Pneumologista alerta: obesidade é principal fator de risco para apneia do sono

Convidada deste episódio do Podcast do Portal M!, Mônica Medrado observa que o ronco é um dos sintomas mais comuns do distúrbio

Por Bruno Brito
24/07/2022 às 08h20
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Foto: Divulgação
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Embora os distúrbios do sono ainda seja um fenômeno recente, estima-se que existam mais de 80 tipos do problema, com destaque para a apneia obstrutiva, insônia, sonambulismo e bruxismo. Diante deste cenário recente, muitas pessoas acabam por não saber, que um problema comum, como a obesidade, é um fator importante para o desenvolvimento da apneia obstrutiva do sono.

Esse foi um dos assuntos abordados neste episódio do Podcast do Portal M!, que teve como convidada a pneumologista com atuação em Medicina do Sono, Mônica Medrado. Ela realiza atendimento especializado na clínica AMO e é coordenadora medica do laboratório do sono do Centro Especializado em Pneumologia e Medicina do Sono (CEPS).

Segundo a especialista, ao falar da apneia obstrutiva do sono, temos como principal fator de risco a obesidade. "Porque quando ganhamos peso, esse tecido gorduroso se acumula na região do pescoço, e nas paredes laterais da faringe. Então esse acúmulo de tecido gorduroso leva ao estreitamento da via aérea, facilitando eventos de apneia", explica.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os distúrbios do sono afetam 40% dos brasileiros e 45% da população mundial. Já a apneia do sono é caracterizada por pausas respiratórias com duração mínima de 10 segundos. 

Outro fator de risco para a apneia obstrutiva do sono, que é apenas um dos tipos de distúrbios do sono, temos a idade avançada. "A proporção que envelhecemos, sobretudo, a partir dos 45 anos, aumenta muito a chance, principalmente no sexo masculino. Os homens tem maior chance de desenvolver a apneia. No entanto, quando as mulheres entram na menopausa, em que elas perdem a proteção hormonal, elas passam a ter um risco semelhante ao dos homens", aponta.

A pneumologista aponta ainda, que o risco se estende à crianças com hipertrofia de adenoide e indivíduos com alterações craniofaciais. Segundo ela, estima-se que uma em cada três pessoas tenha apneia do sono.

Ronco

Uma das principais manifestações clínicas de quem possui a apneia obstrutiva crônica é o ronco. No entanto, Mônica ressalta que, embora todo paciente com apneia apresente o ronco, nem todo roncador possui a apneia obstrutiva do sono. Por isso, ela ressalta a importância de um diagnóstico e tratamento correto. 

"É uma manifestação clínica, um sintoma, que é percebido pelo paciente ou por seu acompanhante de quarto. O ronco traduz o estreitamento da via aérea superior, e o paciente que apresenta é importante que seja submetido a uma avaliação clínica, na pesquisa de um distúrbio do sono muito prevalente, que é a apneia obstrutiva do sono".

Por sua vez, se o paciente que possui ronco, foi avaliado e diagnosticado com apneia obstrutiva, ela afirma que é importante avaliar qual a gravidade do problema, se é leve, moderada ou acentuada, sobretudo porque existem riscos.

"Pacientes com apneia do sono grave ou moderada, não tratados, tem risco aumentado para doenças cardiovasculares, metabólicas, alterações neurocognitivas, hipertensão, AVC, infarto agudo do miocárdio, comprometimento de memoria, então está associado a vários eventos que pode ser prevenido com o diagnostico e tratamento", observa.

Tipos de distúrbios do sono

De acordo com a especialista, a classificação internacional de Medicina do Sono, especialidade médica oficializada no Brasil em 2011, classificou os distúrbios do sono em grandes grupos: distúrbios respiratórios do sono, transtorno crônico de insônia, além dos distúrbios de movimento do sono, como o bruxismo, distúrbios de movimentos periódicos de perna e as hipersonias.

"Quando vamos ao transtorno crônico de insônia, as mulheres são mais acometidas do que homens, a faixa etária mais avançada, pacientes com distúrbios psiquiátricos. Então a depender do distúrbio, existem indivíduos com risco aumentado para desenvolver a patologia", ressalta.

Confira o podcast na íntegra: