Vixe! Nilo é abandonado e fica desolado. Rui bloqueia ex-aliado. Os prós e contras de Adolfo na vice de Neto. A estratégia de Roma. E o novo fôlego de Jerônimo e do PT

Toda quarta temos novidades da política, do mundo empresarial, jurídico e das artes pra que você entenda melhor "como a roda gira" nos bastidores

Por Osvaldo Lyra e equipe 
03/08/2022 às 08h28
  • Compartilhe
Foto: Arte/Haron Ribeiro
Foto: Arte/Haron Ribeiro

Nilo sai de cena pela vice 

Entre os apoiadores do União Brasil, e até mesmo no entorno do ex-prefeito ACM Neto, já era dada como certa a informação de que o deputado federal Marcelo Nilo (Republicanos) estava fora da disputa pela vaga de vice da oposição na Bahia, como ficou comprovado ontem após uma reunião entre a cúpula do seu partido e o ex-prefeito de Salvador. Os últimos desgastes gerados a partir da ameaça da publicação de um dossiê por governistas teriam feito o ex-presidente da Assembleia Legislativa desistir de brigar pelo posto.

Abandonado e desolado

No último domingo, inclusive, durante um evento de campanha na cidade de Souto Soares, Marcelo Nilo foi visto abatido, isolado, sentado numa escada atrás do palco, mexendo no celular, enquanto os discursos acalorados aconteciam. Outras duas pessoas que viram a cena chegaram até mesmo a dizer que Nilo já teria se arrependido "amargamente" de ter rompido com o PT para apoiar o candidato do União Brasil, na expectativa de ocupar uma vaga na chapa majoritária. Falava-se que ele teria fechado as portas com os ex-aliados e ficado sem espaço entre os novos parceiros, da oposição. 

Deputado Marcelo Nilo durante agenda de ACM Neto em Souto Soares

Momento se assemelha à derrota de ACM 

O detalhe é que o evento de Souto Soares era de lideranças ligadas ao próprio Marcelo Nilo. Quem presenciou a cena lamentou ver o deputado naquele isolamento político, chegando a comparar a imagem do domingo à fatídica foto do ex-senador Antônio Carlos Magalhães desolado, após a derrota de Paulo Souto para Jaques Wagner, há quase 16 anos. 

ACM após a derrota de Paulo Souto para Wagner

Contato bloqueado 

Uma informação chegada à Coluna Vixe deu conta ainda que o governador Rui Costa teria bloqueado Marcelo Nilo no telefone e no WhatsApp. Segundo alguns interlocutores do PT, Rui teria se chateado com os ataques desferidos por Nilo logo após o rompimento com os ex-aliados. Ele teria sido muito agressivo nas críticas aos governos petistas, inclusive a seu ex-aliado e amigo Jaques Wagner.

Marcelo Nilo e Rui Costa

Alternativa é se tornar secretário 

Agora, fora da chapa majoritária e sem articulações políticas que lhe permitam disputar a reeleição do mandato de deputado federal em Brasília, há quem diga que só restaria a Nilo a aposentadoria política ou assumir algum cargo no primeiro escalão de um eventual governo ACM Neto. 

Prós e contras de Adolfo na vice

A possibilidade de o deputado federal Adolfo Viana, presidente do PSDB da Bahia, ocupar a vaga de vice de ACM Neto é rodeada de muitos prós e contras. No partido, o que se diz é que uma eventual ida do dirigente tucano para a chapa majoritária causaria problemas sérios à sigla. Isso porque Adolfo é o único deputado federal do PSDB hoje e, portanto, com chances reais de garantir a reeleição. Sem ele, o partido corre o risco de não ter um representante baiano na Câmara Federal, já que, de acordo com a federação formada entre tucanos e o Cidadania, a vereadora Cris Correia disputa uma vaga com o suplente de deputado Joceval Rodrigues. 

Deputado Adolfo Viana

Aliados tentaram queimar Adolfo 

Além dessa avaliação interna no PSDB, sobre a troca do mandato de federal pela vice, o que se comentou no entorno do partido é que Adolfo Viana surfou como possibilidade real na última sexta, mas atores da política próximos a ACM Neto teriam conseguido demovê-lo da ideia de ter o tucano na vice. Isso tudo por Viana não ser "controlável" pelo grupo, por ter vida própria e se constituir como uma liderança do partido nacionalmente. 

Estratégia passaria por Léo e Bruno 

O que se comentava ontem era que a entrada de Adolfo na vice dificultaria operações políticas do futuro. Explico: Uma vez eleito, Neto tentaria a reeleição em 2026. Na sua chapa, ao invés de Viana, teria o atual prefeito de Salvador, Bruno Reis, que deixaria o comando da capital baiana com o atual deputado Léo Prates, o próximo na linha sucessória do grupo. Léo se tornaria prefeito em 2026, caso fosse eleito vice em Salvador, em 2024, para Bruno seguir como vice de Neto, que deixaria o governo com o aliado em 2030, para tentar um mandato de senador em Brasília. 

Bruno Reis e Leo Prates

Política e a arte da futurologia 

Mas, como na política é sempre arriscado fazer projeções tão longevas, com base na futurologia, só Deus e o tempo dirão, de fato, onde cada ator político estará nos próximos anos. Até porque, Bruno queria mesmo disputar o Senado, mas pode ser alçado à condição de vice, para garantir uma transição segura dentro do próprio grupo. 

A estratégia de Roma na disputa

Há quem diga que o tom beligerante do ex-ministro João Roma contra o ex-prefeito ACM Neto estaria fazendo parte de uma ampla estratégia de desgastar o ex-aliado. Segundo informações que circularam ontem no Centro Administrativo da Bahia, Roma poderia se juntar à estratégia do PT para sangrar o principal adversário da disputa. Todo esforço do ex-ministro estaria sendo concentrado agora para eleger a esposa Roberta Roma deputada federal e garantir um mandato em Brasília.

