Um novo olhar sobre o autismo

Por Heraldo Rocha
04/11/2023 às 16h42
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Depois de uma experiência no atendimento pediátrico em comunidades de Salvador, diagnosticamos com uma frequência muito grande crianças com TEA (Transtorno de Espectro Autista). Diante disso, fomos pesquisar e verificamos que o autismo cresceu assustadoramente.
O autismo é um grave problema com características das pessoas com deficiência no que se refere ao estilo cognitivo e ao comportamento pessoal. Os portadores depois TEA necessitam aprender coisas que uma criança normal, ou mesmo a maioria das crianças portadores de deficiência, aprendem por si mesmas através da experiência.
Por outro lado, a pessoa portadora de autismo tem como uma de suas características mais importantes, o fato de não aprender através de métodos tradicionais de ensino.
Os níveis de severidade dessas criança fazem elas precisarem de um trabalho individualizado e cuidadoso para terem a possibilidade de passar a frequentar a rede regular de ensino.
Essas crianças e jovens necessitam desenvolver o aprendizado em seu sentido mais amplo, mas antes, precisam ter cuidados em relação a comportamentos agressivos e auto lesivos e em relação à sua comunicação.
Crianças com TEA não possuem recursos básicos de comunicação com linguagem verbal, gestual ou mesmo corporal, e ao mesmo tempo tem dificuldades enormes de interação social, sendo, portanto, muito difícil chegar até elas.
O Brasil pode ter até um milhão de casos não diagnosticados, daí a necessidade de capacitação das diversas áreas de atendimento às crianças tais como médicos, pedagogos, assistentes sociais, nutricionistas, fonoaudiólogos e outros afins.
O diagnóstico em geral percorre um caminho longo de pediatra ao fonoaudiólogo ou fisioterapeuta, daí para o neurologista, psiquiatra ou psicoterapeuta. Isso nos casos que há diagnósticos, segundo o professor Estêvão Vadsz, do instituto de psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.
Existe uma necessidade de se realizar um Censo para o diagnóstico do número de autista no Brasil, sobretudo em Salvador, através da SEMPRE, da Prefeitura Municipal, que está concluindo um estudo para verificação do número de crianças com TEA na capital baiana, com a previsão que termos mais de 10 mil crianças com o transtorno.
É importante falar que o número de casos registrados cresceu graças ao preparo dos profissionais, principalmente na área de educação pois com estudos, pesquisas, treinamentos e informação, o diagnóstico é cada vez mais precoce. Por isso,
quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor será o acompanhamento das crianças com TEA.
Como um dos olhares sugerimos artigos, seminários, campanhas de esclarecimento e outros métodos. Entendemos que vamos ter um quadro bastante grave desta situação. Daí, sugerimos que as autoridades constituídas apresentem um plano federal, estadual e municipal de atendimento às crianças com autismo.
Como afirmei, o diagnóstico precose faz uma grande diferença no tratamento e nas probabilidades do paciente conquistar autonomia. Não Existe Cura. O autismo é uma maneira diferente de ser, mais sei que cheguei a onde cheguei porque tive quem olhasse pra mim.
Nas minhas pesquisas encontrei um excelente trabalho na Prefeitura Municipal de Salvador, cuja integração das diversas secretarias no atendimento a criança com TEA, estão em estudos projetos experimentais nas áreas da educação, saúde e esportes.
Neste novo olhar o Transtorno de Espectro Autista (TEA), as famílias necessitam de um grande apoio em todas as esferas, através de um acompanhamento emocional, empreendedorismo social e outras atividades, pois as mesmas necessitam se integrar com a comunidade.
De acordo com dados do último Censo do IBGE, a estimativa do número no Brasil é de 1.743.117. Na Bahia são 136.247 casos, sendo 21.305 em Salvador .
Segundo o Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Segundo o órgão de saúde americano, em 2023, aproximadamente 1 em cada 36 crianças nos Estados Unidos (2,77%) é diagnóstica com TEA, conforme dados coletados em 2020 e divulgadas em março deste ano.
Com isso, reafirmo que um novo olhar deverá ser realizado imediatamente e com a urgência que o caso requer, com a sua gravidade. Portanto, se faz necessária a construção de um Grupo de Trabalho para o estudo imediato do autismo.
*Heraldo Rocha é médico, ex-secretário e ex-deputado estadual.