A Associação Bahiana de Medicina (ABM) realizará, na próxima sexta-feira (4) e sábado (5), a 19ª edição do congresso da instituição, que neste ano tem como tema central o transplante de órgãos. O evento, que acontecerá na sede da ABM no bairro de Ondina, em Salvador, e contará com a participação de especialistas e entidades importantes do setor.
Um dos destaques será a apresentação da plataforma de Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (Aedo), desenvolvida pelo Colégio Notarial do Brasil – seção Bahia (CNB-BA). A ferramenta inovadora permite a autorização eletrônica para a doação de órgãos, tecidos e partes do corpo humano, facilitando o processo de consentimento de doadores e seus familiares.
A implementação dessa plataforma visa agilizar e aumentar o número de doações no Estado, um passo importante para enfrentar o desafio da alta taxa de recusa familiar. De acordo com o coordenador do Sistema Estadual de Transplantes, Eraldo Moura, chega em 61% atualmente na Bahia.
Temas em debate
Além do lançamento da plataforma, o congresso abordará uma série de temas relacionados ao transplante de órgãos, como de córnea, renal e hepático. Também serão discutidas a cirrose hepática e a trajetória do Banco de Olhos na Bahia.
Esses debates terão como objetivo conscientizar a população, médicos e autoridades sobre a importância da cultura de doação de órgãos no Estado. A implementação dessa prática, ainda incipiente, poderá salvar inúmeras vidas, especialmente considerando o crescimento da fila de espera por transplantes.
Cenário de transplantes na Bahia
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), o primeiro semestre deste ano apresentou um aumento de 24% no número de doações de órgãos na Bahia, com 499 captações, em comparação com as 401 realizadas no mesmo período de 2023. Apesar desse avanço, o número de pacientes na lista de espera também cresceu 17% no Estado, totalizando 3.488 pessoas aguardando por transplantes de rim (1.942 pacientes), fígado (40), córnea (1.505) e coração (um).
A lista de espera segue critérios técnicos rigorosos, como tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, além de gravidade específica para cada órgão. Em casos de empate técnico, a ordem cronológica de cadastro é utilizada para definir a prioridade. Pacientes em estado crítico recebem atendimento prioritário devido à gravidade de sua condição clínica e é importante destacar que a fila é a mesma tanto para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto da rede privada.
Desafios e oportunidades
Apesar dos avanços nos números de doação, a taxa de recusa familiar continua sendo um obstáculo significativo. Moura destacou que, enquanto a média nacional de recusa é menor, a Bahia enfrenta uma resistência de 61%, o que impede um número maior de transplantes. A plataforma Aedo surge como uma possível solução para ajudar a reduzir essa recusa, simplificando o processo de autorização.
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