Vixe! Secretários podem deixar o governo para socorrer Jerônimo. A expectativa de Neto pelo horário eleitoral. E o fator Roma e o desejo bolsonarista de derrotar o PT

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Por Osvaldo Lyra e equipe
13/07/2022 às 08h15
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Foto: Arte/Haron Ribeiro
Foto: Arte/Haron Ribeiro

Neto e o desejo de mudança 
Os políticos que têm acompanhado o pré-candidato do União Brasil, ACM Neto, nas visitas pelo interior têm mostrado bastante otimismo com a aceitação do postulante ao Palácio de Ondina. O entendimento de deputados do grupo é que há uma consolidação no desejo de mudança da população, conforme as pesquisas de opinião. Nos pontos mais longínquos da Bahia, o que se diz é que ACM Neto "tem se consolidado como o nome capaz de realizar as mudanças e os avanços que os baianos precisam", como disseram à coluna um deputado do PSDB e outro do União Brasil. 

Secretários podem socorrer Jerônimo
Difícil tem sido, na avaliação dos oposicionistas, o pré-candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, empolgar a própria militância. O que se fala no entorno de ACM Neto é que o crescimento dos ataques à sua candidatura se dá, justamente, pela constatação de que o postulante petista não avança, não empolga. Tanto que começou a crescer nos últimos dias a especulação de que os secretários Luiz Caetano (Relações Institucionais), André Curvello (Comunicação) e Marcus Cavalcanti (Infraestrutura) poderiam sair do governo para encorpar o núcleo da campanha petista. André, inclusive, já havia sido cogitado para atuar na campanha, mas optou por ficar no governo. 

André Curvello

A articulação do articulador 
Caetano estaria sendo cotado para assumir, inclusive, a coordenação da campanha petista na Bahia. Nome indicado pelo senador Jaques Wagner para a articulação política do governo Rui Costa, o ex-prefeito de Camaçari seria deslocado para auxiliar na campanha majoritária, já que a própria cúpula petista teria demonstrado insatisfação com os rumos tomados até agora. Pelo que se fala na base governista, o assunto ainda estaria em análise. O prazo e a forma de como a transição seria feita também estariam sendo debatidos pelos petistas e pelo núcleo duro do governo. 

Luiz Caetano

Os primeiros 15 dias do horário eleitoral 
Os apoiadores de ACM Neto dizem que só tem um fator que pode modificar o cenário que se desenha até agora para a eleição: o horário eleitoral gratuito no rádio e na tevê. O entendimento no núcleo é que os primeiros 15 dias da propaganda eleitoral serão fundamentais para consolidar o nome de Neto no primeiro turno ou para permitir a reação e crescimento da candidatura de Jerônimo. "Resta saber como o núcleo de campanha petista conduzirá os programas de rádio e televisão. Como esse é um cenário imprevisível, pode acontecer uma reação do PT ou a confirmação do cenário atual, de vantagem do candidato do União Brasil", pregou um ex-aliado do petismo no estado. 

ACM Neto

Fato novo na campanha 
O argumento é que para ter uma mudança radical no cenário teria que acontecer algum fato novo, que justificasse essa alteração. E, como até a campanha, o principal espaço de exposição está no rádio e na TV, todas as fichas são apostadas nos programas eleitorais, já que os números das pesquisas mostram que o ex-presidente Lula não tem mais a avaliação positiva que já teve um dia, nem os convênios do governo do estado, como vinha acontecendo, poderão mais ser utilizados como moeda de troca, por conta do período legal. 

Lula

Campanha sem ataques?
Como o ex-prefeito ACM Neto tem, segundo as pesquisas, mais votos no estado hoje que o ex-presidente Lula, o que se comenta na base é que o petista terá que fazer a campanha de Jerônimo sem bater diretamente em Neto, devido ao fato de os petistas saberem que precisarão dos votos casados de Neto-Lula para obter êxito no projeto nacional do partido. Basta analisar como foi a última passagem de Lula pelo 2 de julho: Neto não bateu em Lula e Lula não bateu em Neto. Ou seja, uma neutralidade que agradou a ambos os núcleos de campanha e desagradou ao petismo baiano, que manteve o discurso único de alinhamento para viabilizar seu candidato ao governo. A mesma coisa acontece com relação ao presidente Bolsonaro, que não bateu em Neto e não apanhou dele na Bahia. É a lei da conveniência eleitoral. 

ACM Neto e Lula

O fator Roma na disputa
Parte dos apoiadores da campanha de ACM Neto é enfática ao afirmar que não deverá ter segundo turno para o governo da Bahia. Nesse entendimento, o ex-ministro João Roma não conseguirá ter o êxito esperado e não deverá crescer a ponto de levar a disputa ao 2º turno. "Por mais que Bolsonaro chegue a 30%, Roma não passa dos 10% a 15%", asseverou um ex-aliado do grupo. A justificativa é que o voto-útil contra o PT, que move os bolsonaristas, tende a ir todo para ACM Neto e não para Roma.

João Roma

A meta do bolsonarista é derrotar o PT 
Na verdade, esse foi o mesmo movimento que aconteceu com Geraldo Alckmin na última  campanha presidencial. Ele tinha apoio de 11 partidos e, mesmo assim, ficou com 4% dos votos, já que o eleitor viu em Bolsonaro a única forma de vencer o petismo no país. O argumento é que o eleitorado de Bolsonaro é contra o PT e não necessariamente a favor do seu ex-ministro da Cidadania. "O bolsonarista radical, que é movido pelo ódio, vai fechar os olhos, tapar o nariz e voltar em ACM Neto para derrotar o Partido dos Trabalhadores na Bahia", completou outro parlamentar ouvido pela coluna. 

Jair Bolsonaro

De volta ao jogo
Pelo visto, o deputado federal Marcelo Nilo voltou ao jogo, com possibilidade de assumir a vaga de vice do ex-prefeito ACM Neto. A movimentação nos últimos dias, de deputados defendendo o nome do ex-presidente da Assembleia, passou a crescer como não vinha mais acontecendo. O entendimento é que Nilo não agrega mais tanto valor à chapa, mas já teria agregado, quando rompeu com o governo do PT para abraçar a candidatura do União Brasil.  

Marcelo Nilo

A força da mulher na chapa
As pesquisas qualitativas contratadas recentemente pela campanha de ACM Neto reforçaram a importância de ter uma mulher na chapa majoritária. No topo das apostas está a vereadora de Serrinha, Edylene Ferreira, do Republicanos. 

Edylene Ferreira

As bombas da oposição 
A pergunta, inclusive, é como ACM Neto fará para desarmar a bomba chamada Marcelo Nilo, caso ele não seja o escolhido, já que existe outra bomba para Neto desativar, que é do ex-prefeito de Feira, José Ronaldo, que insiste na briga pela vaga de vice. E isso, mesmo ele sendo do União Brasil, o que dificulta a acomodação da base. 

José Ronaldo

Banho de água fria
Pesquisas contratadas pelo núcleo de campanha do PT têm jogado um verdadeiro balde de água fria na militância do partido. O fato de o pré-candidato Jerônimo Rodrigues não avançar nas pesquisas e não empolgar nos discursos, tem contaminado a base, dificultando a vida de quem vai brigar por uma vaga de deputado estadual e ou federal. Inclusive, na militância, há quem alimente ainda o "desejo remoto" de ver Wagner ressurgir como candidato ao governo na disputa. 

Jerônimo Rodrigues

Erro na estratégia 
Dois observadores experientes da política baiana disseram ontem que o deputado federal João Roma erra ao se colocar como a terceira via na disputa para governo do estado. Ele deveria se apresentar como a via principal, do presidente da República, tendo Jerônimo como a segunda via, por ser apoiado por Lula, e Neto, que não tem palanque nacional definido, seria a terceira via. Estaria deslocado no jogo, passando a ser o principal nome da disputa. 

João Roma e Jair Bolsonaro

Injeção de ânimo 

Numa animada roda de conversa, no último PGP - programa de governo participativo de Cajazeiras - o que se comentava era que o vice, Geraldo Júnior, estava agradando mais a população e as lideranças do que o candidato petista. O que se falava, inclusive, era que a chegada de Geraldo tinha servido para injetar ânimo na combalida campanha de Jerônimo, que caiu de paraquedas e ainda tem dificuldade de se colocar como o postulante do grupo. "Não foi preparado para o posto, como Wagner queria que Rui fizesse com ele no governo", disparou um aliado do PT. 

A conta não fecha na proporcional 
A conta não fecha. Pelo otimismo de muitos pré-candidatos a deputado estadual e federal na Bahia, precisaríamos de 200 cadeiras para deputado na Assembleia e 100 para a Câmara Federal em Brasília, tamanho o número de postulantes que arrotam estar eleitos antes do pleito. Só esquecem que eleição ganha é eleição com urna aberta.