Comitê da Associação Médica Brasileira solicita anulação da portaria do governo que defende 'kit Covid'

Segundo a AMB, as recomendações do ministério são "falaciosas"

Por Redação
24/01/2022 às 22h20
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Foto: Reprodução
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O Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 da Associação Médica Brasileira (AMB) divulgou, nesta segunda-feira (24), uma nota repúdio na qual pede a anulação da portaria do Ministério da Saúde que rejeitou diretrizes da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias ao Sistema Único de Saúde (Conitec) a respeito do "kit Covid".

A Conitec se manifestou contra o uso de medicamentos do kit, como a hidroxicloroquina, para tratamento de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) com Covid-19.

De acordo com o comitê da AMB, os argumentos apresentados na portaria assinada pelo secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Hélio Angotti Neto, para não acolher as recomendações da Conitec "não têm a menor sustentação científica" e são "pontuações falaciosas".

Entre as medidas sugeridas pela comissão de aconselhamento do ministério estavam a não utilização de remédios como a cloroquina, a azitromicina, a ivermectina e outros sem eficácia para tratar a doença - tanto em ambulatórios (casos leves) como em hospitais, quando o paciente está internado.

Como fundamento para a decisão, o Ministério da Saúde apresentou uma nota técnica na qual afirmava que vacinas não têm evidências de segurança e efetividade.

O entendimento é contrário ao adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e de agências reguladoras do setor, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Na avaliação do comitê, ao questionar as vacinas, a portaria "vai além em termos de completo desalinhamento científico".

"Em uma tabela desastrosa tenta induzir erroneamente o entendimento que Hidroxicloroquina/Cloroquina (HCQ/CQC) tem comprovação de eficácia e é segura, e incrivelmente desacredita as vacinas contra Covid rotulando como sem efetividade e com dúvidas sobre a segurança", afirma a nota.

"Ao contrário do que diz a portaria da SCTIE/MS, no atual momento em janeiro de 2022 não há mais debate ou dúvidas científicas sobre a não eficácia de Hidroxicloroquina/Cloroquina (HCQ/CQC) e Ivermectina entre outras drogas em termos de benefícios clínicos à pacientes com Covid-19", ressalta a nota, acrescentando que "nenhuma sociedade médica brasileira ou instituição pública nacional ou internacional" recomenda o uso das medicações do chamado "kit Covid".

 

* Com informações do Portal G1.

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