Vixe! Republicanos e tucanos brigam pela vice de ACM Neto. Nilo não é prioridade para o partido. E mais: três deputados de olho na Assembleia

Toda quarta temos novidades da política, do mundo empresarial, jurídico e das artes pra que você entenda melhor "como a roda gira" nos bastidores

Por Osvaldo Lyra e equipe
06/04/2022 às 08h06
  • Compartilhe
Foto: Arte/Haron Ribeiro
Foto: Arte/Haron Ribeiro

Republicanos cobra vaga na majoritária

Pelo que se comenta no Republicanos da Bahia, a vaga de vice-governador na chapa do ex-prefeito ACM Neto já estaria certa para o partido. Na sigla, ligada à Igreja Universal do Reino de Deus, o entendimento é que a vaga do Senado, incialmente negociada com os Republicanos, teve que ser cedida para o vice-governador João Leão, após ele romper com o PT. Com isso, automaticamente, a vice ficaria com os integrantes da sigla. Pelo visto, o partido acredita que só falta agora definir quem ocupará o posto na majoritária, se será o presidente bispo Marcio Marinho ou o deputado federal Marcelo Nilo.

Nilo não é prioridade 

Nos últimos dias, em entrevista ao Portal M! e à rádio Nova Brasil FM, o dirigente do Republicanos reafirmou que não havia o compromisso de que a vaga seria ocupada pelo deputado Marcelo Nilo. Com a desistência de Félix Mendonça Júnior e do prefeito João Gualberto, o caminho parece ter ficado mais livre para que Marinho possa realizar seu sonho de disputar na majoritária. Resta saber agora quando o ex-prefeito ACM Neto anunciará seu companheiro (ou companheira) de chapa. 

Márcio Marinho

Partido abriu mão do Senado para Leão 

E o detalhe é que essa mudança da indicação da vaga do Senado para a vice teria sido negociada pelo próprio Neto com presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, e o dirigente do partido na Bahia, Márcio Marinho. A definição teria cabido ao próprio Marinho, que acabou cedendo a vaga do Senado para o bonitão João Leão. Agora, os Republicanos cobram o cumprimento do acordo.  

João Leão

Nilo já diz que é vice 

O mais engraçado dessa historia toda é que Nilo já diz para seus correligionários e amigos que é o vice da chapa de oposição na Bahia. Ele mesmo tem ligado para prefeitos e feito o meio de campo para fortalecer o próprio nome. Quem não está gostando nada são os partidos aliados. "Já era, é Nilo o vice, já foi fechado, só falta anunciar", diz um apoiador do parlamentar.

Marcelo Nilo

Descontentamento da base 

A entrada do presidente estadual do PSDB, Adolfo Viana, no rol de possibilidades para ocupar a vaga de vice do ex-prefeito ACM Neto, trouxe à tona o descontentamento da base pela possível indicação do deputado Marcelo Nilo para o posto. Jovem e bem articulado, Adolfo teve o nome defendido por vários tucanos de toda a Bahia. O entendimento no tucanato é que, com a desistência do prefeito de Mata de São João, João  Gualberto, que não se desincompatibilizou do cargo, o partido não pode perder essa briga para Nilo, já que eles estão há 15 anos ajudando o ex-democrata a "carregar o piano pesado na oposição". Eles dizem que não seria justo perder a briga para o novo integrante do grupo, já que Nilo não pode chegar agora e querer sentar "no melhor do avião".

Adolfo Viana

Adolfo pode abrir mão para outro tucano 

Na verdade, o movimento não é personificado em Adolfo Viana. Pessoas próximas ao dirigente do PSDB baiano dizem que ele admite a possibilidade de abrir mão da indicação para outro quadro do partido, caso os critérios para a definição do vice indiquem a necessidade, por exemplo, de Neto ter uma mulher negra na chapa, o que levaria ao nome da vereadora de Salvador, Cris Correia. Adolfo admitiria, inclusive, ceder a vaga para outro parlamentar da sigla, como os deputados Tiago Correia ou Paulo Câmara.  

Cris Correia

Tucanos querem ser contemplados

O entendimento é que a vinda do PP, do PDT, do Podemos e de Nilo é que é bom e fortalece a candidatura de ACM Neto ao governo. Mas eles não podem abrir mão de entrar na briga pelo protagonismo na vice. Os tucanos não planejam transformar essa disputa num "cavalo de batalha", pois esse não é o perfil do partido, mas querem ser contemplados e ouvidos nessa disputa. "E, se não gritar, o partido não tem o peso e destaque que merece", como enfatizou um tucano experiente da Bahia.

Erro político se manter longe de Bolsonaro?

Tem pessoas próximas ao candidato ACM Neto que consideram ser um erro político dele a manutenção do distanciamento do ex-ministro João Roma, seu ex-aliado. "É um erro político estarem rompidos ou sem perspectiva de uma reaproximação", como completou um integrante da base netista na Bahia. O entendimento do ex-prefeito é que uma aproximação com o presidente Jair Bolsonaro já no primeiro turno retiraria votos e ameaçaria seu favoritismo na disputa.

Jair Bolsonaro

De olho nos votos dos bolsonaristas

A decisão de se manter distante do inquilino do Palácio do Planalto está incluída na estratégia de Neto não fechar acordo com nenhum candidato à Presidência da República na primeira fase do pleito. O dirigente do União Brasil espera receber os votos de Bolsonaro num eventual segundo turno, sem precisar se reconectar com Roma, já que o eleitor que voltar em Bolsonaro dificilmente votará no PT na próxima fase da disputa. O temor desse mesmo aliado é que num eventual segundo turno Neto perca para a força de Lula, que fará de tudo para empurrar seu ainda desconhecido candidato Jerônimo Rodrigues. A conferir.

ACM Neto

Três deputados de olho na Assembleia

Ninguém fala abertamente ainda sobre o assunto, mas a possibilidade de o ex-prefeito ACM Neto se eleger governador na eleição de outubro já abriu o olho  dos deputados sobre quem comandará a Assembléia Legislativa a partir de 2023. Sabemos que primeiro os atuais deputados tem que garantir as próprias reeleições, mas, apesar disso, três nomes despontam como favoritos para essa disputa. Além do atual líder da oposição Sandro Regis (UB), dois nomes correm por fora e podem se viabilizar. São os deputados Tiago Correia (PSDB) e Alan Sanches (UB). Para obter êxito, os parlamentares terão que começar a construir esse processo desde já, nos bastidores, na tentativa de ver os próprios nomes vingarem. 

Tiago Correia

Neto sentiu a saída de Geraldo

A saída do presidente da Câmara de Salvador, vereador Geraldo Júnior (MDB), da base do ex-prefeito ACM Neto (UB), pegou todo mundo de surpresa e causou um grande estrago na ala oposicionista na Bahia. O distanciamento do emedebista foi revelado pelo próprio ACM Neto, que confidenciou a pessoas próximas o sentimento de perda de um amigo. Apesar de ter se abalado com o rompimento, dizem que Neto já estaria refeito do susto.

Geraldo Júnior

Sem a menor cerimônia 

Na política, muitas vezes se pisa em areia movediça, e haja equilíbrio para não ser tragado pela lama. Mas tem político que dá sinais de exageros. É o caso do prefeito de Vera Cruz, Marcus Marques (MDB), que nesta terça-feira (5) hipotecou apoio ao pré-candidato Jerônimo Rodrigues (PT), ao governo baiano. Em uma rápida olhada em seu Instagram, nota-se que Marques se equilibra entre os azuis, vermelhos e verdes, sem a menor cerimônia. 

Marcus Marques

Vela para todos os santos

Um dia tira foto abraçado a ACM Neto (UB), tecendo loas ao ex-prefeito de Salvador, noutro momento o rapapé vai para o ex-ministro da Cidadania, João Roma, e, por último, mas não menos importante, o afago vai para Rui Costa. O prefeito de Vera Cruz é o que podemos chamar de desbloqueado, ou seja, faz jogo triplo sem a menor cerimônia. 

Prefeito de Vera Cruz com ACM Neto, João Roma e Rui Costa

Prefeito da base de Rui recebe Neto e Leão 

Marcos Paulo, prefeito do PDT de Piatã, na Chapada Diamantina, assinou ordem de serviço para o início das obras de pavimentação de estrada entre a sede do município ao distrito de Inúbia. Essa atividade marcou a primeira viagem do ex-prefeito de Salvador e pré-candidato ao governo, ACM Neto (UB), junto com o vice-governador João Leão (PP). Eles foram recebidos pelo gestor pedetista, que é da base política de Rui Costa.  A obra tem recursos de emenda do deputado federal Paulo Azi (UB-BA). Será que essa Rui perdeu?

ACM Neto e João Leão em Piatã

Desconhecido mas com a força da máquina

Desconhecido do grande público, o candidato do PT ao governo do estado, Jerônimo Rodrigues, tenta a todo custo de apegar na popularidade do ex-presidente Lula na Bahia e na força da máquina administrativa do governo Rui Costa. Os petistas, da cúpula à militância, se enchem de esperança com a possibilidade de ver o ex-titular da pasta da Educação deslanchar e ameaçar os planos do ex-prefeito ACM Neto de romper o ciclo do PT, que já dura 15 anos na Bahia. Se vai conseguir, só Deus, o tempo e o eleitorado dirão. A conferir.

Jerônimo Rodrigues