números mostram uma redução importante: de 24,2% em 2023 para 19,2% em 2024. Embora o número de crianças com baixo peso tenha aumentado ligeiramente, o Ministério da Saúde avalia que isso indica uma melhora no estado nutricional geral, já que mais crianças estão se aproximando do peso ideal. Atualmente, 50% das crianças Yanomami estão no peso considerado adequado.

“A recuperação nutricional em crianças é um processo mais lento e complexo, principalmente nos casos mais graves, podendo levar anos até a normalização do peso e o fortalecimento do sistema imunológico”, avalia o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba.

Reabertura de polos fortalece segurança e acesso

Desde o início da emergência, o Ministério da Saúde conseguiu reabrir sete polos base que haviam sido fechados anteriormente devido à insegurança provocada pelo avanço do garimpo ilegal. Até abril de 2024, todas essas unidades voltaram a funcionar, beneficiando diretamente 5.224 indígenas nos polos de Kayanaú, Homoxi, Hakoma, Ajaraní, Haxiú, Xitei e Palimiú.

A reativação desses pontos de atendimento foi essencial para garantir que as equipes de saúde pudessem trabalhar de forma contínua e com segurança, levando assistência médica, insumos e vacinas às comunidades mais isoladas.

Perspectivas para 2025

Os avanços registrados em 2024 representam um alívio importante para a população Yanomami, mas autoridades alertam que o trabalho está longe de terminar. Manter a segurança das equipes, ampliar os atendimentos e garantir o fornecimento constante de insumos ainda são desafios centrais para consolidar os ganhos obtidos.