Oncologista afirma que desenvolvimento de vacina contra o câncer "ainda é algo distante"

Rodrigo Guedes, convidado do Podcast do M!, diz que origem multifatorial da doença atrapalha estudos para produção de imunizante 

Por Bruno Brito
21/05/2022 às 16h00
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Foto: Foto/Divulgação
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A possibilidade do surgimento de uma vacina eficaz contra todos os tipos de câncer foi um dos temas deste episódio do Postcast do Portal M!, que traz como convidado o oncologista do Hospital Aliança e coordenador do serviço de Oncologia D'Or Bahia, Rodrigo Guedes. Segundo ele, o desenvolvimento de uma vacina para este fim ainda é algo distante. 

O especialista explica que o fato de a doença ter origem multifatorial, e não ser consequência de um agente específico, dificulta o processo.

A preocupação é justificável. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa é que em cada ano do triênio 2020-2022, apareçam 650 mil novos casos de câncer no Brasil.

No mesmo período, a expectativa é que o país registre em torno de 41 mil novos casos de câncer colorretal, 30 mil de tumores de pulmão, 21 mil de câncer gástrico e 11 mil notificações de leucemia, das quais a leucemia linfoide crônica responderá por cerca de um quarto.

"A vacina ainda é algo distante, [mas há] o uso da imunoterapia, por exemplo, que funciona como uma potencialização do sistema imune contra o tumor. A diferença dela para a vacina é que ela funciona com o tumor já estabelecido, enquanto a vacina seria uma prevenção a um tumor que não se estabeleceu ainda, então é algo muito distante", explica o médico.

De acordo com Rodrigo Guedes, embora exista muito material em circulação dizendo que já existe vacina e que há esperança, ainda é uma realidade distante. "Infelizmente, ainda não temos uma vacina para o câncer", reitera.

Mas o especialista reforçou que, atualmente, existem diversos tratamentos oncológicos que podem oferecer o aumento da expectativa de vida. Apesar dos avanços em outras frente e da adoção de outros tipos de abordagem terapêutica, a quimioterapia contoinua sendo muito utilizada.

"São medicamentos que atuam na divisão celular de forma inespecífica, atuando nas cancerígenas e não cancerígenas, mas elas preferencialmente atacam as cancerígenas, porque elas se dividem de forma mais aceleradas, então são mais afetadas", aponta.

No entanto, Rodrigo Guedes também lembrou dos efeitos colaterais relacionados à químio, como enjoo, vômito, aumento do risco de infecções, baixa de imunidade e perda de cabelos.

O médico explica que, com o avançar da tecnologia, surgiram novas possibilidades de tratamento, como a imunoterapia - medicações que não agem diretamente na doença, mas sim nas células de defesa do organismo, potencializando-os a atacar o tumor. "Tem cerca de dez anos no mercado e vem revolucionando o tratamento de diversos tipos de câncer, como pulmão e rim", afirmou.

Ele também citou a terapia-alvo, que é uma medicação inteligente que atinge, especificamente, uma região da célula cancerígena. "Ou seja, é desenhada de forma específica para uma alteração celular. Temos diversos avanços com essa terapia, com várias indicações, principalmente para o câncer de mama e câncer de pulmão, entre outros", explicou.

Já a hormonioterapia, segundo o especialista, é usada principalmente em casos de câncer de mama e próstata, com medicações que inibem a interação dos hormônios com a célula tumoral. "Sabemos que muitos tipos de câncer são alimentados pelos hormônios, e existem medicações que fazem o bloqueio dos hormônios para esses tipos de tumores", disse.

De acordo com o oncologista, com essas novas terapias e a tradicional químio, já foi possível experimentar "um avanço imensurável no tratamento dos diversos tipos de câncer, com aumento da expectativa de vida".

 

Confira a íntegra do podcast: