Raymundo Paraná condena uso indiscriminado de medicamentos e diz que prática pode desencadear doença hepática

Convidado do Podcast do Portal M!, hepatologista também alerta que consumo elevado de álcool aumenta risco de danos ao fígado

Por Bruna Ferraz e Bruno Brito
10/07/2022 às 14h56
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Foto: Divulgação
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As hepatites são infecções que atingem o fígado, podendo ocasionar alterações leves, moderadas ou graves. A doença pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, aburso de álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. 

Neste episódio do Podcast do Portal M!, o médico assessor da Câmara Técnica em Hepatites Virais da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e do Ministério da Saúde, o hepatologista Raymundo Paraná, aponta que a automedicação pode sim provocar doença hepática.

"A automedicação um problema no Brasil, porque as pessoas se automedicam sobretudo com anti-inflamatórios e analgésicos, e eles têm potencial de toxicidade no fígado", explica.

Diretor do Hospital Aliança/Rede D'Or, Paraná também alerta para práticas na internet, que alardeiam o uso de medicamentos para perda de peso, ou de hormônios, indicados por médicos que vão "mudando de especialidade" sem nenhum programa de formação ou base cientifica.

"São pessoas com o domínio da linguagem da rede social para passar fake news e vender ilusões e ganhar dinheiro. Eles utilizam as redes sociais para alardear benefícios de pseudotratamentos e submetem pacientes a fórmulas com diversas substâncias, muitas com alarme de toxicidade, mas que são usadas no Brasil. Outros utilizam medicamentos prescritos para diabetes, e que induzem perda de peso, com efeito adverso, utilizam em doses elevadas, sem que existam estudos em longo prazo que avaliem o seu malefício", critica.

Segundo o hepatologista, essa é uma prática arriscada, que pode também ocasionar diversos problemas, a exemplo da doença hepática.

"Outros utilizam hormônio em doses absurdamente elevadas, sem explicar o que o paciente vai sofrer, e estarão entregando sua saúde. Vão ficar com corpo bonito, mas vão padecer de doença hepática, doença vascular, risco de AVC e risco de morte súbita quase cinco vezes maior. É uma prática abusiva, muito comum no Brasil, e não existe fiscalização para coibir essas práticas modistas, extremamente rentáveis para quem vende e prescreve, mas nociva para quem se submete", ressalta.

 

Maus hábitos

Neste episódio do Podcast do Portal M!, o especialista falou ainda sobre os maus hábitos que podem também desencadear a doença hepática. Entre eles, estão a obesidade, a elevação do colesterol, o sedentarismo, o sexo inseguro, a falta de vacinação e o consumo elevado de bebida alcoolica. Segundo Paraná, 25% dos brasileiros consomem álcool fora da faixa de moderação, o que significa que ficam suscetíveis para desenvolver a doença hepática.

"Quando não se tem doença hepática, o nível seguro é 40g por dia, que significa um litro de cerveja, que tem 55g de álcool. Então, uma garrafa já é o limite para esse indivíduo diariamente, e se for pela semana toda, sete garrafas de cerveja. Se for uísque, 100ml ou duas doses já está em 43g de álcool. Não deve passar de 40g por dia ou 280g ao final da semana. Não há razão para se achar protegido por estar tomando cerveja e não bebida quente", ressalta.

Por sua vez, quando o paciente já tem doença hepática, o especialista observa que o consumo de álcool deve ser zero. "Quando não existe, o consumo não deve ser encorajado, mas não há razoes para se proibir o paciente de consumir moderadamente", explica.

 

Confira o podcast na íntegra: