Vixe! Mudanças de discurso e contradições. Um MDB super valorizado. O PDT fica com Neto. E o caminho possível do desconhecido Jerônimo

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Por Osvaldo Lyra e equipe
23/03/2022 às 08h48
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Foto: Arte/Haron RIbeiro
Foto: Arte/Haron RIbeiro

Mudanças de discurso e contradições

Vamos começar a coluna Vixe desta semana fazendo uma avaliação sobre algumas contradições surgidas com o rompimento do Partido Progressistas com o PT e a adesão do vice-governador João Leão ao grupo do candidato do União Brasil, ACM Neto. No meio desse impasse, chama a atenção a mudança nos discursos de ambos os lados que disputam o comando do Palácio de Ondina. 

A velha política 

Se você pegar algumas falas de Neto, por exemplo, vai perceber a tentativa de emplacar o argumento de que a chapa do PT, prevista no ano passado, era formada de anciãos, ou seja, de políticos mais velhos (na idade) e mais experimentados, pois a previsão naquele momento era que fosse composta pelo senador Jaques Wagner, pelo vice-governador Joao Leão e pelo senador Otto Alencar. O argumento não era só pela idade deles, mas por representarem a velha forma de fazer política pelo PT, que está há quase 16 anos no poder na Bahia. 

Vice-governador João Leão 

Rompimento e mudança de discurso 

No entanto, o jogo virou e Leão, aos seus 76 anos, rompeu com os petistas e anunciou apoio à chapa de "Netinho", como o "Bonitão" garganteou na semana passada. Os próprios aliados do ex-prefeito de Salvador dizem que  Leão representa a experiência (idade elevada), a aproximação com o bolsonarismo e  com o Centrão, "provocando uma incontinência verbal que pode desagregar mais do que somar ao grupo", como argumentou um aliado do União Brasil. 

Novos aliados: João Leão e ACM Neto

Nilo e a velha política 

Aliado a isso, some o deputado federal Marcelo Nilo, que rompeu com o PT e alimenta o desejo agora de disputar a vaga de vice do postulante do União Brasil. Nilo representa a velha política e, quanto a isso, não há o que se discutir. Detalhe: ele, que deixou o PSB, quer que Neto lhe garanta a última vaga da majoritária, disputada pelos aliados tradicionais do PSDB, MDB, PDT e Republicanos. 

Marcelo Nilo

O consenso da base 

Nessa queda de braço, Neto diz não ter compromisso com o veterano nem com nenhum partido e que a própria base terá que ter maturidade para chegar a um consenso para poder indicar o nome. Ele tem falado que não serão privilegiados desejos pessoais ou relações de amizades, mas sim a harmonia dos aliados. 

ACM Neto

Educação e política 

Outra contradição apontada nas falas de Neto diz respeito a não escolha de secretários de Educação através de indicações políticas. Seu primeiro auxiliar na área foi o deputado federal Bacelar, que era secretário de João Henrique, e foi aproveitado pelo então democrata e depois rompeu e migrou para a base do PT. E agora, o titular do atual prefeito Bruno Reis, sucessor de Neto, é o ex-prefeito de Mata de São João, Marcelo Oliveira, indicado pelo ex-deputado João Gualberto. Ou seja, indicações políticas. 

Marcelo Oliveira

Um MDB super valorizado 

Quem parece ter se valorizado muito nesse processo foi o MDB, dos irmãos Lúcio e Geddel Vieira Lima. Enquanto uma parte dos integrantes do bloco de oposição diz que o apoio do atual vice-governador João Leão engrossa o pescoço do ex-prefeito ACM Neto, o deixa mais perto da vitória e com menos disposição para dialogar com os atuais aliados, outra corrente de apoiadores aponta para o aumento do passe dos emedebistas, que mantém o diálogo aberto com os principais nomes da disputa, seja Neto, João Roma ou o petista Jerônimo Rodrigues. E mais, não há uma data prevista para essa definição acontecer. 

Lúcio Vieira Lima

Passe mais valorizado do que nunca 

Explico. Como o PP trocou o PT pelo União Brasil, o MBD passou a ser cortejado com mais força pelos aliados do governo estadual. Isso porque os petistas sabem da importância de engrossar o coro da candidatura de Jerônimo Rodrigues, injetando tempo de propaganda no rádio e na televisão, além de emprestar a força de prefeitos, vereadores e lideranças de várias partes da Bahia. O detalhe é que o partido, que até pouco tempo era escamoteado pela classe política, passou a ver seu passe ser mais valorizado mais do que nunca. 

Geddel Vieira Lima

O contra-ataque do governo 

Segundo informações chegadas à coluna Vixe, o governador Rui Costa teria confidenciado que o partido dos irmãos Vieira Lima seria estratégico num arrojado contra-ataque do Palácio de Ondina. Quem chega perto de Geddel e de Lúcio entende que eles empurrarão ao máximo a definição sobre que lado seguirão na próxima eleição, já que, primeiro, o governador terá que anunciar ao lado do ex-presidente Lula, no dia 31, a solução para a chapa petista. A conferir.

Lula

O PDT fica com Neto 

Questionado no grupo "Celebridades Políticas", do experiente jornalista Ramon Margiolle, sobre um possível rompimento com ACM Neto, o presidente do PDT na Bahia, Félix Mendonça Júnior, respondeu "tranquilamente e com sinceridade" que continuam na base e conversando com o candidato do União Brasil. De acordo com ele, "não existe um só motivo para que este curso seja desviado. "O espaço deixado pelo PP e as páginas do Diário Oficial não nos interessam, não somos fisiológicos, somos ideológicos, queremos compromisso sério com a educação e a tolerância zero para a criminalidade", disse Félix.


Félix Mendonça Júnior

Candidatura avulsa 

Na verdade, a declaração do dirigente do PDT tenta acalmar os ânimos na base, que estaria insatisfeita com a possibilidade dos ex-adversários Leão e Marcelo Nilo chegarem agora no grupo da oposição e "ocupar o melhor do avião". Apesar de não confirmado oficialmente, os partidos chegaram a ameaçar lançar uma candidatura avulsa, a ser encabeçada pela ex-vereadora de Salvador, Andrea Mendonça, com articulação direta do Republicanos, PDT e do PSDB. Os tucanos negam esse movimento, que não é descartado nem confirmado pelos outros partidos. 

Andrea Mendonça


Militância engajada 

Na avaliação de petistas ouvidos pela coluna, nos próximos dias o nome do desconhecido Jerônimo Rodrigues deve ser impulsionado pela militância do partido. "O grande desafio posto a um projeto político nos dias de hoje é o engajamento e a mobilização de pessoas em favor ou contra uma ideia e o PT tem uma base de seguidores que costuma promover grande engajamento", comentou, ao enfatizar que a base do partido "está com sangue no olho" para ir para as ruas pedir votos para o atual secretário de Educação. "Jerônimo empolga a militância".

Jerônimo Rodrigues

O primeiro desafio  

Na verdade, o pré-candidato do PT ao governo da Bahia deve começar a se preocupar como torna-se conhecido do grande público. Mesmo ganhando pouco mais de 6 mil seguidores desde o anúncio como nome do governo, o atual secretário é ainda uma figura pouco seguida nas redes sociais. "Onde estão os seguidores dele? Onde vivem? Do que se alimentam?", brincou um internauta, lembrando que engajamento é muito diferente do número de seguidores, que podem ser comprados e não garantem o movimento indicado para as redes sociais.