Exame que detectou câncer do intestino em Simony deve ser feito a partir de 45 anos

Além da colonoscopia, a oncologista Anelisa Coutinho também falou sobre sintomas, formas de prevenção e tratamento da doença

Por Bruno Brito
06/08/2022 às 10h20
  • Compartilhe
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

A cantora Simony revelou, na última quarta-feira (3), o seu diagnóstico de epidermoide, que é um tipo de câncer no intestino, localizado no canal anal. Segundo a artista, o diagnóstico só foi possível por conta de uma íngua na região íntima que levou à realização de uma colonoscopia, exame indicado para avaliar o intestino como um todo.

Em entrevista ao Portal M!, a oncologista Anelisa Coutinho, que integra a equipe da Clínica AMO, explicou que no caso da cantora Simony, o tumor está localizado na parte final do intestino, na região do canal anal, o que o difere de outro tipo de câncer de intestino, o colorretal.  Segundo ela, além da colonoscopia, o tipo de doença da artista pode ter diferentes formas de rastreio.

"No canal anal, como ele é muito próximo da borda anal, podemos ter a detecção simplesmente pelo exame físico, através da inspeção e até pelo toque retal. Em alguns casos, quando o tumor é muito próximo da borda anal, o próprio paciente durante sua higiene pode apalpar e perceber algo que chame atenção. Depende da localização da tumoração", explica.

Para o tipo colorretal, que é o mais incidente na população e está localizado na parte maior do intestino grosso, a colonoscopia é o mais importante exame para a detecção precoce do câncer de intestino.

"A colonoscopia é o principal exame, e falamos aos 50 anos, mas preferencialmente a partir dos 45 anos. Com 50 anos, é extremamente recomendado como forma de verificação, mesmo em pacientes sem sintomas", alerta Anelisa.

A colonoscopia ajuda a detectar o câncer do intestino, que é um dos mais comuns na população brasileira. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca),  este tipo de  doença fica atrás apenas do câncer de pele não melanoma e dos tumores de mama e próstata.

No Brasil, o órgão estima que tenhamos 40,9 mil novos casos em 2022, com 20,5 mil óbitos, sendo 10,1 mil em homens e 10,3 mil em mulheres.

De modo geral, o câncer de intestino abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso chamado cólon, no ânus e no reto (final do intestino, imediatamente antes do ânus).

 

Veja quais são os sintomas

Entre os sintomas que podem indicar o surgimento de um câncer de intestino, a especialista ressalta que qualquer sangramento intestinal deve ser sinal de alerta.

"As pessoas costumam diminuir o sintoma dizendo que pode ser hemorroida, mas se teve sangramento retal, deve procurar um profissional para avaliação, desde exame físico até exame de colonoscopia. Além do sangramento, a dor, principalmente no caso de Simony, dor na região anal é um fator que deve ser considerado importante", indicou.

Além disso, Anelisa chama a atenção para a perda de peso e a alteração do hábito intestinal. "Aqueles pacientes que tinham um intestino regular, indo ao banheiro todos os dias, e eventualmente passam a ficar mais presos, passando dias sem defecar ou que passam  a ter diarreia, são coisas que devem acender o alerta", observou.

 

Fatores de risco

No caso da cantora, cujo tipo de tumor é carcinoma epidermoide ou escamocelular do canal anal, a especialista aponta que existem alguns fatores de risco, sendo o mais frequente a infecção pelo vírus HPV.

"Mas também existem outros fatores como o tabagismo, além de pacientes que tiveram câncer de colo uterino, que também devem ser avaliados na região anal, isso porque o agente deflagrador,  que é o HPV, é o mesmo para os dois tipos", disse.

Anelisa elenca os principais fatores de risco para o tumor de intestino como um todo, que costuma ocorrer, na maioria dos casos, no colón e no reto: "Alimentação não saudável, rica em gorduras, enlatados, defumados, conserva, pode ser um fator de risco. O tabagismo também é um fator importante, além do sedentarismo e do fator hereditário".

 

Formas de prevenção

Ao falar das formas de prevenção, a oncologista aponta que as principais passam pelos hábitos de vida. "Hábitos alimentares devem ser saudáveis, com ingestão de frutas. Recomendamos cinco porções ao dia, incluindo sucos. Além de legumes, proteínas, evitar frituras, bebida alcoólica em excesso, não fumar e a prática de exercício regular", ressaltou.

De modo geral, Anelisa também ressaltou que, para o câncer de intestino como um todo, a realização da colonoscopia é importante mesmo em pacientes sem sintomas, a partir dos 45 anos.

"E em pacientes com história familiar do câncer de intestino em parentes de primeiro grau, deve haver atenção redobrada, pois podem precisar realizar o exame de colonoscopia precocemente", alertou.

 

Tratamentos diversos

Ao falar sobre as formas de tratamento, a especialista afirma o que tipo de câncer de intestino da artista conta com um tratamento combinado de radioterapia e quimioterapia.

"Provavelmente, não será necessário operar, porque a chance de cura nesse tipo de tumor é muito alta e, simplesmente com essa combinação, a maior parte desses pacientes não precisa da cirurgia", explicou.

Já para o tipo colorretal, Anelisa afirmou que o tratamento é baseado em cirurgia, seguido de quimioterapia, ou pode ocorrer também baseado na combinação entre radio e químio, seguida ou não de cirurgia.

"A qualquer sintoma ou sinal diferente, se notar sangramento, dor, algum caroço, algo na região anal, os pacientes devem procurar assistência, fazer o exame sem preconceitos e cumprir os protocolos recomendados de exames para a prevenção, como a colonoscopia, além da alimentação saudável e prática de atividades físicas. O tratamento existe, não é porque tem o diagnóstico que a pessoa tem uma sentença. Hoje muitos tipos de câncer, a grande maioria, ainda são passíveis de cura e quanto antes isso for procurado, melhor", concluiu.