"Bancada Negra da Câmara não é da esquerda nem da direita", diz Damião Feliciano
Deputado coordena grupo, que inclui políticos do PT ao PL, do União Brasil ao PSOL

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No Dia da Consciência Negra (20), o deputado Damião Feliciano (União Brasil-PB), coordenador-geral da Bancada Negra da Câmara, destacou que o grupo "não é da esquerda nem da direita". Ele enfatizou a diversidade ideológica na direção da bancada, composta por políticos do PT ao PL, do União Brasil ao PSOL.
O objetivo é unificar o feriado em todo o país. O grupo realizará reuniões em Brasília com diversas autoridades para discutir questões raciais, buscando também um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Com base nas celebrações do Dia da Consciência Negra, o deputado Damião Feliciano (União Brasil-PB) foi aclamado para liderar a bancada por um ano. Benedita da Silva (PT-RJ), Silvia Cristina (PL-RO) e Taliria Petrone (PSOL-RJ) serão as vice-coordenadoras, com eleições anuais em 20 de novembro.
Feliciano enfatizou a diversidade ideológica da bancada e destacou a intenção de obter resultados concretos na redução das desigualdades raciais e no combate ao preconceito ao integrar o Colégio de Líderes da Câmara.
"Se a gente fizer uma lei por ano que melhore a questão da igualdade racial, estamos satisfeitos. Se forem duas leis, melhor ainda", disse Feliciano, em entrevista coletiva a jornalistas no Salão Verde da Câmara.
"Queremos resultado, transformação. É uma política não só de resgate da história, mas de justiça", emendou. "A Bancada Negra não é da esquerda nem da direita", afirmou, ao apresentar Silvia Cristina como representante da direita e Taliria Petrone e Benedita da Silva, da esquerda.
Na manhã desta segunda (20), o grupo reuniu-se com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), solicitando a votação de um projeto já aprovado no Senado que torna o 20 de novembro, Dia da
Consciência Negra, feriado nacional. Questionado sobre possíveis divergências internas devido às diferenças ideológicas, o líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (BA), respondeu: "Não temos nenhuma preocupação com divergências, porque a gente não vai divergir entre nós, vamos incluir a todos em um projeto de país."
O líder do PSD, Antonio Brito (BA), relator do projeto de resolução que criou a bancada negra, expressou a total consciência da igualdade entre brancos e pretos. O grupo dos deputados negros planeja encontros com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, e o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes. Além disso, eles buscam uma audiência com o presidente Lula para abordar a sub-representação de homens e mulheres negros na política e promover mudanças por meio da Bancada Negra.
Taliria Petrone, por sua vez, disse que não há democracia possível quando parte da população "não cabe" nela. "Não é um detalhe para a democracia brasileira a gente ter agora uma Bancada Negra institucionalmente representando a Câmara", afirmou a deputada, que foi autora do projeto de resolução em conjunto com Damião Feliciano.
"Isso é histórico, é o reconhecimento deste Parlamento de que há racismo no Brasil, mas, mais do que isso, um anúncio de que este Parlamento está pronto para atender as demandas da população negra", acrescentou
A criação da Bancada Negra foi aprovada no último dia 1º pelo plenário da Câmara. O único partido contrário foi o Novo. O PL liberou seus parlamentares para votar como quisessem e todas as outras siglas orientaram seus deputados a apoiar o projeto. Nos moldes da bancada feminina, o grupo tem assento no Colégio de Líderes e direito a cinco minutos semanais de fala na tribuna. Não há aumento de gastos da Casa Legislativa.
São 31 deputados que se autodeclaram pretos e 91 que se identificam com a cor parda. O cálculo é de que a Bancada Negra, com cerca de 130 integrantes, corresponde a aproximadamente 24% dos 513 parlamentares da Câmara.
No plenário, em 1º de novembro, Antonio Brito, ao defender a criação do grupo, destacou a coerência com uma emenda constitucional de 2021. Essa emenda estabeleceu que os votos em candidaturas de mulheres ou negros nas eleições de 2022 a 2030 contarão em dobro para a distribuição de recursos dos fundos eleitoral e partidário entre os partidos.
"Esse gesto não é contra ninguém, é a favor de todos nós. Esse gesto é a demonstração de que nós não podemos só ver pretos e pretas para ter fundo eleitoral de partido, nem para PEC de anistia para partido que não cumpre. Nós queremos ver pretos e pretas compondo esta Casa e honrando o nosso país", declarou Brito.
Na ocasião, ele se referiu a uma proposta que avançou na Câmara este ano para anistiar partidos que não cumpriram a destinação mínima de recursos dos fundos Eleitoral e Partidário para candidaturas de negros e mulheres.
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