Vixe! Quem pesa mais: Nilo ou o MDB? O contra-ataque do PT. E mais, o namoro de ACM Neto com o PP está de volta?

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Por Osvaldo Lyra e equipe
12/01/2022 às 07h11
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Foto: Arte: Haron Ribeiro
Foto: Arte: Haron Ribeiro

Quem pesa mais: Nilo ou o MDB?

Causou o maior alvoroço no meio político a informação de que o namoro dos democratas com o deputado federal Marcelo Nilo, que estaria ensaiando romper com o PT e apoiar a candidatura de ACM Neto ao governo, serviria para demonstrar que o grupo liderado pelo senador Jaques Wagner e pelo governador Rui Costa não é mais tão interessante como em outrora, se configurando como "o início da debandada" dos aliados do petismo na Bahia. No entanto, alguns observadores da cena local entraram em contato com a coluna pra lembrar que, diferente do que pregam, a ida de Nilo para os braços do DEM pode ser facilmente engolida por um contra-ataque bem planejado pelos petistas e seus aliados.  

Lucio Vieira Lima
O antídoto ideal
 
Até porque, a notícia do namoro de Nilo e ACM Neto teria efeito pontual, se levarmos em consideração que o atual deputado do PSB tem menos musculatura que os emedebistas, por exemplo, que podem abandonar o barco de Neto e reingressar na seara petista. O MBD, de Lúcio e Geddel Vieira Lima, tem um verdadeiro exército, com capilaridade em todo o estado, além de agregar tempo de radio e TV na chapa do PT. O que se fala no entorno do Palácio de Ondina é que o governador Rui Costa e o senador Jaques Wagner já estariam com o contragolpe esquematizado, com direito a espaços na engrenagem pública atual e a negociação de muitos cargos no eventual novo governo petista. 

Jutahy Magalhães Júnior e Marcelo Nilo
Aconselhamento necessário 
 
Com a dificuldade de se reeleger deputado federal pelo PSB, já que o deputado disputa espaço com a presidente do partido na Bahia, Lidice da Mata, Nilo estaria forçando a entrada no bloco oposicionista, supervalorizando seu passe, sobretudo, diante da relação de amizade que sempre manteve com o senador Jaques Wagner. Essa semana, sentou, inclusive, para jantar com seu também amigo Jutahy Magalhães Júnior, provavelmente, para se aconselhar com o velho aliado. O encontro foi devidamente registrado nas redes sociais de ambos. Há quem diga que Nilo já  teria sentado com outros caciques do grupo, como o prefeito Bruno Reis. 
 

Geddel Vieira Lima
 
Preso, porém na ativa 
 
Quem pensa que os irmãos Vieira Lima estão mortos politicamente está muito enganado. Lúcio, o ex-deputado, continua como uma das principais lideranças do MDB na Bahia, que é comandado oficialmente pelo presidente Alessandro Futuca. No entanto, apesar de encalacrado com a Justiça, o "gordinho gente boa" continua à frente das principais tratativas políticas do partido no estado. Assim como ele, quem está vivíssimo da Silva é o seu irmão, Geddel, que mesmo em prisão domiciliar, devido ao episódio do bunker com R$51 milhões, apreendidos em dinheiro vivo pela Polícia Federal, continua atuando na seara política na Bahia.
 

Geddel Vieira Lima e Jaques Wagner
Reuniões às escondidas  
 
Informações chegadas à coluna Vixe dão conta de que o ex-ministro já recebeu algumas vezes em sua residência, onde cumpre prisão domiciliar, o pré-candidato do PT ao governo, o senador Jaques Wagner, e o pré-candidato do DEM-UB, ACM Neto, para rodas de conversa e negociação. O fato causa estranheza pois, se lembrarmos da eleição passada, os emedebistas eram considerados "leprosos" na política, a ponto de políticos (com e sem mandato) terem pulado do barco do MDB, com medo de terem as imagens desgastadas pela proximidade com o clã Vieira Lima. 