João Roma

Vitória no 1º turno de Neto 

No grupo liderado pelo União Brasil o sentimento é que só uma hecatombe pode tirar a vitória de ACM Neto já no primeiro turno. Ninguém arrisca o coro do "já ganhou", mas vê as demonstrações de apoio nos quatro cantos da Bahia como um indicativo de que as pesquisas estão certas e que o ex-prefeito de Salvador pode liquidar a disputa já no dia 2 de outubro. No grupo, o que se diz é que Lula deve vencer bem no estado, com Neto vencendo o governo e Otto garantindo o Senado. Alguns deputados ouvidos pela coluna dizem que Cacá Leão pode crescer e superar o antigo aliado do PSD. Mas esse cenário é ainda difícil, sobretudo devido a eleição para a senatoria ter apenas um turno. 

ACM Neto

A injeção de ânimo em Jerônimo e no PT 

A convenção do Partido dos Trabalhadores no último sábado encheu de ânimo os apoiadores do candidato Jerônimo Rodrigues. Pelos cálculos mais reais, cerca de 20 mil pessoas de diversas regiões da Bahia teriam participado do evento, no Parque de Exposições de Salvador. Esse número é bem acima do divulgado pelos próprios petistas, de que teriam sido 50 mil pessoas. Pelo sim e pelo não, o que se tem de extrato da convenção é que as lideranças, comandadas pelo governador Rui Costa e pelo senador Jaques Wagner, estariam convictas de que a força da máquina do governo, aliada à força do ex-presidente Lula, ajudaria no crescimento do candidato petista, levando a disputa para o segundo turno.

Jerônimo Rodrigues

Vitória no 1º turno?

Uns mais otimistas, como o coordenador-geral da campanha, o ex-secretário Luiz Caetano, diz que a vitória pode se consolidar já no primeiro turno. O detalhe é que diferente das eleições passadas, o PT não tinha o peso e os desgastes de estar comandando os destinos da Bahia pelos últimos 16 anos. Segundo Caetano, o principal desafio para a campanha petista agora é "organizar, planejar, se preparar e ir para cima" e garantir a vitória de Jerônimo.

Luiz Caetano 

O melhor time político da Bahia 

"Política se faz com o povo, em cada canto da Bahia e do Brasil, para garantir Jerônimo no primeiro turno e Lula no primeiro turno. Nós somos o melhor time político da Bahia e temos um técnico, um comandante, que se chama Luiz Inácio Lula da Silva, e aqui na Bahia, temos Jerônimo, Wagner, Otto e Rui, que são os nossos comandantes", afirmou Caetano, admitindo que sua chegada na coordenação da campanha "agregou valor" ao trabalho que já estava sendo feito.

Chapa do PT com Rui Costa na Convenção

Tinta da caneta esvaziando 

Com a tinta da caneta prestes a esvaziar, o governador Rui Costa não estaria numa melhor fase com seu antecessor Jaques Wagner. Pelo que se comenta na seara governista, o clima não estaria bom e eles e até mesmo teriam deixado de se falar. Wagner estaria creditando a Rui a trapalhada para a formação da chapa majoritária, que levou o PP a romper com o grupo para marchar com ACM Neto. 

Jaques Wagner e Rui Costa

Convênios a ver navios 

Além disso, o senador Wagner teria ficado uma arara pela não concretização dos convênios do governo com as prefeituras, o que acabou gerando mais desgastes na base, levando vários prefeitos a mudarem de lado e fazerem a famosa "portabilidade". Pelo que se comenta, o clima está tão tenso que justificaria o destempero do governador no último sábado, ao ter disparado, em seu discurso na convenção, uma notícia falsa sobre o adversário ACM Neto. 

Jaques Wagner

As alternativas de Rui 

A pergunta que muitos faziam na última semana na Assembleia Legislativa era qual seria o destino do atual governador a partir de janeiro, quando deixar o governo. Caso Lula vença, ele pode ser alçado à condição de ministro. Caso não, ficará dois anos longe dos holofotes, na expectativa de se viabilizar como candidato a prefeito em 2024. Já outra corrente do PT diz que Rui não disputará o comando do Palácio Thomé de Souza na próxima eleição municipal, por ele ser uma das poucas alternativas do partido para uma eventual sucessão de Lula. 

Governador Rui Costa

Pelegrini na Serin 

Criticada na governadoria e entre apoiadores do governo estadual pela forma "pouco amistosa" com que trata auxiliares e aliados políticos, a chefe de gabinete da Secretaria de Relações Institucionais, Elisia Pelegrini, foi cautelosa ao avaliar a possibilidade de ser efetivada como titular da pasta que era comandada pelo ex-deputado Luiz Caetano. Cotada para assumir o posto, ela disse que a escolha do governador Rui Costa será tomada como base no que for "melhor para a estrutura de governo".

Elisia Pelegrini

Marca e padrão de relacionamento 

"O trabalho na Serin há 16 anos tem uma marca e um padrão de relacionamento do governador Rui Costa e do ex-governador Jaques Wagner". De acordo com ela, o que Rui apontar como nome para a secretaria, "será o melhor para a estrutura do governo". Chefe de gabinete da pasta, ela deve ficar como interina até a transição ser concluída. Pelegrini disse ainda que nessa fase de campanha, "o padrão de relacionamento da Serin é muito mais exigido, para se separar o que é campanha do que é governo". "Por isso, temos que ter esse padrão, esse conceito do que é se relacionar institucionalmente e politicamente, sem estar pesando para partidos e sim para o que coletivamente o Estado e a população requer", disse.