"A Viagem de Pedro", de Laís Bodanzky, fará pré-estreia em Salvador

Longa-metragem será exibido durante o XVIII Enecult, seguido de debate com a diretora, o ator baiano Sergio Laurentino e historiadores

 

Por Redação
08/08/2022 às 13h39
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Foto: Divulgação
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"A Viagem de Pedro", filme escrito e dirigido por Laís Bodanzky, fará sua pré-estreia em Salvador nesta terça-feira (9),  durante o XVIII Enecult - Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, às 19h.

A exibição será seguida de debate com a diretora, o ator baiano Sergio Laurentino e os historiadores Carlos da Silva Jr. (UEFS) e Wlamyra Albuquerque (UFBA), com mediação de Fernanda Argolo (UFBA).

Protagonizado por Cauã Reymond, o filme é o primeiro longa-metragem histórico de Laís Bodanzky. A produção aborda a vida privada de Dom Pedro I, o momento em que o ex-imperador retorna para Portugal, em 1831, fugindo de ser apedrejado pelos brasileiros, nove anos depois de proclamar a Independência do Brasil.

A viagem desconstrói a imagem de herói de Dom Pedro I, responsável por tornar o Brasil um país continental às custas de muita opressão, e joga luzes sobre questões fundamentais de gênero e raça. 

Neste contexto, Bodanzky aposta num cinema como peça fundamental para a construção do imaginário de um povo - o brasileiro -, através do foco dado aos diversos personagens negros que partem nessa viagem com o ex-imperador. Como ressalta a diretora:

"Quando o filme coloca as diferenças sociais, culturais, históricas e até linguísticas que havia entre os escravizados e os recém-libertos, o que se pretende é mostrar de forma não romantizada que a história do povo preto no Brasil não é um monólito. Ela é formada por individualidades, com seus medos, desejos, vivências, memórias e conquistas".

Há mais de 20 anos no Bando de Teatro Olodum, Sergio Laurentino é um dos atores que dá vida a um desses personagens em "A Viagem de Pedro". Sergio faz o papel de um ex-escravizado combatente que se tornou o chef de cozinha da embarcação, e foi premiado como melhor ator coadjuvante no Festival do Rio. 

"O Chef é um personagem muito simbólico e atemporal. Ele ocupa esse lugar do negro liberto, mas que ainda é tratado como escravizado e continua vivendo uma relação de profunda dependência", comenta o ator.

"Quando fiz esse personagem, não estava representando apenas o Sérgio Laurentino ou o Bando do Teatro Olodum, eu estava representando toda uma história e ancestralidade negra, a luta de todos aqueles que vieram antes de mim. Na época da Independência, os negros já eram mais de 50% da população brasileira, assim como são hoje, mas continuam sendo tratados como minoria."

O filme, produzido por Biônica Filmes, Buriti Filmes, O Som e A Fúria (Portugal) e com coprodução da Globo Filmes, chega aos cinemas no dia 1º de setembro, na semana do bicentenário da Independência.

Confira trailer e sinopse:

Sinopse:

1831, Pedro, o ex-imperador do Brasil, busca forças físicas e emocionais para enfrentar seu irmão que usurpou seu reino em Portugal. O filme se passa no Oceano Atlântico, a bordo de uma fragata inglesa na qual se misturam membros da corte, oficiais, serviçais e escravizados, numa babel de línguas e de posições sociais. Pedro se vê doente e inseguro. Entra na embarcação em busca de um lugar e uma pátria. Em busca de si mesmo.