Marcos Vinicius - prefeito Vera Cruz 
Opções para a vice
 
Voltando a falar do peso do MDB e do exército de prefeitos, vices, vereadores em toda a Bahia, caso o partido fique do lado do ex-prefeito ACM Neto, brigará para ter espaço na chapa majoritária, provavelmente, na vice. Além do presidente da Câmara de Salvador, Geraldo Júnior, os emedebistas disponibilizam nomes como dos prefeitos de Vera Cruz, Marcos Vinicius, e de Itapetinga, Rodrigo Hagge, ambos jovens, com gestões reeleitas e bem avaliadas nas suas respectivas cidades.

ACM Neto

Faltam grupos, falta musculatura
 
No entendimento de integrantes de partidos oposicionistas, que hoje negociam espaço com ACM Neto, faltam partidos de peso e grupos políticos que sejam capazes de embalar a candidatura do DEM. Isso, diferente da chapa do PT, que tem o grupo político encabeçado pelo PP de João Leão, o PSD de Otto Alencar, e ainda dos partidos de esquerda que também formam uma frente política importante na Bahia. Do lado de Neto, alguns aliados dizem que ele detém a primazia do comando sobre o grupo e que a falta de musculatura nos partidos do seu entorno o deixa mais fragilizado para a disputa. É como se tudo dependesse exclusivamente dele. "E, quando acontecem problemas, como o de 2018, em que ele desistiu de entrar na disputa ao governo, fragiliza e quebra a perna de todos que o seguem", como disse ontem uma liderança "ressabiada" com o modus operandi de ACM Neto. 

Jair Bolsonaro 

Baixas são esperadas
 
Apesar de estarem hoje na base do DEM, tem partidos que estão de olho em alternativas para a próxima campanha. A saída do PL do arco de alianças, após a filiação de Jair Bolsonaro, e a possível candidatura de João Roma pelo Republicanos, fizeram algumas lideranças incrédulas começarem a se movimentar para "o além muros". Nessa conta, colocam como fora do "baba" de Neto ainda o PTB e o PV - que pode formar uma Federação Partidária com o PT e siglas esquerdistas. Ou seja, quatro partidos que são estratégicos e podem fazer toda a diferença na disputa.
 
Alan Sanches 

Tem que combinar com o povo
 
Apesar do pragmatismo e da leitura política, o deputado estadual Alan Sanches diz que é necessário combinar o jogo com o eleitor. Apesar do cenário pessimista apontado por alguns "aliados", ele é enfático ao afirmar que "quando o eleitor quer, não tem jogada política que sustente travessuras. E o povo quer mudança na Bahia. Chega do PT. Rui Costa fez um governo mediano, bem avaliado em algumas áreas, mas ele não tentará a reeleição pela segunda vez. E, com todo o respeito, o senador Jaques  Wagner não é Rui. Portanto, antes de fazer essas conjecturas, os líderes políticos têm que ouvir o povo, que está cansado dos 16 anos do petismo na Bahia. Chega daquela máxima de que, para os amigos do Rei tudo, para os inimigos a forca", disparou o deputado, que é vice-líder da oposição na Assembleia é um ferrenho defensor da candidatura de ACM Neto. A conferir.
 
Cacá Leão 

Namoro com o PP de volta?
 
Muito já foi especulado sobre a possibilidade de o Partido Progressistas se desgarrar do PT na Bahia e marchar ao lado do ex-prefeito ACM Neto, do DEM-UB. Após as insistentes negativas dos caciques do grupo, mais uma vez o assunto volta à tona, após um movimento dos bastidores para levar o deputado federal Cacá Leão à vaga do Senado de Neto. Quem viu recentemente movimentações nesse sentido tratou de colocar na conta do deputado Marcelo Nilo essa articulação, que poderia render uma chapa com Neto ao governo, Nilo na vice e Cacá no Senado. Pode até parecer difícil, mas já política, nada é impossível. 
 
Ciro Gomes

Ciro subiu no telhado 
 
A dificuldade do pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, pontuar nas pesquisas na casa dos dois dígitos, fez com que alguns observadores da cena política da Bahia começassem a apostar que ele possa ser convidado a desistir da disputa ao Palácio do Planalto. Um dirigente partidário ouvido pela coluna enfatizou que o crescimento do ex-presidente Lula e o pragmatismo com que joga o presidente nacional pedetista, Carlos Lupi, não deixaria margem de dúvida de que Ciro poderá ser rifado, em prol da construção de uma candidatura forte das esquerdas. Apesar do desejo do pré-candidato pedetista, sabemos que até a eleição tudo pode acontecer. Inclusive, nada, já que Lupi pode estar negociando, inclusive, espaço num eventual ministério petista. Essa estratégia pode soar de forma estranha a seus ouvidos agora, mas pode acontecer num futuro próximo. A conferir. 
 
