Vixe! Ano termina sem o candidato do governo, a pressão de Leão, ACM Neto em campanha e Roma e a 3ª via

Toda quarta temos novidades da política, do empresariado e da cultura pra que você entenda melhor "como a roda gira" nos bastidores

Por Osvaldo Lyra e equipe
29/12/2021 às 08h34
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Foto: Arte: Haron Ribeiro
Foto: Arte: Haron Ribeiro

A retrospectiva dos bastidores 

A última coluna Vixe! do ano tem um ar de retrospectiva sobre o que vivemos na política em 2021, mas também lança um olhar sobre o que poderá acontecer em 2022. Analisando por partes a situação dos principais pré-candidatos ao governo baiano, vimos o então deputado federal João Roma, do Republicanos, se desgarrar do seu antigo mentor político, ACM Neto, e abraçar o bolsonarismo, ao se tornar ministro da Cidadania. Comandando uma pasta que detém um orçamento bilionário, desde fevereiro, Roma circulou pelos quatro cantos da Bahia na tentativa de construir o seu próprio espólio político.

Bolsonaro e João Roma
Terceira via na Bahia
 
Apesar de ainda não ter sua candidatura ao Governo do Estado sacramentada, existe a expectativa de que Roma se torne o candidato que defenderá o legado do presidente Jair Bolsonaro (PL) no estado. A depender do desempenho nas urnas, o ministro poderá ser responsável, inclusive, por levar a disputa ao governo baiano para o segundo turno. A essa altura do campeonato, não é possível saber ainda qual o real peso político do titular da pasta da Cidadania, muito menos qual será a capacidade de transferência de votos que o presidente da República terá sobre seu auxiliar. A aposta de muitos políticos é que Roma termine a primeira fase do pleito com uma votação entre 10% e 15%, se constituindo como uma terceira via real na Bahia.

ACM Neto

A crescente onda por mudança
 
O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, saiu na frente na disputa para o governo do estado, que acontecerá em 2022. Liderando as pesquisas de intenção de votos divulgadas até agora, Neto lançou sua candidatura numa mega festa no Centro de Convenções, que reuniu na capital quase 10 mil pessoas de toda a Bahia. O pre-candidato queria mostrar peso político e pelo visto conseguiu. O que os democratas e seus aliados dizem é que hoje se vê, nos quatro cantos do estado, o crescimento de uma onda por mudança após os quase 16 anos do PT no poder. 
 
Adesões em massa 
 
Até meados de março, deverão ser preparados eventos de campanha para anunciar apoios de aliados do governo do PT ao projeto do democrata. São prefeitos, vices, deputados estaduais e federais, além de lideranças de todo o estado, muitas delas, emblemáticas pelo apoio hipotecado até agora aos governos petistas. Além desse sentimento de mudança, propagado pelos aliados do DEM, conta a favor de ACM Neto, o fato de ele ser uma liderança constituída, com elevada capacidade gerencial e detentor de um espólio político de causar inveja a muito veterano. 

João Leão e Jaques Wagner
Indefinição no governo e a pressão de Leão
 
Enquanto João Roma se movimenta através das ações do governo federal e ACM Neto percorre os quatro cantos do estado na construção de sua candidatura, na base do governo Rui Costa ainda impera a dúvida sobre quem será, de fato, o candidato ao governo no próximo ano. O senador Jaques Wagner é apontado como o candidato do grupo, apesar da pressão ainda exercida pelo vice-governador João Leão, do PP. O "bonitão" chegou a dizer, na última semana, que poderá lançar candidatura contra Wagner e o PT, caso ele seja preterido pelo grupo. A ideia de Leão é juntar as pontas num eventual segundo turno. 

Otto Alencar 
Otto tentará a reeleição
 
O senador Otto Alencar (PSD), por sua vez, deverá ser confirmado como candidato à reeleição ao Senado. Para ter João Leão na chapa majoritária, Otto deveria ser alçado à condição de candidato a vice, o que ele não quer. O próprio parlamentar já fez questão de externar isso recentemente, apesar de afirmar que não será empecilho para manter a unidade da base. Inclusive, entre os partidos que integram o arco de apoio do PT, o sentimento é que a definição sobre o candidato do grupo deverá ser anunciado até o final de janeiro. Os governistas dizem que o fato de ACM Neto já ter colocado o seu time na rua facilita para o democrata e dificulta para os aliados do petismo.