Rui Costa

Inimigo do entretenimento
 
Responsável por quase 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país), o segmento de eventos tem demonstrado insatisfação com a forma que o governador Rui Costa (PT) vem tratando o setor na Bahia. Dois empresários do entretenimento, em contato com a coluna, expuseram o desagrado com a falta de diálogo do chefe do executivo estadual com o trade. "Eu tenho vergonha, como empresário, de dizer que um setor representativo como este não é recebido pelo governador. Estamos tentando marcar uma audiência há um ano e meio e não conseguimos. Eu estive pessoalmente com o vice-governador, com deputados da base e secretários pedindo para o governador nos atender para conversar. Mas não fomos atendidos. Ele só conversa com quem quer", relatou um deles. 
 
Redução do público 
 
Um dos segmentos mais prejudicados pela pandemia da Covid-19, o setor do entretenimento não recebeu muito bem a última decisão do governador Rui Costa de diminuir o público em eventos de 5 para 3 mil pessoas. Segundo outro empresário ouvido pela coluna Vixe, a decisão, além de não ter sido discutida com o setor, inviabiliza qualquer organização de eventos para os próximos dias. "Feliz daquele que tem gordura para queimar, pois nós empobrecemos. Como é que retorna nesse momento para fazer um evento mediante a essa incerteza? Não tem condição. O decreto tem validade de 15 dias. Qual a segurança que vamos ter que ele não vai prorrogar? Nenhuma. Olha, eu votei nele, mas vou fazer campanha contra", afirmou o empresário, demonstrando total insatisfação com o governador. 
 
Dois pesos e duas medidas
 
Na visão dos dois empresários, há dois pesos e duas medidas na forma com que o governador trata as festas com público na Bahia. Um deles citou o futebol como um dos eventos em que o governador mais mostra flexibilidade. "A população, infelizmente, está contra a gente. Porque eles [governo] ficam dizendo que a gente só pensa no lucro. Mas no futebol o governador não falou nada. Mais de 35 mil pessoas na Arena Fonte Nova até dias atrás e ele ficou quieto", disse, revoltado, para emendar: "sem contar na lotação que vemos todos os dias nos ônibus e no transporte público da cidade".
 
Sérgio Moro na Paraíba 

Moro tenta furar a bolha
 
O ex-juiz e pré-candidato a presidente da República, Sergio Moro, iniciou na última semana sua incursão pelo Nordeste, pelo estado da Paraíba. Principal reduto de Lula, a região será bastante visitada este ano pelo ex-juiz que tenta furar a bolha petista. "Para alguém que viria ao Estado para um punhado de compromissos com a imprensa e uma festa de aniversário, ele rendeu muitas manchetes", avaliou um apoiador local. 
 
Propostas sobre medida 
 
Como antecipamos semanas atrás, Moro vem afirmando que irá apresentar propostas 'sob medida' para os graves problemas da região, a mais desigual do país. Nem João Pessoa, no entanto, ele fez um discurso mais conceitual, buscando se aproximar do eleitorado evangélico. "A forma de falar está mais fluida e compreensível. E quanto ao conteúdo, ele soube se apresentar como um candidato conservador, defensor da família tradicional, da religião, contra a corrupção e sintonizado com interesses liberais: em prol de privatizações, pelo fim da estabilidade no serviço público", avaliou o mesmo apoiador.

Moro
Moro & União Brasil
 
A movimentação de Moro pelo Nordeste também é vista como uma maneira de aproximação com dirigentes do União Brasil. O futuro partido, que será criado com a fusão do DEM e PSL, tem como seus principais dirigentes Luciano Bivar e ACM Neto, que são do Nordeste. Informações dão conta de que o União Brasil só definirá o apoio a Sérgio Moro após a janela partidária, em abril. Isso, caso esse apoio venha a ser efetivamente formalizado. Além de esperar para ver a performance dos candidatos da terceira via, a legenda quer focar na montagem de candidaturas a governos estaduais e ao Congresso, considerados prioritários para o partido.