Jaques Wagner 

Duas estratégias, um só resultado
 
Quando você conversa com aliados dos candidatos ACM Neto e Jaques Wagner, ouve a defesa intransigente sobre a estratégia que cada um vai usar até a próxima eleição. Conta a favor de Wagner o fato de ser aliado do ex-presidente Lula, até agora, o favorito em todas as pesquisas eleitorais. Enquanto os petistas apostam que o "galego" será embalado pela disputa nacional, os democratas dizem que o eleitor baiano amadureceu o suficiente para escolher Lula como presidente da República e Neto como governador do estado, como tem sinalizado as pesquisas locais sobre 2022.

Rui Costa 

O peso dos 15 anos no poder
 
A favor de Wagner conta positivamente ainda o fato de governo Rui Costa ser bem avaliado. Na outra ponta, presa negativamente os quase 16 anos no Partido dos Trabalhadores à frente do governo da Bahia. Com os cenários colocados, dependerá agora de cada candidato e dos seus núcleos de campanha trabalhar para convencer o eleitor. Até porque, um favorito só vence a eleição depois que sao computados os votos válidos nas urnas. Ou seja, até outubro do próximo ano tudo pode acontecer. 
 
Cláudio Tinoco

O Derba e as chuvas
 
Num debate acalorado no grupo de WhatsApp "Celebridades Políticas", capitaneado pelo experiente jornalista Ramon Margiolle, do site Informe Baiano, os apoiadores do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, partiram para o embate com o deputado estadual Alex Lima, do PSB, que é um defensor ferrenho do governador Rui Costa. Num dado momento da discussão sobre as atuações dos líderes políticos nas enchentes que atingem várias regiões da Bahia, o vereador de Salvador, Claudio Tinoco, questionou a extinção do Derba e a falta de estrutura do Estado para fazer desvios ou reconstruir estradas. "Acabaram com o Derba e hoje não possuem nem uma patrulha própria para fazer um desvio ou reconstruir as estradas. O deputado poderia perguntar ao governador como estão os contratos de manutenção das estradas que vão vencer em abril. Será que vão aproveitar a calamidade para fazer contratos emergenciais?", questionou o vereador do DEM.

Ministros em visita à Bahia
Ajuda tímida
 
Durante a visita ontem de quatro ministros do governo Bolsonaro à Bahia, o Planalto anunciou que vai liberar R$ 80 milhões para atender as cidades do Sul da Bahia afetadas pelas chuvas. A Medida Provisória que libera a verba foi publicada no Diário Oficial da União. O recurso será para atender primeiro às necessidades urgentes das pessoas que estão desalojadas, desabrigadas ou mesmo que já tem algum agravamento da saúde.
 
O trabalho consola 
 
Pré-candidato do PT ao governo da Bahia, o senador Jaques Wagner disse ontem esperar que as ações prometidas pelos ministros se concretizem. Para ele, os auxiliares do presidente Bolsonaro externaram solidariedade, "mas isso é insuficiente". "Suficiente é a combinação de esforços dos governos federal, estadual e municipais para recuperar as estradas e moradias perdidas", escreveu em seu Twitter. Para Wagner, as palavras consolam, mas é o trabalho que resgata a cidadania. 
 
União das autoridades 
 
O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que é pré-candidato ao governo do Estado, divulgou nas redes sociais um vídeo se solidarizando com as vítimas das chuvas e enchentes que têm atingido a Bahia. Em um primeiro momento, o democrata falou que as cenas vistas nos últimos dias são tristes, de partir o coração. Além disso, o ex-gestor municipal ressalta que é preciso união de todas autoridades, de todo poder público "pra chegar junto e dar toda assistência a essas famílias, assegurando que possam ter suas vidas preservadas".
 
Toda ajuda é bem vinda 
 
Após críticas de opositores, ACM Neto projeta o futuro a partir da esperança de reconstrução. O ex-prefeito de Salvador ressalta que toda ajuda é bem-vinda no momento. "Todos extremamente sensibilizados, com o coração mobilizado, para ajudar quem mais precisa e, realmente, cada um pode fazer um pouquinho e esse pouquinho pode significar muito. Fica aqui nossa palavra de esperança, convicção que todos possamos dar as mãos para ajudar essas pessoas e, é claro, para garantir que elas tenham condições de refazer os seus sonhos e reconstruir as suas famílias", explicou.